segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Jogos de tabuleiro para desenvolver competências nos profissionais de saúde

 Todas as civilizações têm os seus jogos e desde tenra idade que uma imensidão de jogos nos fascinam e desempenham um papel importantíssimo na nossa aprendizagem e desenvolvimento. Continuamos a jogar pela vida fora, mas a perceção tende a mudar. Apesar disso o nosso cérebro mantém-se plástico ao longo da vida, pelo que nunca deixamos de aprender, mesmo em idades mais avançadas. 

Os jogos geram experiências e estéticas que nos fascinam e emocionam. Transportam-nos para espaços imaginados onde tudo pode ser experimentado e testado. Logo os jogos são arenas de teste, mas diferentes das brincadeiras, pois essas não têm de ser estruturadas, não de ter regras definidas nem objetivos para alcançar. 

Todas estas características dos jogos permitem que sejam utilizados, mantendo a diversão, em contextos sérios. Através deles podemos treinar competências, melhorar as que temos e desenvolver até novas, num ambiente seguro, pois nos jogos a perda não tem consequências negativas. Nos jogos aprendemos perdendo simbolicamente, aprendemos errando e testando novas formas de abordar os desafios que nos são apresentados. 

Mas existem muitos jogos, de todos os tipos e com características que se adequam mais a certos contextos de aprendizagem e treino que a outros. O caso dos jogos analógicos, na sua maioria jogos de tabuleiro, porque se jogam sobre uma superfície, existem vantagens únicas. São naturalmente mais colaborativos, pois necessitam do envolvimento ativo dos jogadores para funcionarem. São mais transparentes nas suas mecânicas, permitindo adaptações com facilidade. Ao serem assim flexíveis, são excelentes para aplicar a contextos e objetivos particulares. Por serem necessariamente presenciais, vivendo da materialidade dos componentes e da riqueza da interação humana, são perfeitos para desenvolver competências sociais, muitas delas associadas ao que conhecemos por soft skills, as competências ditas suaves, mas que são essenciais. 

Por isso estamos a propor um projeto inovador, nascido em Leiria, na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Leiria (ESSLEI-IPLEIRIA). Uma ideia que consiste em aproveitar os novos designs de jogos de tabuleiro modernos, aqueles que os Boardgamers de Leiria da associação Asteriscos têm utilizado nos seus múltiplos projetos educativos e sociais. Com base nisso estive a ajudar a Marlene Rosa, investigadora e professora da ESSLEI-IPLEIRIA a criar um projeto para candidatarmos às Academias de Conhecimento da Gulbenkian. Nesse projeto propomos desenvolver sessões de treino de soft skills para que os futuros profissionais de saúde possam estar ainda mais preparados para lidar com as experiências e interações humanas em contexto de trabalho. Para isso queremos ajudar a desenvolver a comunicação motivacional, escuta ativa, gestão de expetativas, gestão de conflitos e tomada de decisão, tal como o estímulo criativo, entre outras. O projecto chama-se Gym2beKind, pois no fundo pretende criar um ginásio para treinar para a simpatia e humanização através da diversão. 


Texto publicado no Diário de Leiria.


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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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