terça-feira, 5 de março de 2019

Leiria não tem as ciclovias que necessita

A bicicleta é um dos modos de transporte mais eficiente, o que significa que é um daqueles pelo qual se consegue percorrer uma grande quantidade de quilómetros a baixo custo. Para além disso, andar de bicicleta é saudável para quem a usa e não tem os impactes negativos em meio urbano que têm os automóveis para todos os restantes utilizadores. Por exemplo, não emite poluição, quer em emissões poluentes quer em ruído, e não ocupa tanto espaço em circulação nem de estacionamento. As bicicletas têm ainda outras vantagens económicas. Como Portugal é um fabricante destes veículos, com marcas próprias, o uso generalizado desta solução de transporte teria igualmente vantagens para a economia na sua globalidade, para o emprego, direto e indireto. Ao não consumirem combustíveis fósseis, para além da ausência de poluição, as bicicletas também nos garantem mais independência energética. Parecem só vantagens, mas obviamente que não é bem assim.

Dificilmente um utilizador normal de bicicleta estará disponível para fazer distâncias diárias além dos 10 km. E será ainda menos provável um número significativo de utilizadores aventurar-se na rodovia sem infraestruturas de apoio, uma vez que as nossas estradas não estão preparadas para garantir a segurança dos ciclistas, especialmente em nós rodoviários e atravessamentos. É por isso, e não só, que se fazem ciclovias e outras infraestruturas de apoio ao uso da bicicleta nas deslocações diárias. 

Mas não basta ter troços de ciclovias nas cidades. Importa, acima de tudo, criar uma rede conectada de ciclovias e prioridades para garantir a segurança dos ciclistas. Sem essas condições de segurança e comodidade os utilizadores serão residuais. Para que as bicicletas sejam verdadeiras alternativas, não basta convencer as pessoas sobre as vantagens de andar de bicicleta, é necessário criar as condições para isso. Até para os grandes declives agora há soluções de apoio elétrico.

Mesmo com todas a condições nem todas as pessoas irão adotar a bicicleta. As bicicletas podem servir uma parte significativa da população, mas não são uma solução isolada nem para todas as pessoas. Quando falamos de mobilidade e transportes temos de falar de sistemas, em que cada modo e meio de transporte tem o seu papel e lugar. É necessário dotar os sistemas de transportes de condições para os peões, para as bicicletas, para os transportes públicos e depois para os automóveis. Necessitamos de um plano multimodal, em que se conjugam os vários modos, com percursos comunicantes e em que se pode alternar de um para os outros segundo o tipo de transporte mais adequado para cada trajeto e utilizador. 

Semear ciclovias sem conexões entre si, sem infraestruturas que facilitem trajetos e evitem a insegurança dos cruzamentos e demais nós rodoviários, sem ligação a estacionamentos próprios e a transporte público, é o mesmo que dizer que não queremos dar a oportunidade para que as bicicletas desempenhem o seu papel nos sistemas de transportes e mobilidade urbana.

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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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