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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Mais um exemplo de projeto culturalmente sustentável em Leiria

A cultura tem de ser sustentável. Por isso se tenta reduzir o rácio de dinheiro investido por participante. Por outro lado, eventos de massas trazem outros benefícios, sendo facilmente associados a fatores multiplicativos. Com muitas pessoas num evento cultural é mais provável que aumentem os consumos diretos e indiretos na economia local. Também se percebe o porquê das réplicas dos eventos culturais para grandes públicos, muitas vezes indiferenciados e descontextualizados. Sabe-se que, segundo aquele modelo, há garantidamente muito público instantaneamente e um modo de poder dizer que foi um sucesso cultural. Mas será sustentável culturalmente?

Quando se fazem múltiplos eventos de massas a partir do nada, e sem um plano de continuidade ou projetos de suporte que aprofundem a dimensão cultural, a sustentabilidade pode ser difícil de garantir. Tão facilmente se mobilizam multidões como de seguida fica o deserto. Se todos fizermos o mesmo, de forma indiferenciada, e se não dermos o devido tempo de maturação para que se criem públicos ávidos de mais e melhor, o esforço pode produzir apenas a sucessos efémeros. A novidade, apesar de ser mais do mesmo, pode acontecer ali ao lado, como subitamente dali pode passar a ocorrer noutro local, feito exatamente pelas mesmas pessoas e nos mesmos moldes.

Existe um projeto que ajudei a fundar e que tem lutado por se implementar de forma sustentável em Leiria. Os Boardgamers de Leiria são hoje um projeto da Associação Asteriscos. Já passaram por várias fases de maturação e estiveram a funcionar noutros locais, instalações, associações e parcerias. O projeto pode ser replicado noutros territórios, tanto que existem grupos semelhantes de apaixonados por jogos de tabuleiro modernos que produzem atividades educativas e culturais noutras geografias, pois estes jogos são formas de inovação e de cultura passíveis de serem utilizados por todos. No entanto dificilmente se poderiam recriar exatamente os Boardgamers de Leiria, pois têm identidade própria, são fruto de anos de persistência e da criação de um público próprio, que cresce de forma sustentável ao seu próprio ritmo. Não nos pareceu sustentável começar por fazer um grande encontro de massas para um publico indiferenciado que dificilmente poderia assimilar toda esta nova vaga cultural de jogos. Em alternativa fazemos encontros todas as semanas. Já vamos quase em 200. Fazemos também encontros mensais para públicos familiares. Visitamos escolas e outras instituições, apostando na formação e divulgação baseada na experimentação na primeira pessoa.

Este caso dos Boardgamers de Leiria serve aqui apenas de exemplo, de um projeto cultural que tenta criar o seu próprio público, consolidando as atividades, para ser sustentável, sem se desvirtuar. Tenta-se aprofundar cada vez mais a variedade de conteúdos, das metodologias, das relações humanas e das aplicações com jogos. Todas as sextas-feiras, a partir das 21h30, podem aparecer gratuitamente para experimentar estes jogos na escola primária dos capuchos. Vão ficar surpreendidos.

Texto publicado no Diário de Leiria

domingo, 5 de maio de 2019

Quando o associativismo cresce contra a sua natureza

As associações e a livre organização de forma voluntária para implementar ideias e defender causas coletivas podem ser atividades de grande mérito. Quando estas são feitas de forma interessada nas causas e desinteressada nos ganhos pessoais diretos produz-se a receita para o sucesso do voluntariado e do associativismo, pelo menos durante algum tempo. Quando este modelo se aplica ganham todos, quem faz e quem beneficia do trabalho realizado. No entanto há sempre a pressão do financiamento das atividades e do poder que elas trazem a quem as dirige.

Se os projetos de voluntariado, de inovação social realizados por associações sem fins lucrativos, pretendem ter futuro têm forçosamente de procurar a sua própria sustentabilidade financeira. Há imensos custos, mesmo em regime de voluntariado. Há forçosamente custos fixos, sendo as sedes e instalações as maiores dificuldades. Por outro lado, para inovar e manter no tempo as suas atividades há que optar. Ou passam a um regime semiprofissionalizado (ou até mesmo profissionalizado) em que existem atividades e recursos humanos remunerados ou então necessitam de uma grande rotatividade de voluntários. Seja como for, garantir salários ou estar constantemente a receber, formar e preparar novos voluntários para as atividades é trabalhoso, consumidor de recursos e tempo.

Os municípios podem ajudar ao disponibilizar infraestruturas às associações, para serem utilizadas enquanto existir atividade. Assim uma das principais dificuldades fica garantida. O resto pode ser conseguido com voluntariado e projetos desenhados de forma sustentável, com receitas próprias. O recurso crítico, apesar de tudo, são as pessoas. Para que se possam envolver nos projetos há que garantir um bom ambiente humano, uma gestão interna democrática e sentido de justiça. Acima de tudo importa também que as pessoas se divirtam e sintam realizadas no que fazem, como isso evita-se a saturação.
Se as associações pretenderam enveredar por outros rumos mais profissionalizados há um perigo à espreita. O vil metal pode corromper os corações mais bondosos e as boas intenções eclipsam-se perante os dígitos das contas bancárias. As associações são incentivadas a implementarem modelos semiprofissionais, assumir a inovação social, crescer nos processos burocráticos e depender de financiamentos exigentes. Com isso arriscam desvirtuar-se: a liderança passa a ser uma forma de aceder a prestigio e dinheiro, convertendo os voluntários em mão-de-obra barata. Apesar da via profissionalizada permitir trazer dinheiro para as associações é um risco grande de destruição do poder coletivo que criou os projetos, as ideias e as boas intenções. Corre-se o risco de fulanizar e de apropriações individuais do que inicialmente era coletivo. 

Deveríamos pensar nisto. Que tipo de associações queremos ter e se realmente as queremos transformar em empresas. Será sustentável do ponto de vista associativo? Talvez não. O dinheiro é preciso, mas as pessoas são mais importantes.

Texto publicado no Diário de Leiria

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Alguns exemplos de Jogos de Tabuleiro sustentáveis para este Natal

No meu último texto comprometi-me a recomendar alguns jogos de tabuleiro modernos como possíveis prendas de natal, por serem sustentáveis. Mas queria salientar que existem muitas outras opções sustentáveis, especialmente quando optamos por ofertas não materiais. 

Apesar de tudo, os jogos de tabuleiro têm sempre algum impacte ambiental. No entanto, é muito menor que outras opções. Não gastam energia na utilização, têm baixos níveis de obsolescências, altos níveis de durabilidade e podem ser facilmente vendidos e trocados, evitando gerar resíduos depois de, eventualmente, lhes termos esgotado a jogabilidade.  Relembro também as restantes dimensões que os tornam produtos do desenvolvimento sustentável, nomeadamente a dimensão social que têm e a associação a uma nova industria criativa, tal como a promoção cultural da literacia através dos designs de qualidade. Mas o objetivo deste segundo texto passa por recomendar diretamente alguns jogos que podem ser oferecidos ou jogados neste natal, incutindo indiretamente mais sustentabilidade, e convívios mais animados nesta quadra.

Poderia recomendar centenas de jogos, mas vou referir apenas alguns exemplos, dos que são mais baratos e acessíveis, de várias editoras e que podem ser adquiridos com facilidade em Portugal e na região de Leiria. Mas se os quiserem experimentar primeiro podem sempre passar pelos encontros gratuitos dos Boardgamers de Leiria.

Dobble. Jogo em que cada carta tem um objeto em comum com todas demais cartas. O jogador que conseguir descobrir primeiro o seu objeto comum avança no jogo. Este jogo pode ser jogado por crianças a partir dos 3 anos, tal como adultos, mudando a velocidade. 

Catan. Jogo de gestão de recursos, planeamento estratégico e espacial. Os jogadores devem dominar a estatística das localizações para produção de recursos, tal como a arte da negociação, que lhes permite expandir os seus domínios sobre o território. Pode ser jogado por crianças a partir dos 8 anos, e é muito popular entre adultos. 

Dixit. Jogo de narração criativa. Os jogadores recorrem a cartas ricamente ilustradas de forma surrealista para contarem pequenas histórias. Estimula-se a comunicação de forma estratégica e criativa. Indicado para toda a família, podendo ser jogado por 12 pessoas ao mesmo tempo.

Passa o desenho. O jogo do telefone avariado, em que cadernos vão rodando pelos jogadores, criando sequencias hilariantes de palavras e desenhos. É comum chorar a rir no final de uma rodada. 

Mistacos. Jogo de empilhar cadeiras, em que se treina a destreza e um certo nível de estratégia estrutural. 

Skull
. Jogo de bluff com muita tensão, que pode ser jogado rapidamente até 6 pessoas, dada a sua simplicidade. Os jogadores jogam ocultamente peças ou tentam adivinhar por leilão as peças dos adversários, tentando evitar as caveiras.

Soldado Milhões. Jogo de cartas em que cada jogador deve gerir os seus recursos, tentando ganhar cartas de pontos em cada rodada por leilão. Todos começam com os mesmos recursos para os leilões.
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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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