domingo, 24 de abril de 2011

O budismo e as auto-estradas em Portugal

Que estranha associação esta. Pode parecer um tanto ou quanto parva, mas só o é até perceberem o que quero dizer com o título deste pequeno post. Sempre que circulo numa auto-estrada sou invadido pelo seguinte pensamento:

Nas auto-estradas os portugueses revelam-se budistas ou seguidores de um dos principais ensinamentos de Buda, pois optam invariavelmente pela via do meio, independentemente do tráfego existente...

Digam-me lá se não é verdade? Deverá a Estradas de Portugal começar a exigir, nos seus cadernos de encargos, a colocação nos separadores centrais, ou noutro sitio mais adequado, estátuas do Iluminado para atender a esta demonstração religiosa? Ou será tudo isto má condução?

Os independentes e as suas independências

Será o tendencial culto do individualismo, nesta nossa sociedade contemporânea, a razão para a qual hoje a independência chega a ser um valor em si mesma e justificação para algumas existências políticas, razão até para se ser eleito para um qualquer cargo político? Ou será mera coincidência?
Mudar de opinião é normal, especialmente se isso resultar do acumular de experiências ou outros conhecimentos novos. Só os “burros” é que não mudam quando se comprova que estão errados. Até porque em democracia dificilmente podemos aceitar outra postura.
 Agora, que dizer de quem se assume como arauto da independência, como paladino imaculado anti-partidário e depois segue pelas piores práticas que há não muito tempo criticou? Abalará isto o ideal popularista da independência política? A independência só por si de nada vale, ou não pudesse isso significar a incapacidade de assumir publicamente posições e matrizes de valores. Se essas orientações não são evidentes nem assumidas o que norteia os comportamentos e atitudes? Qual a salvaguarda de que a predisposição política não passa apenas pela ânsia de cargos ou poder, independentemente dos modos e meios como isso se consegue? Não podemos ser independentes do interesse comum!
Os movimentos de cidadãos independentes vão gozando de uma certa áurea mística, mas os seus aspectos negativos começam a transparecer e os mitos a ruir. Essas manifestações políticas, que se dizem muitas delas sem qualquer vínculo ideológico, têm um defeito considerável: a incapacidade de comprometimento. Neles não há compromissos para com valores ou ideários base, não transparece para quem vota mais que a força efémera das caras. Nesses movimentos, saindo as lideranças nada fica, ou então fica o descrédito e a frustração de quem apoio e votou e depois fica sem caras, sem respostas, sem estrutura, sem valores, sem nada. Por outro lado, nos partidos políticos, saindo as lideranças do momento, ficam sempre: o partido e a sua história - para dela se tirarem lições e ilações; e principalmente os valores ideológicos - que podem sempre ser recuperados e reabilitados.
De futuro, espero que vá caindo o mito de que a independência é a principal qualidade para se ser político em Portugal, pelo menos este tipo de independência, aquela que serve somente para concretizar fins pessoais. Mas não existirão vários níveis de se ser independente?

Na minha opinião, a nossa política nacional precisa muito de pessoas independentes, mas dentro dos partidos políticos! O país precisa de militantes independentes a pressões e a lobbys, independentes de se envolverem em esquemas de corrupção. A nação precisa de independentes do que é mau e, na mesma medida, dependentes do que é bom - integridade e transparência. Precisamos de pessoas capazes de assumir uma bandeira que não seja apenas a da sua própria cara!

Texto publicado no Diário de Leiria em 15 de Abril de 2011

domingo, 17 de abril de 2011

Uma visão pessoal sobre a participação no XVII congresso do Partido Socialista

A pedido de várias pessoas que souberam da minha participação no XVII Congresso do Partido Socialista, que decorreu nos passados dias 8,9 e 10 de Abril, em Matosinhos, venho deixar aqui algumas palavras sobre o que foi para mim esta nova experiência.
Começo por dizer que foi muito positiva a ida ao dito congresso, até porque foi a primeira vez que participei em tal evento e num encontro com tantos socialistas e de geografias tão distintas. A multidão socialista impressionou, tal como as legiões de jornalistas presentes e toda a sua parafernália de meios - na ânsia de uma boa reportagem ou filmagem. A actividade foi muita, dentro e fora do plenário.
 Mais do que um acontecimento para fazer votações, criaram-se as condições para conhecer e conversar com novos militantes, conhecer novos - ou pelo menos até então não tão conhecidos - militantes, tendências e correntes, opiniões e movimentos.

Com mais de 1700 delegados conjecturava-se um infindável rol de intervenções, e como a grande maioria dos delegados (97%) fora eleita pela lista do actual secretário geral não seria de esperar muitas vozes de divergência. Foram muitas as intervenções, umas melhores que outras. Umas mais ricas ou outras mais pobres e redundantes - mas mesmo com essas pode-se sempre aprender algo. Honestamente, e falo por mim, foi difícil ouvir com a devida atenção tantas e tantos camaradas de enfiada - a um determinado momento havia cerca de 150 inscrições! Esta incapacidade provavelmente é defeito meu, pois o que me desperta sempre mais interesse são os conteúdos e ideias e não as caras e dotes de oratória. Se soubesse à partida quais os assuntos tratados nas várias intervenções talvez fosse mais fácil redireccionar o foco e atenção, mas compreendo que isso seria de difícil execução e que até poderia, de algum modo, ser antidemocrático. Mesmo assim, preferia que tivesse sido dado prioridade à apresentação das várias moções sectoriais e só depois às intervenções em nome individual. Devido ao excesso de camaradas que queriam usar da palavra em seu nome pessoal - independentemente do seu intuito - as moções sectoriais acabaram por ficar para segundo plano... Fiquei com pena, pois era essa uma das minhas principais motivações - até porque algumas dessas moções eram muito interessantes. Espero que de futuro o modus operandi se possa readaptar no sentido de dar mais preponderâncias às moções sectoriais.

Das muitas intervenções que assisti, in loco ou via audiovisuais mais tecnológicos, destaco a da camarada Ana Gomes, pois, adoptando uma visão alargada da nossa realidade nacional, referiu aspectos positivos e negativos dos últimos anos de governação PS, salientando que devem continuar os bons exemplos e corrigir aprendendo com os maus - numa clara crítica construtiva e optimista de que é necessário melhorar sempre com humildade -, mas que, sem dúvida, o PS é a melhor opção de governação para o país. Não posso concordar mais com a nossa eurodeputada.

Na altura da votação de braço no ar posso dizer que me senti quase uma minúscula ilha num mar sereno e calmo. Apesar disso, quando a democracia reina e existe para dar variedade e diversidade de opções e ideias, o resultado é sempre enriquecedor. foi esse todo o propósito da minha participação neste processo de eleição e ida ao congresso. Prova de grande maturidade democrática foi o clima de fraternidade entre os delegados eleitos por Leiria, mesmo que nem todos tenham sido eleitos pela mesma lista. No fundo, somos todos camaradas por alguma razão - valores e matriz ideológica semelhante, tal como o no partilhar do mesmo objectivo final que é o bem comum.
 Não me posso esquecer também do convívio com os camaradas mais jovens da JS e da "Socialist Party", em que podemos lembrar que afinal de contas até era fim de semana e havia um sábado à noite pelo meio dos trabalhos.

Em suma, valeu a pena o pequeno investimentos de tempo e dinheiro que tive de fazer - pois estas coisas da política têm os seus custos - para ir a este XVII congresso nacional. Mais uma experiência, mais uma oportunidade de aprender e mais conhecer.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Novas Fronteiras e Regiões – Novas Oportunidades

As novas oportunidades surgem com as novas crises. O ressurgir do debate em torno de uma regionalização para Portugal é uma verdadeira oportunidade em tempos de crise. A necessidade de reformar e reformular fronteiras, responsabilidades, áreas de intervenção e actuação dos poderes públicos – locais e nacionais – surge agora ligada à necessidade de chegar a uma efectiva sustentabilidade para as contas públicas. Pessoalmente, acho que o propósito deveria ser mais que isso: dever-se-ia regionalizar como instrumento estratégico de planear!
 Não tenho a mínima dúvida que o país precisa de uma “Boa Regionalização”, uma que evite criar apenas mais um nível intermédio de poder vazio e uma corrida aos “tachos” por “boys” e “girls”. Defendo uma regionalização complementada por uma reforma administrativa e nova redefinição de fronteiras e jurisdições sobre o território. Algo que evite a duplicação e sobreposição de tutelas e acabe com organismos meramente decorativos. A regionalização pode permitir partilhar recursos e meios supra-municipais e acabar com alguns vazios de poder e incapacidade de intervir em áreas pontuais. Todas as anteriores possibilidades apontam no sentido da poupança e maior utilização na eficiência dos recursos - cuja a tendência de futuro é escassear. Essa referida regionalização teria também de contar com uma reformulação da maioria dos Municípios e Freguesias, fundindo muitos deles se necessário. Há muito que as razões do primeiro quartel do século XIX - aquelas que levaram à criação de muitas das actuais fronteiras - perderam-se e alteraram-se com o tempo. Basta imaginar que na altura o principal meio de transporte era o cavalo e o carro de bois, e que as populações eram esmagadoramente rurais. Quanto à economia e níveis culturais e educacionais também muito mudou.

Regionalizações, e suas polémicas, à parte, alguns municípios estão já a fazer sérios esforços para reorganizar as suas próprias fronteiras internas. Muito conhecido é o caso do Município de Lisboa e o da sua discussão sobre a viabilidade da continuidade das suas muitas freguesias. Mais cá por perto, mais concretamente no Município de Peniche, deu-se um importante passo no mesmo sentido. A Assembleia Municipal de Peniche aprovou, por unanimidade, uma proposta da bancada do PS local visando a necessidade de debater a reorganização administrativa do concelho e das suas 6 freguesias. Este é um bom exemplo por duas razões distintas: primeiro porque abre a possibilidade de realizar uma reforma; segundo, prova que é possível chegar a consensos em política, independentemente de quem faz a proposta – o PS neste caso não é poder em Peniche.
Replicar esta capacidade de concertação é imperativa e essencial para o país! O melhor interesse dos fregueses, dos munícipes, ou de qualquer outro nome ou papel que se atribua ou sirva para nomear o cidadão – que no fundo é tudo isso -, devem ser sempre o objectivo final, especialmente o da política.

(Texto publicado no Diário de Leiria em 5 de Abril de 2011)

terça-feira, 12 de abril de 2011

É uma honra sair perdedor perante um vencedor desta importância no The BOBs

Foi com alguma surpresa que vi o blogue do Movimento Anti-Corrupção ser um dos nomeados pelo The BOBs para o seu concurso internacional de blogues na categoria de "Melhor campanha de Activismo Social". Algo mesmo muito curioso pois os Media nacionais nunca tinham dado, até à data, qualquer relevância ao movimento em causa. Felizmente as ideias e mensagens do Movimento Anti-Corrupção vão começando a chegar às pessoas, formalmente através de alguns Media (semanário Sol, portal do Sapo, Região de Leria, foram alguns dos que o fizeram até ao momento deste texto) e mais informalmente através das redes sociais, blogues, e afins.

Hoje, depois de ontem terem fechado as votações e sido conhecidos os vencedores pelos utilizadores (o blogue do movimento foi o 6 mais votado em 11 blogues a concurso), foi a vez do júri do concurso revelar a sua escolha. Obviamente não esperava a vitória, até porque os concorrentes eram de peso e tinham muito mais notoriedade e relevo que o pequeno e pouco conhecido "Movimento Anti-Corrupção". O justo vencedor foi o grupo de Facebook que contribuiu para fazer a revolução ruma à implantação da democracia no Egipto. O mínimo que posso dizer é que é uma honra ser um derrotado face a tal iniciativa!

sábado, 2 de abril de 2011

Serviços de mesa e ideologia política

Sempre que estou numa festa/celebração com refeição noto no serviço de mesa e  faço um paralelismo com a política: pela esquerda se serve e pela direita se retira!

Fonte: http://blog.exploreasheville.com/

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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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