sábado, 29 de outubro de 2011

Haverá uma “Troika” que nos puxe?

Troika, Troika, Troika! O nome Troika tem sido utilizado – muitas vezes abusando dele - nas conversas de ocasião neste último ano, denotando quase um certo fascínio masoquista pelas implicações negativas, directas e indirectas, que tem e terá para nós portugueses.
Mas afinal de onde vem o termo Troika? Terá sido inventado aquando da crise das dívidas soberanas? Terá sido criado o termo propositadamente para nomear a equipa do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia? Bem, parece que não, curiosamente o termo até já tinha sido empregue em Portugal durante o famoso “Verão quente de 1975” – que o diga Otelo Saraiva de Carvalho. Mas, independentemente das instabilidades do Pós 25 de Abril, parece que a origem do termo é russa. Troika, em russo, significa a associação de três cavalos (ou outros animais de carga) a um carro (carruagem, carroça ou trenó). No fundo a palavra representa uma associação, uma composição de três entidades que se unem para colocar algo em movimento. Terá então a Troika que tem visitado Portugal sido constituída para “puxar”, numa relação com a palavra russa, Portugal da crise? Então e será positivo sair de uma crise como um “atrelado”? Que será quando os cavalos se forem embora? Dirão os pragmáticos: “interessa é sair”, nem que os cavalos vão e venham, e que o percurso se faça intermitentemente, “interessa mesmo é que isto ande”. Afirmações desta natureza até podem ser defensáveis, no entanto se forem sempre motores de fora puxar-nos um destes dias perderemos o volante – se é que não perdemos já.
Especulações à parte, poucos são os termos novos inventados do zero. O mais comum costuma ser a adaptação, reformulação e reciclagem do que já anteriormente foi inventado e criado. Haverá algo mais sustentável que aproveitar e reinventar criações alheias? Mas servirão as fórmulas “dos outros” para outras realidades [a nossa]? Ou seja, poderá o modelo externo servir para resolver os nossos problemas internos, independentemente de serem 3 ou mais a ajudar? É que sendo verdade o significado do termo russo “Troika”, e a tal composição sirva para puxar pela neve fora os trenós, falando figuradamente: não terá o modelo de propulsão económica de ser readaptado para o nosso clima mediterrânico?
Esperemos que à Troika dos 3 se junte a força dos 4, com um novo elemento constituído pela energia dos portugueses para se salvarem a si próprios, pelo seu esforço, trabalho e mérito com um projecto adaptado às dificuldades da nossa realidade. Mesmo que todos os 4 tentem puxar e pôr a nossa economia a andar, terá este Governo a capacidade de nos conduzir? Vendo o caminho recente por onde nos tem levado, sempre à beira do princípio, esperemos que a viagem não acabe numa grande queda – uma queda abrupta do nosso poder de compra e qualidade de vida, que nos parece cada vez mais evitável devido às evitáveis decisões políticas recentes.

(Texto publicado no Diário de Leiria em 25 de Outubro de 2011)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Candidaturas a coisas políticas – candidatura à JS da concelhia de Leiria

A vida é feita de experiências, e, das muitas que vamos tendo, serão tanto mais úteis aquelas das quais mais consigamos aprender e crescer - a todos os níveis. 
Logótipo da candidatura em causa
Uma das mais recentes experiências que vivi (e que ainda estou a viver) relacionou-se com o abraçar e encabeçar de uma candidatura à concelhia da juventude partidária a que pertenço. As razões pelas quais me disponibilizei para este novo papel foram várias, justificações que se podem ler directamente ou indirectamente nas palavras que registarei de seguida. Provavelmente, uma das principais razões surgiu da vontade em continuar e aprofundar muito mais as actividades que tenho desenvolvido como membro activo, que sempre me esforcei para ser  – embora nem sempre tão consequente como gostaria –, em conjunto com as companheiras e companheiros que se têm envolvido e dedicado tempo à causa política na estrutura em causa. Dos anos de militância foi-me possível aprender e crescer politicamente com os bons e maus exemplos, com os projectos bem e mal sucedidos e as condutas sérias e menos sérias. Tornei-me militante num partido a que se associo a ideologia com que me identifico, e vi esse acto de aderir como o início de uma aprendizagem política, enquanto ciência e prática, de onde aproveitaria a participação para aprender com os camaradas mais velhos e experimentes. Mas a principal aprendizagem, apesar de tudo, deu-se ao nível da sociabilização e da dinâmica de grupos, do conviver e construir em grupo com pessoas diferentes – experiências, idades, formações, valores, modos de estar, cultura, etc. Da aprendizagem de grupo posso dizer que aprendi também bastante sobre política, pois a política na prática e a prática politica não se faz isoladamente – o próprio conceito de política relaciona-se com as antigas Polis gregas enquanto sociedades e grupos de cidadãos conscientes da necessidade de se governarem em grupo.
 Voltando ao presente. Após um período de reflexão, sabendo que as eleições internas da concelhia da “jota” em causa, decidi que teria de tentar ser útil, desta vez de um novo modo e num papel que nunca tive – sempre me preocupei mais com as ideias que com as lideranças e relações de poder. Para tal disponibilizei-me para ser o primeiro subscritor de um projecto político. Recuso-me a utilizar a palavra liderar, pois o cargo em causa é de coordenação, que pressupõe - na minha opinião- o incentivo ao grupo, para que os seus próprios elementos sejam os seus próprios responsáveis e tenham liberdade de aproveitarem e concretizarem todo o seu potencial e valor, em prol das causas maiores que todos nós – o bem comum.
Dos meus anos de militância (cerca de 5 à data), conheci vários estilos de coordenação, vários tipos de militância, vários tipos de atitudes e participação militante. Dessa experiência, nesta altura em que pouco mais tempo serei um “jota” – por imposições de idade (os 30 estão quase ai) -, não poderia deixar de me propor ao trabalho.
Sessão de esclarecimentos
Da experiência de campanha, ainda enquanto decorre, saliento aspectos positivos e negativos. Positivamente saltam à vista o reforço de relações entre militantes que se unem pelo mesmo projecto, o estruturar de ideias que pertenciam apenas aos indivíduos e agora são de um grupo. Ainda positivamente os aspectos benéficos da competição que obrigam ao melhorar e elevar da fasquia na construção de cada projecto. Negativamente, e provavelmente porque se estreitam alguns laços noutro sentido, destacam-se os conflitos. A competição, por mais bem-intencionada que seja, pode sempre causar conflitos e mal-entendidos para além do elevar dos conteúdos. A capacidade de sanar esses percalços constitui um passo importante na aprendizagem de todos nós, um acto que nem sempre é fácil quando entram em cena pessoalismos. A política é feita por pessoas para pessoas, com indivíduos e suas particularidades, que os tornam únicos e por vezes levam ao conflito de interesses e valores. Independentemente disso, nunca se deve perder o foco e o objectivo final que é o apresentar de novas vias para chegar ao anteriormente citado – por vezes tão difícil de definir pela sua subjectividade paradoxal – bem-comum.
Um militante de um partido será alguém que se disponibiliza para abraçar ideias base e ideologias políticas, mais ou menos, definidas que tentam encontrar soluções para o bom governo das sociedades. Ou seja, é uma vertente da participação cívica que deveria ser comum a todos os cidadãos. A actividade política é uma expressão do dever de participação cívica, mas está longe de ser a única. Foi por essa razão principalmente que avanço sem receio, de perder ou ganhar, para o escrutínio entre pares. Ganhando ou perdendo, se conseguirmos – a equipa que entendeu dar o seu trabalho e esforço à candidatura em causa [A União das Ideias] – ganharemos sempre pois estou convicto que apresentaremos e disponibilizaremos um bom projecto, realista e com propostas inovadores. Em suma, daremos o exemplo do que deve ser feito.

Neste espaço de registo de redundâncias, pessoais ou com assuntos relacionados com a minha pessoa, são mais umas palavras que ficam para uma história com “h” pequeno.

Deixo aqui algumas ligações para recordar deste momento particular, que no futuro será história (ainda que pequena):

sábado, 22 de outubro de 2011

Porquê escrever?

Numa recente leitura tive uma epifania sobre a razão pela qual nos dois últimos anos tenho tido uma vontade irresistível de escrever e dizer coisas.

"É lá possível compreender aquilo que não formos capazes de dizer'" - Marc Bloch


Afinal escrevo para me compreender e tentar compreender se compreendo o mundo à minha volta, que pro vezes parece ser incompreensível!


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Texto de apresentação para as fotografias expostas na "Festa do Fred"

Partilho o texto de apresentação para a sala onde tive a honra de poder ter algumas fotografias da minha autoria expostas durante a "A Festa do Fred", organizada pela "A Fixação Proibida" na Movdesign em Leiria:
Micael Sousa, dizem as crónicas dos nossos tempos, é uma pessoa distraída e com queda para muitas coisas, amálgamas e trapalhadas físicas e outras mais intelectuais. No seu jeito calado e tranquilo, por vezes até tímido, fez o ensino secundário em artes, e acabou por se tornar engenheiro civil. Estudou mais umas coisas, mais ou menos técnicas como a higiene e segurança, culminando recentemente no mestrado de energia e ambiente. A próxima aventura será diferente, será a História, mais uma para ajudar à confusão. Várias testemunhas confirmar que casou bem, e com gosto e alegria, orgulhando-se disso.
A vontade se ser um generalista levou-o a fazer várias e diferentes coisas, nem sempre bem é claro, nunca tendo o medo de errar impedido de experimentar o erro. Mas a vontade de aprender, descobrir e experimentar foram sempre a regra e fio condutor. Apesar da participação política e cívica local, os mais recentes pontos de interesse passam também pelas criações de autor, entre elas a: escrita de prosa e poesia; desenho e pintura, construções LEGO; e fotografia. Comprovando tudo isto são os vários blogues onde essas criações são partilhadas, onde se divulga o que vai surgindo naturalmente, aquilo que sempre colocou à disposição da crítica, vendo nisso um modo de tentar melhorar o que ia fazendo.
Hoje, pela mão de amigos aqui na Movdesign, que muito se esforçaram para transformar um recente hobbie - a fotografia -, Micael Sousa tem a honra e privilégio de poder partilhar convosco instantes da sua amada cidade de Leiria. As fotografias registam momentos e espaços característicos da cidade, momentos registados de modo a tê-los sempre perto, de guardar de perto a sua beleza, ainda que nem sempre as fotografias façam jus à bela Leiria.
Fico por fim o convite à visita do blogue "A Busca pela Sabedoria" disponível em www.abuscapelasabedoria.blogspot.com , local onde Micael Sousa vai partilhando fragmentos da busca por mais cultura geral. As criações mais sensoriais, que não devem ser confundidas com arte, entre elas fotografias, desenhos, pinturas e poemas, podem ser vistos no blogue "Desartístico", com morada em www.desartístico.blogspot.com.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Governo e as suas lições de ideologia política

Com o título que escolhi para estas minhas palavras opinativas provavelmente não despertei grande interesse em potenciais leitores. Afinal, com tantos casos sórdidos de políticos e suas políticas, quem afinal, para além dos académicos e próprios políticos, quer saber de ideologia política?
Provavelmente, preocupado com isso, o actual Governo parece querer dar verdadeiras lições de ideologia governativa aos portugueses. Se isso fosse um exercício pedagógico, capaz de reforçar a participação cívica, a tarefa seria louvável, pois não se pode ser um cidadão civicamente completo e activo sem estar atento e participar politicamente na sua sociedade. No entanto, os propósitos do Governo parecem ser outros, e o método pedagógico assente na política dos cifrões
Este Governo tem vindo lentamente a demonstrar as suas fortes convicções liberais de direita: do peso mínimo do Estado; da desvalorização do serviço público; da redução dos salários como desculpa para a necessária maior produtividade; da precariedade e falta de direitos no emprego; da economia liberalizada sem rédeas; das privatizações sem regra; etc. As preocupações sociais assumidas durante a campanha eleitoral cedo se esqueceram, e foi conseguido o prodígio nefasto de agravar ainda mais o programa da troika. É obra, má obra!
Agora alguns governantes, qual país “terceiro-mundista”, assumem que o valor pago pela mão-de-obra deve ser reduzido! Ir por essa via ainda nos afastará mais da Europa e do nível de vida e desenvolvimento que procuramos! Porque não inovar de facto e proporcionar aos trabalhadores e empresas as condições para produzirem mais? Como esperam estimular e incentivar a produção assim? Isto é de tal maneira incompreensível que até os defensores das ideologias económicas mais liberais consideram que “ganhar mais” contribui para maior motivação laboral e logo mais produtividade. Por cá, a demanda da eficiência tem passado sempre por cortar onde é mais fácil: nos salários. A opção mais difícil, e trabalhosa, de alterar os modelos de gestão, organização e produção parece ser sempre descurada. Olhando lá para fora, falta-nos a organização, a responsabilidade e a motivação. Capacidade de trabalho é coisa que demonstramos ter enquanto povo, vejam-se os casos dos emigrantes portugueses no estrangeiro. Este exemplo é constantemente utilizado mas parece que nunca é verdadeiramente entendido… para nosso mal…
Assim, de um modo indirecto, o Governo, pelas suas políticas erradas – na minha opinião – tem tido um papel positivo: ensinar como as políticas e ideologias da direita neoliberal (ou ultra-liberal) prejudicam quem vive do seu trabalho, especialmente aqueles que vivem do trabalho assalariado – no fundo quase todos nós.

(texto publicado no Jornal de Leiria em 13 de Outubro de 2011 e no Diário de Leiria em 17 de Outubro de 2011)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Madeira – um mau exemplo de autonomia e responsabilidade

Se a Madeira a muitos de nós [continentais] passava, mais ou menos, despercebida e muitas vezes só pensávamos nela como um destino interno turístico, isso agora mudou. Se víamos o Presidente do Governo Regional da Madeira como um político e líder caricato, irreverente e estranho (tendo em conta a realidade política nacional), isso hoje também mudou. Não há hoje português - continental ou insular - que veja a Madeira e o seu Governo Regional da mesma maneira. A preocupação, desconforto e revolta instalaram-se nos portugueses…
Se andávamos preocupados com as nossas finanças públicas e se a desconfiança, por parte dos cidadãos, pesava cada vez mais sobre os nossos governantes, que pensar agora? Como poderemos confiar em alguém? Aliás, será que confiar é o tipo de sentimento que os cidadãos devem ter perante os seus políticos? Sim, penso que isso deveria acontecer, mas só se os próprios cidadãos começarem a assumir mais o seu próprio papel de intervenção política, aquele que se supõe que tenham numa democracia participativa como a nossa. Ou seja, temos de participar mais politicamente para mais exigir dos nossos políticos! Importava passar a tratar a classe política pela primeira pessoa e não pela terceira, deveria haver de facto uma revolução cívica de participação política: passar do "eles" para o "nós". Se não confiarmos em nós, em quem mais confiaremos? Confiando ou não, pelo menos seriamos sempre responsáveis e responsabilizados pelo que fizéssemos politicamente.
Voltando ao caso da Madeira e à sua autonomia especial. Do dito arquipélago foi-nos dado mais um mau exemplo político e cívico: autonomia na irresponsabilidade de fazer despesa e dependência no assumir dos encargos. Não há democracia que resista a cidadãos que usem a sua liberdade para a irresponsabilidade, esperando que outros assumam o resultado dos seus actos. Pior ainda é quando os cidadãos com responsabilidades políticas fazem o mesmo em nome de todos os outros. Mas aqui o problema é de base e relaciona-se com a ética. Poderão todos os cidadãos, especialmente os que reclamam a mais alta voz, dizer que têm exercido a sua cidadania de um modo pleno para que nenhuma culpa lhes seja também atribuída?
Independentemente disso, e porque ainda há cidadania responsável em Portugal, poderiam os cidadãos íntegros exigir ao Governo Regional da Madeira viagens em pensão completa de modo a poderem usufruir de todo o investimento que agora terão de suportar?
Só espero que um dia os cidadãos dos outros Estados-membros da União Europeia não tenham a mesma ideia e exijam o mesmo aos portugueses do continente

(Texto publicado no Diário de Leiria em 27 de Setembro de 2011)
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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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