sábado, 18 de janeiro de 2020

A importância das árvores em meio urbano

Quando pensamos em árvores tendemos a idealizar florestas. Mas as árvores podem e devem existir nos meios urbanos. São essenciais para a qualidade de vida nas cidades, pois desempenham inúmeras funções.

As cidades devem ter espaços verdes suficientes para garantir um equilíbrio ecológico, desde o grande jardim urbano até ao pequeno jardim de proximidade. Todos eles são necessários, mas não será apenas nos jardins que as árvores são importantes para as cidades.

Os espaços públicos de circulação, acessibilidade e fruição necessitam de árvores. São muito importantes como elementos de ruas, praças e avenidas. A conjugação com o edificado, arruamentos e espaços públicos é de extrema importância. Garantem a regularização e equilíbrio dos microclimas urbanos, aumentando a humidade relativa atmosférica, contribuindo para o abaixamento das temperaturas no verão e favorecendo a circulação atmosférica. Produzem oxigénio, sendo um sumidouro natural das emissões de dióxido de carbono. Retêm poeiras e outros poluentes, quase sempre associados ao intenso tráfego automóvel. De um ponto de vista mais físico, são ótimas sombras naturais e barreiras de proteção contra o ruido, especialmente como isolamento entre o ruido dos veículos automóveis e o sucesso que se deseja no interior do edificado. As árvores servem também de abrigo para alguma fauna local, aves e outros animais que se adaptaram à vida citadina. Por fim, o contacto com a natureza, especialmente em meio urbano, e mesmo que seja apenas pela proximidade de algumas árvores, é de máxima importância para a qualidade de vida de quem habita esses espaços.

Do ponto de vista da estética e funcionalidade urbana, importa referir que as árvores podem ser elementos de ordenamento dos espaços, separações, definição de alinhamentos e de sinalização à escala humana. Esteticamente podem valorizar um espaço ou até o próprio edificado. 

Por tudo isto importa planear e gerir o património vegetal em meio urbano, porque precisamos das árvores e porque os espaços no centro das cidades são muito cobiçados. Ter florestas nas imediações das cidades não é suficiente. Uma cidade sem árvores é ineficiente, mais desagradável. A ausência de árvores torna as cidades ainda mais artificiais e estranhas à natureza humana, que nelas vê tesouros pelos quais vale a pena lutar. 

 Precisamos então de arborizar as nossas cidades, mas de forma planeada e ordenada. Optar por qualquer tipo de árvore, em qualquer local totalmente é desaconselhável. Algumas árvores não se adaptam ao meio urbano. Outras criam problemas de limpeza e crescimento conflituante com as infraestruturas urbanas. Certas árvores podem ter frutos venenosos, ramagem e espinhos perigosos, impróprios para uma proximidade com os peões. A própria manutenção deve ser feita por especialistas, pois as podas desadequadas podem matar em pouco tempo árvores vigorosas. 

Se somos nós que fazemos as cidades, então podemos fazê-las com árvores adequadas para a melhoria da qualidade de vida urbana.

Texto publicado no Diário de Leiria

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Uma evitável Democracia desinformada

Acreditava-se que quando as sociedades fossem democráticas poderíamos ter espaço de igualdade e liberdade, que poderíamos transitar de um sistema tendencialmente representativo para modelos onde os cidadãos se envolvessem mais nos assuntos cívicos. Esperava-se que a transição fosse gradual e progressivamente geradora de governos onde todos os cidadãos pudessem ser integrados, pois todos teriam o mínimo de competências e discernimento para tal. Esperava-se que com tudo isso, com a melhoria das condições de vida gerais e da elevação dos níveis de educação, uma sociedade mais justa emergisse. Era mais ou menos assim a utopia democrática.

Estaremos apenas a viver um momento de crise antes que os sistemas democráticos se aproximem destes objetivos ou estamos perante uma falência generalizada do modelo? Isto parece muito negativista, no entanto uma dose de realismo é necessária para construir o otimismo democrático que necessitamos. Chamam-se aos movimentos de manipulação política com sucesso eleitoral: populismos. Parece-me uma designação infeliz, pois parte-se do princípio de que a ignorância e o egoísmo são o caminho para a popularidade política entre as populações. Ou seja, de que a população só é mobilizável por emoções negativas, sem outras alternativas.

Sabemos que as emoções negativas são poderosos estimulantes para a ação política. Poucas foram as revoluções sem essa génese. Os jornais vendem mais quanto piores as notícias. Exemplos não faltam. No entanto tudo são construções sociais, que nos influenciam individualmente, mas que também podemos influenciar. É uma questão de consciência, vontade e ação. No entanto, caso nos esqueçamos, por ser algo intrínseco ao nosso modo de viver e pensar, vivemos uma sociedade consumista e hedonista. Onde consumimos por prazer e como forma de ser. São incontáveis as múltiplas formas que nos são proporcionadas para atingir o prazer. E isso tem sido uma forma de evitar, pelo menos nos países mais desenvolvidos economicamente, totalitarismos e extremismos. Mas a nossa sede por mais é insaciável e um mundo inteiro parece não chegar, tanto que não nos apercebemos que só temos mesmo um planeta. 

Então e não haverá esperança? Creio que sim ainda que não seja fácil. Parece-me que a solução terá de passar por um conjunto integrado e interligado de solução, adaptadas aos nossos tempos. Acusar as pessoas não surtirá efeito. Proporcionar novas formas de combater a ignorância sim. Aprender não tem de ser aborrecido. Assumir uma cidadania ativa também não. Há que conhecer aquilo que cativa as pessoas e usar essas técnicas e designs para outros fins, além do mero consumo e impulsionado pela simples razão de acumular capital. O consumo pode ser mais cultural, mais sustentável ainda que material e servir para acumular uma sabedoria rumo à tal utopia democrática. Temos de ultrapassar o limiar do tédio e do desagradável para a democracia não perecer, garantindo qualidade de vida geral. Sem isso, não há democracia que sobreviva.

 Nota: texto publicado n Diário de Leiria

Avaliar o ano com racionalidade emotiva em grupo

Será que no final de cada ano temos facilidade em fazer um balanço pessoal? Independentemente dos significados religiosos ou místicos, os ciclos são importantes. As metáforas do recomeço são oportunidades que estimulam a esperança em novas realizações e mudanças. Podemos fazer isso de modo informal, evitando balanços, gráficos e fórmulas complicadas, impelindo a interação emocional, mas com alguma racionalidade.

Por isso fiz uma experiência durante as festas de final de ano. Aproveitando o tempo à mesa, comecei por tentar perceber se as pessoas conseguiam fazer balanços e identificar coisas positivas do ano que havia passado. As reações foram múltiplas. Desde a imediata capacidade para identificar exemplos, até ao comentário de que nada de especial tinha ocorrido ou que não se queria partilhar. Fiquei a pensar nisto. Será que quando estamos com os nossos familiares conseguimos ir além das conversas generalistas? Será que falamos sobre nós e que os ouvimos, compreendendo o que sentem e o que gostariam ou não de fazer ou ser? Penso que poderíamos facilmente aprofundar os nossos relacionamentos, mas sem o exagero de os transformar em sessões de terapia. Talvez seja apenas uma questão de consciência, de haver tempo para todos falarem e partilharem, ao seu jeito e ritmo, garantindo que quem escuta compreende. Temos cada vez menos tempo para todas as solicitações pelo que não podemos desperdiçar os momentos presenciais. Os silêncios, as repetições das conversas de sempre, os domínios e desequilíbrios de comunicação podem levar ao afastamento e falta de empatia. 

Se partilharmos o que ocorreu de bom e mau com quem gostamos, garantido que há uma escuta efetiva e que a nossa realidade é compreendida, podemos garantir empatia e proximidade. Podemos entrar numa espiral de autoajuda e de apoio direto onde realmente é útil e preciso. Ajuda para ultrapassar o que nos incomoda e para construir o que desejamos. Jürgen Habermas chamou a isto racionalidade comunicativa, como elemento essencial para estabelecer colaboração. Se todos os intervenientes forem verdadeiros e claros nas suas partilhas, todos ouvirem e compreenderem o porquê do seu estado, mesmo que não concordem com a pessoa em causa, estabelece-se uma nova forma de racionalidade. Se conseguirmos atingir este estágio de comunicação podemos colaborar. Neste caso seria a colaboração para a gestão emocional coletiva.  

Seguindo estes princípios, os balanços anuais seriam mais fáceis de fazer, ainda que a vida esteja cheia de maus momentos e estar sozinho também possa ser bom. Neste espírito de colaboração podemos expressar a nossa individualidade enquadrada no coletivo, explorar a dimensão relacional de entreajuda quando necessário, pois tudo fica mais claro. As conversas de família não precisam de ser chatas, repetitivas e inúteis. Podemos ter momentos anuais de reflexão em que podemos conversar de muitas maneiras, até de forma lúdica, estruturando a nossa existência. 

Nota: texto publicado no Diário de Leiria

Melhorar os Mercados de Natal em Leiria e mais além

Há pouco mais de 10 anos era raro existirem animações de natal como como as atuais. Iluminava-se a rua e pouco mais. Óbidos foi quem realmente inovou nesta matéria, através das suas estratégias de animação cultural e de entretenimento. Desde então praticamente quase todos tentaram replicar, copiar ou fazer algo semelhante. 

Mas a origem destas festas está mais a norte. Há muitos anos que os festivais de natal, com os típicos ícones invernais da cultura Anglo-saxónica, Escandinava e de Leste animam o Norte da Europa e da América. Mudam-se os tempos e surgem naturais processos de aculturação, intensificados pelas poderosas ferramentas que hoje todos utilizamos, mas ainda mais por quem precisa de fazer dessa promoção profissão. É ver também os mais velhos a invocar o Menino Jesus perante as invasões de Pais Natais. Esse menino que alguns beijavam o pé e assim arriscavam levar algo mais para casa do que apenas uma alma purificada.

Temos assistido à continua transformação das festividades de Natal em Leiria, cada vez mais próximas do que se vê no norte da Europa. Lembro-me de quando não havia nada, da crise e daquela iniciativa em que se iluminou a Rua Direita com velas em copos oferecidas pelos leirienses. Pena não se integrarem essas iniciativas e recuperar outras que se perderam, tal como a exposição de construções originais em peças de Lego, de grandes dimensões, que trazia milhares de pessoas ao Banco de Portugal. Mas admito que possa ser apenas o meu gosto pessoal a transparecer. Há que lembrar que estas iniciativas devem ser pensadas para todos, no conjunto ou pela articulação de múltiplas atividades complementares.  

Apesar da melhoria notória desconheço a sustentabilidade financeira desta aventura, tal como a ambiental que não deve menos importante. Uma pista de gelo pode ser altamente questionável do ponto de vista ambiental. Mas o certo é que são proporcionadas várias atividades gratuitas, acessíveis a todas as crianças, independentemente do poder de comprar das suas famílias. Há também atividades para adultos, variedade e qualidade crescente nos comes e bebes disponíveis. De salientar também a oportunidade dada às associações culturais e de solidariedade social em participar, e assim reunir apoios para as suas atividades. 

Voltando ao que se presencia nos tais mercados mais a norte, aqueles que influenciam o que por cá fazemos, ainda falta trazer a conjugação do mercado regular com o mercado de Natal. A minha sugestão é que isso seja incluído num próximo passo, em que possamos comprar também produtos locais e diferenciados por quem os produz. Seria uma forma de complementar o comercio tradicional do centro da cidade. Com esta adição ainda mais pessoas seriam atraídas. Seria uma forma de garantir mais sustentabilidade ambiental, uma vez que consumir o que se produz localmente, com produtos da época, é um caminho inevitável para reduzir impactes ambientais. Fica a sugestão. 

Nota: texto publicado no Diário de Leiria

Treinar, aprender e simular com jogos de tabuleiro

Na semana passada fui distinguido com prémio de formador do ano de 2019 pelo “Forma-te: Portal nacional dos formadores”, no VII encontro nacional de formadores que decorreu no Instituto Politécnico de Viseu. Trata-se de um prémio simbólico, mas que para mim foi imensamente importante. Ajudou-me a manter a sanidade mental, pois nos últimos 3 anos tenho dedicado esforços à inovação na aplicação de jogos de tabuleiro a contextos sérios. Gabarolices à parte, o objetivo desta introdução é para ajudar a fundamentar o que vem a seguir.

A aplicação de jogos à formação não é nada de novo. Quase todos os formadores recorrem a técnicas deste tipo para cativar e motivar formandos. Os professores desenvolvem múltiplos jogos para usar com os seus alunos. Estes esforços são meritórios e quem passa por estes processos de aprendizagem não esquece as experiências. Sabemos, através de vários estudos científicos, que a aprendizagem pela experimentação, pela manipulação de objetos, feitas em grupo e em atividades que geram prazer intrínseco são altamente impactantes e eficazes. Nada de novo também. É por isso que tantos formadores e professores aplicam jogos. Mas será que poderiam aplicar jogos melhores e ter ainda mais resultados? Eu tenho a certeza que sim.

Depois da 2.ª Guerra Mundial surgiram inúmeros jogos de tabuleiro de Hobby, diferentes daquilo que nos oferecem as marcas mais conhecidas, aqueles que vemos nas grandes lojas há décadas. Do hobby surgiram os jogos de guerra, depois os jogos narrativos e, por volta dos anos 80, vindos da Alemanha, surgiu um novo paradigma de jogos de tabuleiro. Estes novos jogos detinham um design cuidado, com simulações temáticas através de sistemas elegantes, tempos de jogo controlados e ausência de eliminação de jogadores. Ganhava quem fosse mais eficiente, resultando de interações que iam além dos jogos destrutivos de soma zero, em que para alguém ganhar algo o outro tinha de perder nessa proporção. Adultos e crianças poderiam jogar estes jogos. Assim foi e assim continua a ser na Alemanha e países das proximidades, onde o ato de jogar é considerado saudável, socialmente incentivado e a produção de jogos uma atividade cultural e intelectualmente respeitável. Esta influência inspirou outros criadores de muitos outros países. Geraram-se múltiplas influências e interações num mundo já globalizado. Hoje chamamos-lhes “jogos de tabuleiro modernos” e as novidades não param de surgir. 

Por isso não precisamos de inventar a roda. Podemos utilizar estes jogos. Podemos adaptar e conjugar vários. Foi isso que me fez receber o tal prémio que falei no início. Foi essa a inovação. Foi também essa a inspiração que me levou à investigação científica de aprofundamento do papel dos jogos como ferramentas de planeamento territorial colaborativo. Veremos quem ganha no fim desta aventura. A minha esperança é que sejamos todos, quando conseguirmos começar a colaborar em processos cívicos de participação, mais divertidos, para uma melhor gestão dos nossos territórios. 

Nota: texto publicado no Diário de Leiria

As ações piloto do projeto UrbanWins em Leiria

O UrbanWins está a entrar na fase final. Foi mais de um ano a implementar um processo participativo e colaborativo para estudar o metabolismo urbano, com especial enfoque nos resíduos urbanos. O termo metabolismo pode parecer estranho quando aplicado a cidades, mas tem sido uma abordagem cada vez mais utilizada, uma vez que facilita pensar a sustentabilidade urbana quando as cidades são analisadas como sistemas vivos. Tal consiste, de um modo simplificado, em considerar os fluxos que entram e saem de um sistema urbano, tal como se fosse um organismo vivo, que necessita de se alimentar e consumir para viver, mas que gera também resíduos e desperdícios. Ou seja, nesta abordagem não importa apenas tratar os resíduos que saem do sistema, mas também os saldos finais. Importa reduzir também os consumos, e fazer com que os materiais se mantenham o máximo de tempo dentro do sistema. Surge com isto a ideia de economia circular, em que a transformação dos recursos em resíduos é a última opção: evitar consumir e reutilizar antes de reciclar. A novidade passa por integrar estas ideias de sustentabilidade e de combate ao desperdício na vida contemporânea, de forma estruturada e eficiente, mantendo o nível de vida que hoje exigimos.

O projeto UrbanWins caraterizou-se por proporcionar uma plataforma de envolvimento cívico como nunca se viu em Leiria. Todas as pessoas tiveram a oportunidade de participar, quer presencialmente quer à distância, incluindo a dimensão digital interativa. Foram imensas as sessões colaborativas, abertas a todos. Debateu-se o problema dos resíduos urbanos em Leiria e produziram-se soluções, continuamente aprofundadas até serem definidas 3 ações piloto.

Os participantes no Urbanwins definiram então que Leiria iria implementar o Urban Reduz, o Urban Protege e o Urban Forma. O Urban Reduz pretende criar um guia para a redução do desperdício alimentar, tanto no setor empresarial e comercial como na vida doméstica, onde se geram imensos desperdícios. O Urban Protege irá criar um regulamento para os eventos sustentáveis do município de Leiria, uma vez que são muito numerosos e participados, mas com isso geradores de resíduos e desperdícios. O Urban Forma desenvolverá uma formação para o setor da restauração e comércio de forma a diminuir o desperdício, sendo um complemento das duas anteriores ações. 

O Município de Leiria irá implementar estas ações com parceiros locais. Espera-se então que em 2019 possamos saber os efeitos e resultado destas ações piloto. Com a conclusão deste projeto ficará também disponível um modelo de simulação do metabolismo urbano de Leiria, algo que poderá ser muito útil no apoio à tomada de decisão política nestas matérias.

Pessoalmente espero que o Município de Leiria possa aprender com este projeto e trazer as metodologias colaborativas para os processos de planeamento, de modo a envolver positivamente a população no futuro do concelho. Espero também que se socorram de estudos e modelos de simulação para fundamentar a tomada de decisão política. Caso contrário será um tremendo desperdício.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Prémio formador do ano

Em 2019 recebi o prémio de formador do ano pelo trabalho que tenho desenvolvido através das aplicações de jogos de tabuleiro a contextos sérios, especialmente em contextos de formação. Foi uma surpresa porque isto tem sido muito experimental, mas foi imensamente importante para a motivação necessária para seguir com esta demanda. Estou convencido, porque a experiência e o conhecimento que tenho recolhido através de várias fontes, me tem demonstrado que estas abordagens jogáveis têm mais impacto e eficácia que as tradicionais expositivas. No entanto são imensamente mais trabalhosas, a necessitar de constante inovação e muito sujeitas ao falhanço. Mas também é por isso que são tão interessantes e desafiantes. 


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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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