domingo, 30 de janeiro de 2011

Conferência-debate com Carvalho da Silva - quando conquistei o meu primeiro moinho

No sábado dia 29 de Janeiro de 2011 senti-me um D. Quixote pois conquistei um gigante e até ganhei o meu moinho. Na localidade de Alqueidão da Serra, numa noite fria lá fora mas passada num auditório aquecido, senti o calor da responsabilidade. Foi ai que tive a minha primeira experiência como moderador numa conferência-debate, e logo com o Doutor Carvalho da Silva - importante sindicalista e investigador académico nacional na área das Ciências Sociais. Mas ao calor da sala, que contrastava - lembro - com o frio da rua, senti também o acréscimo do calor humano. As gentes de Alqueidão da Serra receberam-me com enorme simpatia, apesar de eu ser uma mera figura secundária neste evento. A experiência foi das mais enriquecedoras que já tive, pelo convívio com verdadeiras pessoas de bem e pela partilha dos saberes do Doutor Carvalho da Silva.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria sobre o desaparecimento do basquetebol de rua na cidade de Leiria

Já que falamos de políticas desportivas, não podemos esquecer o papel do desporto de rua enquanto lazer e modo de integração social. Para um enquadramento deste relacionamento começo por citar umas palavras de um amigo antropólogo e praticante de basquetebol, de seu nome Edgar Bernardo. Passo a citar:
As sociedades contemporâneas vêm no lazer, nomeadamente no desporto, uma forma de equilibrar os indivíduos, uma oportunidade de relaxar, melhorar a forma física, e reforçar a interacção e a estabilidade familiar e cultural. O desporto é uma actividade que provoca reacção e consequências no tecido social, não devendo ser subvalorizada a importância para o combate à exclusão e à segregação social.” Fim de citação.
Esta anterior citação relaciona-se com um caso bem concreto, e que provavelmente passou despercebido a muitos leirienses. Antigamente, antes das intervenções, ao abrigo do Programa Polis, na zona pública de lazer ribeirinha conhecida como o Parque do Avião, existiam vários campos para a prática desportiva de rua – espaços de verdadeira sociabilização e prática desportiva aberta a todos, a todos, reforço! Um deles estava vocacionado, e tinha excelentes condições, para a prática do basquetebol. Nesse espaço, onde muitos jovens e apaixonados pela modalidade praticavam o desporto da sua predilecção, dava-se um importantíssimo, mas pouco evidente, fenómeno de inclusão social. Através da prática do basquetebol, os membros mais jovens de muitas famílias recém-chegadas a Leiria, especialmente da comunidade dos PALOPs, interagiam positivamente com os jovens de Leiria e integravam-se harmoniosamente na sociedade leiriense. Aquele simples equipamento desportivo público tinha um importante papel social, mesmo se pensarmos apenas do ponto de vista dos naturais de Leiria, já para não falar da promoção do desporto em causa. Com a reabilitação e obras que o Parque do Avião sofreu durante a execução do Programa Polis, gerido pelo anterior executivo, o dito campo deixou de existir, e colocou-se apenas uma tabela de basquetebol que, de tão inadequada para o efeito, perdeu o aro pouco depois. Assim, desapareceu o basquetebol de rua em Leiria e perdeu-se um importante e saudável modo de inclusão social.

Apesar de consciente das dificuldades financeiras que herdou do anterior executivo, e já que falamos de desporto - dificuldades que nem com grande ginástica se resolvem facilmente, -, peço ao Senhor Presidente para que considere, assim que possível, a reabilitação de um dos campos existentes, ou a construção de um novo, para a prática do basquetebol de rua em Leiria - tendo em conta todos os aspectos positivos que daí advêm

(Esta intervenção enquadrou-se numa sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Leiria dedicada às políticas desportivas)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Presidente da República - o árbitro da politica nacional

Se um árbitro é de fraca qualidade, seja em que desporto for, uma partida pode ficar logo condicionada. Independentemente da prática desportiva, não é o árbitro que marca golos, faz ensaios ou que concretiza os objectivos desportivos em causa, mas pode ser o árbitro a impedir que isso aconteça ou a dificultar esse tipo de concretizações. Mesmo o mais competente dos árbitros, dependendo da interpretação pessoal que tiver das "regras do jogo", pode tornar uma prática desportiva, independentemente da qualidade dos desportistas,  num péssimo espectáculo e levar à irritação o mais calmo dos adeptos. Não são os árbitros que jogam mas são eles que podem, através do seu ajuizamento, influenciar a qualidade do desporto enquanto prática.
Política não é o mesmo que desporto, mas se simplificarmos funções e lhes atribuirmos a mesma importância, no fundo, um Presidente da República é o árbitro supremo da política nacional, pois tem como funções ajuizar sobre os políticos e as políticas. Para que o nosso sistema semi-presidencialista funcione bem e produza frutos (positivos) - o bem-estar colectivo por exemplo - o governo tem de governar e o presidente moderar e ajuizar. Tal como os árbitros se regem pelas regras das várias modalidade desportiva  para justificarem as suas decisões em campo, os presidentes da república têm de respeitar e se reger pela Constituição da República Portuguesa - lei fundamental da nossa democracia. Um Presidente da República em Portugal não deve querer governar, tal como no desporto não é função do árbitro jogar ou marcar golos. Um Presidente deve moderar e arbitrar, segundo as prescrições constitucionais e a sua interpretação delas. Tem de criar todas as condições para que os governos efectivamente desempenhem a sua função que é  governar. Tem também que promover a conciliação e cooperação com os governos, sem os atrapalhar e/ou condicionar.
Não tenhamos dúvidas, não estamos a votar num segundo Governo nem num segundo Primeiro-Ministro, estamos a votar num árbitro que, como todos os seus congéneres, deve ser isento. No entanto a sua prestação será sempre dependente da interpretação que fizer da Constituição, daí a importância de se atender aos valores e características pessoais dos candidatos na hora da escolha. Mas o Presidente da República, enquanto Juiz da nossa politica, não pode ser apenas passivo. Nos momentos de crise  tem de ser capaz de "colocar em ordem" a dita politica e os actores políticos, em nome do supremo interesse nacional!

Por isso, no próximo dia 23 devemos ir votar porque precisamos do nosso árbitro! Precisamos que cada cidadão faça a sua escolha e se reveja nos valores da personalidade em que vai votar, pois no fundo é a isso que se resumem estas eleições: uma questão de valores, dos valores em que acreditamos e que queremos ver patentes no nosso árbitro.

(Texto publicado no Diário de Leiria em 19 de Janeiro de 2011)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Como estacionar a "humanidade" no Hospital de Santo André?

O Hospital de Leiria, ao tentar resolver o problema do uso indevido dos seus parques de estacionamento, trouxe para o debate público a discussão em torno do pagamento, pelos utentes, do parqueamento disponível dos serviços públicos.
Antes de mais começo por analisar os problemas gerais associados ao estacionamento. O principal problema é sempre o espaço. As nossas cidades não estão preparadas para os volumes de tráfego a que são sujeitas todos os dias e muito menos para fazer face às necessidades de estacionamento. Torna-se simplesmente impossível ou impraticável aumentar as capacidades existentes. Criar mais estacionamentos nas zonas centrais agravaria ainda mais os congestionamentos, pois o afluxo de veículos seria maior e cedo o novo acréscimo de lugares seria insuficiente. Ainda mais difícil é aumentar a capacidades das vias e nós rodoviários que serviriam esses ditos parques - novamente uma questão de espaço. Assim, a solução é taxar o estacionamento de modo a que os lugares existentes sejam utilizados criteriosamente e por curtos períodos de tempo, de modo a  permitir também que exista sempre alguma oferta, mesmo que pagando. Trata-se de um modo pragmático de gerir os estacionamentos existentes que assenta no principio do utilizador pagador, especialmente  se tivermos em conta quanto custa a utilização de 10m2 (área média de ocupação de um veiculo automóvel) de espaço público urbano.
Mas para além dos parques pagos, o que verdadeiramente precisamos são: mais transportes públicos e de promover os "modos suaves" (andar a pé e de bicicleta), tudo isso devidamente coordenado com circulares externas radiais, servidas por zonas de estacionamento gratuitas exteriores, devidamente ligadas ao centro por transportes públicos.
O modo como hoje utilizamos os automóveis não é sustentável, ambientalmente e economicamente! Temos de mudar!
Tudo o que anteriormente referi seria aplicável aos Hospitais se eles fossem comuns serviços ou zonas urbanas. A saúde é um bem essencial e um direito constitucional - pelo menos por enquanto. A necessidade e natureza destes serviços mexe com os sentimentos das pessoas e com a própria condição humana - é na doença que verdadeiramente estamos frágeis.
Sem dúvida que o estacionamento no Hospital de Santo André tem de ser controlado, mas obrigar pessoas que, pelas agruras da vida, já estão tão fragilizadas, por elas próprias ou por familiares e amigos, a terem de suportar mais este custo é quase desumano. Deveria ser previsto um sistema que isentasse os pacientes e aqueles que, através das suas visitas, contribuem para a sua recuperação do dito pagamento. Até porque a oferta de transportes públicos não é adequada. É certo que essa isenção se transformaria em custos para o hospital, mas se o problema em causa é a utilização indevida dos parques então não vejo qual seria o problema.

(Texto publicado dia 11 de Janeiro de 2011 no Diário de Leiria e 13 de Janeiro de 2011 no Jornal de Leiria)
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