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sábado, 14 de setembro de 2019

Leiria sobre Rodas e a Sustentabilidade Ambiental: Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria

Leiria esteve sobre rodas no passado fim de semana. Foram milhares de pessoas que se deslocaram a Leiria, quase sempre nos seus veículos automóveis. Nada de estranho, uma vez que o evento promovia a cultura do automóvel e que a esmagadora maioria de todas as viagens em Leiria são realizadas nesses veículos.

Eventos como o Leiria sobre rodas são obvias opções políticas do atual executivo, que, pela votação obtida nas ultimas eleições, tem legitimidade para implementar políticas próprias. No entanto, há sempre possibilidade de melhorar, e parece-me que devemos sempre dar contributos de melhoria quando pudermos. A aposta na promoção do desporto e cultura automóvel pode ser conjugada com as políticas de proteção ambiental e sustentabilidade urbana. É nesse sentido que faço as seguintes sugestões, para que o evento possa ser mais sustentável, uma vez que tudo indica a sua continuidade no futuro, pela importância que já tem localmente e regionalmente.

Um evento que mobiliza tantos veículos para exposição e para circulação competitiva e de passeio, que exige uma enorme logística, que intervém no espaço público, que gera grandes necessidades de transporte dos espetadores para um ponto concentrado, tem consideráveis impactes ambientais. 

Sabemos que os transportes são os principais consumidores de energia e os maiores responsáveis por emissões de gases de efeitos de estufa, mas também de poluentes que afetam a saúde humana, especialmente nas zonas urbanas congestionadas. Sabemos que a utilização massificada de automóveis, em que a esmagadora percentagem dos veículos circula com apenas um passageiro, é insustentável. Mas para já não podemos dispensar os automóveis. Temos de ser realistas. Por isso temos de os integrar nos sistemas urbanos, pois sem eles perderíamos qualidade de vida e mobilidade. Assim será até haver outras alternativas e momentos de transição para uma mobilidade mais sustentável.

Então a minha sugestão será aproveitar este evento de massas para trabalhar a sustentabilidade urbana, mobilizando toda a comunidade e aqueles que são os mais apaixonados pelos veículos automóveis. Isso seria conjugável com as preocupações da autarquia para com a necessidade de medidas de adaptação às alterações climáticas, como hoje iremos ver. Sugiro que o evento seja organizado e planeado gradualmente para ter zero impactes. Isto implica fazer uma avaliação da pegada ecológica do evento, contabilizar todos os impactes ambientais, evitar ao máximo os efeitos negativos e compensar os que não possam ser precavidos. Um exemplo direto de uma medida de compensação poderia consistir em plantar árvores em número e capacidade de anular os efeitos das emissões adicionais produzidas. Fechar algumas ruas ao trânsito e reforçar a oferta de transporte público, pelo menos na medida do que seriam os impactes adicionais do evento, internalizando esses custos no próprio evento. Poderia haver uma forte sensibilização através de técnicas lúdicas e de experimentação de novas formas de mobilidade, ou simplesmente das possibilidades de alterar hábitos para opções mais insustentáveis, conjugáveis com o uso do automóvel.  Ao fazer isto poderia manter-se e reforçar o evento, fazer uma enorme campanha de educação ambiental, enquadrada com as demais políticas municipais. Através da experimentação e transferência dos impactes ambientais para os utilizadores facilmente se iria criar consciência ambiental. Também os resíduos urbanos gerados pelo evento poderiam ter um plano próprio que evitasse a sua produção. O ruido poderia ser também minimizado, através de isolamento próprio. As possibilidades são imensas, não havendo aqui tempo para as enumerar a todas. Mas fica a ideia.

Ficam estão as sugestões. Sem esquecer que o dia europeu sem carros, que tem uma adesão europeia entre as cidades que mais se preocupam com a qualidade de vida e sustentabilidade locais, merece ser celebrado. Parece-me que a coincidência com o Leiria sobre Rodas somente se justificará quando estas práticas ambientais forem inatas ao evento.
Nota: Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria realizada em Setembro de 2019

terça-feira, 30 de abril de 2019

Sistema de apoio ao estacionamento para a Feira de Maio: um exemplo a seguir

Quando se diz que Leiria tem problemas de falta de estacionamento estamos a dizer, no fundo, que tem excesso de dependência de automóveis. Quantos mais lugares criamos mais atração e mais necessidades de estacionamento vão surgir. Inevitavelmente, para suprir estas necessidades, temos de pensar nos transportes e na mobilidade como um sistema, em que usamos vários modos de transporte, articulados uns com os outros, para transportarmos pessoas e bens da forma mais comoda, rápida e eficiente.
Isto tudo a propósito da Feira de Maio e do Jardim de Almoinha Grande que está na fase final de conclusão. Com o novo jardim desapareceu a zona que servia de apoio ao estacionamento informal da Feria de Maio, agora conhecida como Feira de Leiria. Preveem-se assim dificuldades e caos pela falta de estacionamento, uma vez que em Leiria e na região envolvente dependemos muito do automóvel privado para nos deslocarmos.
Devíamos apostar em transporte público e coletivo, mais isso não se faz de um dia para o outro. Na prática esse esforço não tem sido a prioridade.  Bem sei que é dispendioso e que a nossa ocupação territorial dispersa não ajuda a implementar uma rede funcional e sustentável. Mas é urgente começar a estruturar essa rede para que não se diga que a falta de estacionamento continua a ser um problema e para que possamos aproveitar melhor os escassos espaços urbanos livres que temos no centro da cidade, tal como fazer a nossa parte na missão de redução das emissões poluentes.
Mas Leiria não pode parar. A cidade e todo o território concelhio, de uma forma geral, são exemplos de dinamismo. As estatísticas comprovam isso mesmo. Por isso importa conjugar o desenvolvimento de Leiria com soluções sustentáveis. No fundo esse é o grande segredo para o desenvolvimento sustentável. E para a nossa terra não devemos exigir menos que isso.
A Feira de Leiria terá uma importância relativa. Não será esse evento que define o desenvolvimento da nossa cidade, no entanto atrai pessoas e gera alguns efeitos multiplicadores na economia local. Para além disso é uma tradição, mesmo que algo renegada e não assumida. Quer queiramos quer não, esta feira diz algo aos leirienses.
Nesse sentido acho que é de louvar o esforço de planeamento e comunicação que foi feito para proporcionar parques de estacionamento alternativos para servir os visitantes da Feira de Maio, com transporte coletivo gratuito de apoio. É a solução possível. Espero sinceramente que seja um sinal de uma mudança para um futuro sistema de mobilidade urbano, mais sustentável para a nossa cidade. Com isto está dado o primeiro passo. Agora é continuar a caminhar nesse sentido, sem medo, pois o nosso futuro disso depende.
Espero que um dia existam autocarros a circular entre parques de estacionamento, facilitando o uso das bicicletas também e com apoio a pessoas com mobilidade condicionada.  Espero que tudo isso se transforme num sistema de informação e comunicação em tempo real, com acesso rápido e facilitado para todos. 

Texto publicado no Diário de Leiria

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Externalidades ambientais e suiniculturas: castigar e acarinhar

Uma atividade económica tem, habitualmente, externalidades, que são aqueles efeitos externos à própria atividade e que não se refletem no mercado. Quando me refiro a mercado estou a pensar no sistema de relação entre oferta e procura do bem ou serviço em causa que gera o preço. No fundo as externalidades são efeitos positivos ou negativos para terceiros, que não participam ativamente na construção do preço.

Dizia-se que na nossa região tinha mais porcos que pessoas. Independentemente disso, a produção suinícola é muito relevante na nossa região, tanto pelo volume de negócios como pelos impactes ambientais da própria atividade. Estamos perante casos de externalidades. Uma delas são os dejetos e efluentes suinícolas, especialmente quando despejados de modo a impactar o ambiente, quer em excesso sobre os solos nos espalhamentos quer diretamente para as linhas de água. 

Surge deste modo uma externalidade que tem de ser internalizada na própria atividade económica. Os custos ambientais têm de ser refletidos no produto, neste caso na carne de porco. No enanto, não é sustentável ser uma mera indemnização. Esse custo deverá ser convertido em tecnologias e sistemas produtivos que minimizem e tratem os efluentes e resíduos assim produzidos. Como isso tem custos, os mesmo devem ser transferidos para o preço de mercado. 

Poucas são as atividades económicas que não são forçadas a internalizar as suas externalidades, especialmente quando são materializadas em impactes ambientais. Por isso não se compreende como podem continuar a funcionar as suiniculturas em estado de incumprimento com a legislação ambiental em vigor. Não é por falta de regulamentação que os casos como a poluição da ribeira dos milagres e de toda a bacia hidrográfica do Lis persistem. Talvez falhe a fiscalização e a capacidade de transformar esses registos em consequências.

Por outro lado, nem todas as suiniculturas são focos de crime ambiental. Haverá com certeza bons exemplos, que numa economia de mercado são prejudicados por terem de competir com quem não assume os custos dos impactes ambientais que gera. Deveria haver uma forma de reconhecer esses casos, algum tipo de selo, de reconhecimento público, para que soubéssemos que aquela carne que consumimos não gerou poluição.  

Em resumo, uma dupla ação seria provavelmente o mais adequado. Se a lei é para cumprir, e isso tem sido claramente algo por garantir neste caso, também podemos defender uma atitude alternativa, ainda que não desculpe de modo algum os poluidores. Nem todos os suinicultores são maus na sua atividade, como nem todas as pessoas são boas no exercício da sua cidadania. O mundo real não é uma fotografia estática a preto e branco. 

Até os governos mais liberais sabem que têm de controlar a poluição. Não basta produzir legislação ou reclamar de forma inconsequente. É preciso atuar e mobilizar as consciências de todos. Ninguém quer que a poluição suinícola continue a ser uma marca da região.

Texto publicado no Diário de Leiria.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Sustentabilidade urbana: as cidades são patrimónios culturais

Já está disponível o livro pelo Centro de Património da Estremadura (CEPAE) sobre as “Actas dos colóquios das Reflexões sobre Educação Patrimonial e Artística: homenagem a Ernesto Korrodi”. Foi mais um esforço desta associação que tem tentado mobilizar o voluntariado dos estudiosos do património e a atenção das instituições locais para o património cultural local e regional. Mais investimento dos municípios nesta área ajudaria a identificar melhor os elementos que distinguem os seus territórios e evitar importações culturais indiferenciadas e massificadas.

Nesta última publicação do CEPAE tive a oportunidade de assumir a autoria de um texto que trata a cidade de Leiria como património de conjunto, tal como o papel de Ernesto Korrodi nessa construção e destruição. Não são apenas as obras de arte e os edifícios que se elevam ao estatuto de património cultural, as próprias cidades também o são, pois contam a nossa história e criam os espaços de pertença físicos onde as restantes dimensões da vida social e cultural dos lugares urbanos se desenvolve. Leiria, com mais de 800 anos de história, tem uma rica história urbana para contar. O seu castelo e múltiplos núcleos urbanos medievais estão na génese do povoado. As posteriores expansões e contrações urbanas invocam as vicissitudes passadas pelos leirienses, a sua relação com o rio, com a exploração agrícola do vale do rio Lis, a posição como centro de comércio e os efeitos das invasões francesas. Leiria foi uma cidade medieval multicultural que acabou por entrar num certo conservadorismo. Em meados do século XX a cidade iniciou uma fase exponencial de expansão urbana e um dinamismo económico distintivo, assente na iniciativa das suas gentes.

Os elementos urbanos, grandiosos ou modestos, nobres ou vernaculares, tal como o modo como ocupamos o território, contam esta nossa história coletiva. Estamos perante um património urbano que nos define, mas que tem de continuar a ser utilizado, preservando e adaptado às nossas necessidades de desenvolvimento. Ernesto Korrodi, no seu tempo, deu o exemplo de como o património arquitetónico e urbano poderia ser uma alavanca para o desenvolvimento, sem perder a memória da cidade.

A sustentabilidade urbana depende da conjugação das várias dimensões do desenvolvimento económico, ambiental, social, cultural e da própria governança. O património urbano no seu conjunto tem um papel a desempenhar nessas várias vertentes: faz parte do ambiente construído e não contruído, que nos garante meios de sobrevivência e qualidade de vida; define-nos e reforça a identidade social e individual; cria espaços e elementos de identidade comuns que podem contribuir para uma harmoniosa governança do território; e é uma alavanca económica através das industrias culturais, criativas e até imobiliárias e turísticas.

As nossas cidades não são nem devem querer ser cópias das outras. Uma cidade e o seu património não se fazem somente de edifícios, mas também das suas gentes, atividades e culturas.

Texto publicado no Diário de Leiria

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O Corvo que virou um conto em formato PLIP

Tendo eu um conto infantil em rascunho sobre um "corvo" diferente, acabou por fazer todo o sentido criar uma versão desse conto para fazer parte d´ "O Projeto de Leitura Inclusiva Partilhada (PLIP)".
Então, depois das devidas adaptações, pois parecia-me fazer todo o sentido que o conto se passasse em Leiria, lá fomos adaptando a formatos alternativos. Uma grande equipa, de voluntários, fez nascer "O Corvo Laranja" em multiformato, acessível a um público verdadeiramente vasto.
Assim, deixo o link do projeto abaixo para que o possam conhecer melhor, sendo que todos podem descarregar os conteúdos, e os agradecimentos a esta vasta equipa que tornou esta ideia numa realidade. Que venham mais PLIPs.
Aceder ao "O Corvo Laranja" aqui.
 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Torre Sineira de Leiria e cena de "O Crime do Padre Amaro" em Lego


Esta ao mais uma exposição de Natal em Peças de Lego, uma parceira da Câmara Municipal de Leiria e do grupo de voluntários da Comunidade 0937. Desta vez participei com uma construção original especial. Recriei um espaço bem conhecido da nossa cidade, a Torre Sineira, mesmo ao lado da antiga porta do sol das muralhas exteriores do castelo de Leiria. Nesse espaço, que continua a existir, lembrei-me de colocar uma figura em Lego do Eça de Queirós a espreitar entre a muralha, imaginando uma das cenas do seu romance  O Crime do Padre Amaro.

"Num muro invadido por vegetação aproveita-se o escritor do miradouro para imaginar as suas histórias. Ali ao lado da torre sineira, aquela que se afastou da Sé Catedral que repousa lá mais a baixo, Eça de Queirós liberta um sorriso malandro quando ouve o sino a badalar. Ali seria o espaço perfeito para acontecer um dos seus romances mais polémicos, com um fim trágico. Ali, na Leiria velha, haveria um Padre que se iria escapar subindo o morro do castelo com a sua amante Amélia. O seu nome era Amaro."

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Inauguração pelos Leirienses da Ponte D. Dinis

Numa noite de verão, correndo uma leve brisa por Leiria, os Leirienses inauguram, eles mesmos, a ponte que finalmente concluiu a ligação do Polis.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Feira de Maio – O Renovar da Magia e das Estórias

A partir de uma certa idade admito que a Feira de Maio começou a gerar em mim sentimentos contraditórios. Não pretendo fazer generalizações, mas poderá haver quem, à sua maneira, sinta ou tenha sentido a mesma opinião paradoxal em relação à dita feira.
Se, para mim, antigamente a Feira de Maio tinha uma magia que só era acessível porque a via com olhos de criança e com uma imaginação inocentemente ilimitada, anos mais tarde o sentimento mudou. Já na adolescência, os carroceis, os doces e os brinquedos passaram a não despertar o interesse de outrora. Entre a música, por vezes ritmada até ao absurdo, carros de choque e afins desenhavam-se outras fantasias próprias de outras idades. Na Feira de Maio ensaiávamos histórias de amor desajeitadas, importantíssimas para o nosso desenvolvimento emocional, numa altura em que tentávamos uma adaptação aos novos corpos de adulto.

Fonte da Fotografia: http://newscentermco.blogspot.pt/2010/05/feira-de-maio-leiria.html

Mais tarde, a feira foi ganhando pó e perdendo o interesse. Mas quase sempre por lá passei, procurando réstias dos sonhos de antigamente, desvanecidos e longínquos. Voltava lá, seguindo um ritual, ainda que no fim de cada ida dissesse: isto já não me diz nada… Mas no ano seguinte regressava. Provavelmente retornávamos muitos - eu e outros como eu -, movidos por sentimento paradoxais semelhantes.
Este ano voltei de novo! Fiquei surpreendido! A Feira de Maio mudara! Mudara de sítio e ganhara novos contornos, parecendo querer modernizar-se e adaptar-se às necessidades dos nossos tempos. A Feira ganhou com a qualidade das infraestruturas disponibilizadas, e até se abriu com ela o Estádio à comunidade, rumo a uma utilidade que muitos exigiam há muito tempo. Este foi um passo simbólico importante para que no futuro a Feira evolua e se continue a desenvolver, mantendo as suas características tradicionais, mas adaptando-se à Leiria e aos leirienses de hoje e de amanhã.
Para o ano quero voltar, e nos próximos também, quem sabe trazendo aqueles que pela idade sentem como ninguém a magia especial da nossa Feira de Maio.
 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Exposição Fragmentos de Luz - Uma coletiva de fotografia

Depois de meses de formação, acompanhados de muita experimentação, deixando a segurança dos modos "automáticos", irei apresentar, em conjunto com os colegas do curso de fotografia digital da Fotograf ´arte, o primeiro projeto fotográfico e mexposição aberta ao público. A exposição inaugura dia 22 de Fevereiro e segue até dia 14 de Março. Fico à espera de visitas e comentários, pois garanto que haverá bons trabalhos expostos, pelo menos os dos colegas estão muito bem conseguidos! - palavra de fotografo amador.

"Fragmentos de luz. Dezasseis olhares. Incomuns. Por aqui, nos encontramos e nos perdemos em sonhos. Por aqui. Seguimos em busca de histórias à espera de se recontarem. Por aqui. Eis o olhar especial que se emociona muito para lá do arco-íris e das lágrimas que o Amor abafa. Por aqui. Celebramos a busca de cumplicidades e contrastes, entre o presente e o passado, numa Rua da cidade. Por aqui. Perdemo-nos ao sabor de uma estória de amor sob os arcos e ritos de passagem. Por aqui. Bebemos, juntos, as palavras de Neruda, naquilo que nos inebria e contagia o olhar. Por aqui. Damos de caras com o olhar, nobre, generoso e abnegado de quem nos salva. Por aqui, viajamos no tempo, para um olhar longínquo da cidade actual do Lis. Por aqui. Sentimos os sons que a poesia da imagem desvela. Por aqui. Surpreendemo-nos, na reclusão confinada de celas, e aí encontramos asas feitas de poesia. Por aqui. Deparamo-nos no olhar atento dos traços desenhados que animam uma parede. Por aqui. Manifestamo-nos anti-televisão. Por aqui. Deixamo-nos ir na música das imagens. Por aqui. Reencontramos a sensibilidade de sete ofícios a sete mãos. Por aqui. Buscamos na arte de rua, um rosto anónimo, mas próximo e familiar. Por aqui. Percorremos, entre luzes e sombras, caminhos interiores que nos revelam uma força insuspeita. Por aqui. Dançamos ao ritmo da paixão que um sonho move. Venha daí. Connosco. É por aqui."
 
Texto de Carla de Sousa

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Mais um espontâneo contacto de rua fotográfico em Leiria


Hoje tive mais umas experiência caricata ao tirar fotografias na rua. Estava eu com o meu tripé, vem novamente uma pessoa falar comigo. Desta vez uma jovem, super animada e transpirando boas vibrações e jovialidade. Pergunta-me se lhes podia - a ela e a mais dois rapazes e outra rapariga - tirar uma fotografia. Fiquei surpreendido! Claro que disse que sim. Perguntei-lhe se queria, que bastava deixar-me um email que lhe enviaria a foto. Assim fez. 
Parece que as novas gerações estão finalmente a ultrapassar algum formalismo e "atadismo" que herdamos de outros tempos. Bom para a socialibilização e para conhecer melhor o próximo, pois só a assim o podemos compreender.







domingo, 23 de dezembro de 2012

Uma experiência Fotográfica de rua em Leiria


Estava eu a tirar algumas fotos na cidade, com algum aparato pela presença do tripé, quando sou abordado por uma senhora. Com toda a educação pergunta-me o que fazia eu, e porque estavam tantos fotógrafos pela cidade. Respondei que não  sabia. Mas que, no meu caso, estava a tentar fazer fotografia de rua com arrastamentos. A dita senhora disse que gostava muito desses efeitos, que era muito bom andarem a registar e fotografar a nossa cidade. Despediu-se e agradeceu a minha paciência e disponibilidade para a explicação. 
Andar na rua tem destas coisas e oferece contactos inesperados que dão cor à mais cinzenta das fotografias.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria sobre Alargamento da Zona de Reabilitação Urbana

O alargamento da área de reabilitação urbana do centro histórico de Leiria poderá ser importante para a economia local, quer pelo incentivo e reabilitação efetiva de uma zona que se encontra degrada e em decadência (a vários níveis) quer pelas oportunidades que cria para o setor da construção, e toda a economia indireta.


Se lembrarmos que o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor da construção, comparativamente com o total nacional de todas as atividades económicas, tem vindo a contrair nos últimos anos - de 2000 para 2011 desceu de 7,8% para 4,7% - podemos daí fazer uma correlação com a queda do PIB a nível nacional, que, como sabemos, entre 2000 e 2011 desdeu do valor positivo de 3,9% para o valor negativo de 1,6%. A relação entre a queda do setor da construção e a queda da economia nacional é evidente (ou não fosse um dos setores mais representativos), pelo que a recuperação económica terá de passar também pela recuperação e reinvenção do próprio setor da construção nacional.
Se olharmos para a realidade do concelho, constatamos que entre 2009 e 2010 desapareceram mais de 200 empresas do setor da construção, e que a totalidade das que se mantêm no mercado continua a deter um peso muito importante: representam diretamente 12% das atividades económicas empresariais. Ou seja, a construção é importantíssima nas sinergias económicas do concelho, direta e indiretamente, e o seu impacto sobre a oferta de emprego é incontornável.
Aprofundando um pouco mais os dados do setor imobiliário no conselho, saltam à vista outras conclusões. A construção nova no concelho tem vindo a cair vertiginosamente. Em 1995 construíram-se 636 empreendimentos, quando em 2011 apenas se construíram 261. Mas, por outro lado, as empreitadas de ampliação, alterações e reconstruções subiram de 57 em 1995 para 170 em 2011. Se tivermos em conta que existem, em média, 30% de habitações desabitadas ou ocupadas parcialmente em Portugal, que os nossos modelos difusos e expansionistas demonstram ser insustentáveis, e que a nossa média de reabilitações de edifícios está muito abaixo dos valores homólogos europeus, então: o futuro do setor da construção e das nossas cidades terá forçosamente de passar pela reabilitação do edificado e dos próprios espaços urbanos.
Assim, a proposta de alargamento, apresentada pelo município, permitirá intervir, com financiamento através de fundos europeus, em edifícios âncora na nova zona agora alargada. Será um modo de reabilitar património histórico que tornará as zonas envolventes mais atraentes e atrativas, será também um modo de incentivar a reabilitação pelos proprietários do edificado da zona, uma vez que podem vir a beneficiar de um quadro de apoios e isenções especiais criadas para iniciativas de reabilitação privadas. Tendo também em conta a importância do setor da construção e a necessidade de o reorientar para a reabilitação, e porque a sua pujança é importantíssima para a economia local e para garantir empregos, esta decisão autárquica é seguramente um incentivo real a esse setor.
De um modo resumido, com o sucesso da aplicação de uma reabilitação urbana séria e sustentável: preserva-se o património físico, garante-se a funcionalidade dos espaços urbanos agora degradados ou abandonados, promove-se e incentiva-se o desenvolvimento da economia local e a oferta de emprego.

domingo, 16 de setembro de 2012

15 de Setembro de 2012: A Mudança de Paradigma Político?


O dia 15 de setembro de 2012 foi marcante. Não foi a primeira vez que estive numa manifestação, e muito provavelmente não será a última. No entanto, nunca tinha participado numa assim. Foi quase surreal ver, no mesmo espaço, e movidas por sentimentos semelhantes, tantas pessoas diferentes, de estratos sociais, idades, e orientações cívicas/políticas/ideológicas. Para uma cidade pouco dada a movimentações  e manifestações sociais desta natureza, foi um momento para recordar a marcha pela Avenida Heróis de Angola!

Independentemente da contestação em causa – o reclamar pela austeridade continuada e cega que contribuirá para um decrescimento muito acentuado da qualidade de vida generalizada em Portugal - e independentemente do urgência e drama social nacional - que não é obviamente de diminuir -, dia 15 de setembro os portugueses demonstraram a si mesmos que são uma força viva, e que se conseguem mobilizar por causas abrangentes. Provavelmente, de futuro, a sociedade irá mudar no modo como encara a cidadania ativa e a política no seu sentido mais puro, como um ato colético de autogoverno social. Provavelmente este foi um reflexo evidente de que o paradigma político está a mudar, que o sistema de representação político tem de ser ajustado aos novos tempos e que os cidadãos irão querer participar mais politicamente. Eu pelo menos espero que isso seja verdade e aconteça de facto, para nosso bem (coletivo)!
Quando 10% da população sai propositadamente à rua o mínimo a que nos obrigamos é à reflexão!



sábado, 8 de setembro de 2012

E se o Castelo de Leiria fosse de outra cor

Num destes dias, enquanto passava por uma determinada rua em Leiria tirei uma fotografia ao castelo que se via ao fundo. Uns tempos depois, a propósito da exposição sobre os estudos e reabilitação do Castelo de Leria de Ernesto Korrodi, soube que, muito provavelmente, as telhas do dito castelo teriam sido verdes - muito à semelhança das do castelo de Porto de Mós. Olhando para a fotografia lembrei-me: e se o castelo de Leiria fosse vermelho?

O Castelo Vermelho de Leiria ( tela guardada online no blogue  Desartístico)

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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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