Já está disponível o livro pelo Centro de Património da Estremadura (CEPAE) sobre as “Actas dos colóquios das Reflexões sobre Educação Patrimonial e Artística: homenagem a Ernesto Korrodi”. Foi mais um esforço desta associação que tem tentado mobilizar o voluntariado dos estudiosos do património e a atenção das instituições locais para o património cultural local e regional. Mais investimento dos municípios nesta área ajudaria a identificar melhor os elementos que distinguem os seus territórios e evitar importações culturais indiferenciadas e massificadas.
Nesta última publicação do CEPAE tive a oportunidade de assumir a autoria de um texto que trata a cidade de Leiria como património de conjunto, tal como o papel de Ernesto Korrodi nessa construção e destruição. Não são apenas as obras de arte e os edifícios que se elevam ao estatuto de património cultural, as próprias cidades também o são, pois contam a nossa história e criam os espaços de pertença físicos onde as restantes dimensões da vida social e cultural dos lugares urbanos se desenvolve. Leiria, com mais de 800 anos de história, tem uma rica história urbana para contar. O seu castelo e múltiplos núcleos urbanos medievais estão na génese do povoado. As posteriores expansões e contrações urbanas invocam as vicissitudes passadas pelos leirienses, a sua relação com o rio, com a exploração agrícola do vale do rio Lis, a posição como centro de comércio e os efeitos das invasões francesas. Leiria foi uma cidade medieval multicultural que acabou por entrar num certo conservadorismo. Em meados do século XX a cidade iniciou uma fase exponencial de expansão urbana e um dinamismo económico distintivo, assente na iniciativa das suas gentes.
Os elementos urbanos, grandiosos ou modestos, nobres ou vernaculares, tal como o modo como ocupamos o território, contam esta nossa história coletiva. Estamos perante um património urbano que nos define, mas que tem de continuar a ser utilizado, preservando e adaptado às nossas necessidades de desenvolvimento. Ernesto Korrodi, no seu tempo, deu o exemplo de como o património arquitetónico e urbano poderia ser uma alavanca para o desenvolvimento, sem perder a memória da cidade.
A sustentabilidade urbana depende da conjugação das várias dimensões do desenvolvimento económico, ambiental, social, cultural e da própria governança. O património urbano no seu conjunto tem um papel a desempenhar nessas várias vertentes: faz parte do ambiente construído e não contruído, que nos garante meios de sobrevivência e qualidade de vida; define-nos e reforça a identidade social e individual; cria espaços e elementos de identidade comuns que podem contribuir para uma harmoniosa governança do território; e é uma alavanca económica através das industrias culturais, criativas e até imobiliárias e turísticas.
As nossas cidades não são nem devem querer ser cópias das outras. Uma cidade e o seu património não se fazem somente de edifícios, mas também das suas gentes, atividades e culturas.
Texto publicado no Diário de Leiria
Nesta última publicação do CEPAE tive a oportunidade de assumir a autoria de um texto que trata a cidade de Leiria como património de conjunto, tal como o papel de Ernesto Korrodi nessa construção e destruição. Não são apenas as obras de arte e os edifícios que se elevam ao estatuto de património cultural, as próprias cidades também o são, pois contam a nossa história e criam os espaços de pertença físicos onde as restantes dimensões da vida social e cultural dos lugares urbanos se desenvolve. Leiria, com mais de 800 anos de história, tem uma rica história urbana para contar. O seu castelo e múltiplos núcleos urbanos medievais estão na génese do povoado. As posteriores expansões e contrações urbanas invocam as vicissitudes passadas pelos leirienses, a sua relação com o rio, com a exploração agrícola do vale do rio Lis, a posição como centro de comércio e os efeitos das invasões francesas. Leiria foi uma cidade medieval multicultural que acabou por entrar num certo conservadorismo. Em meados do século XX a cidade iniciou uma fase exponencial de expansão urbana e um dinamismo económico distintivo, assente na iniciativa das suas gentes.
Os elementos urbanos, grandiosos ou modestos, nobres ou vernaculares, tal como o modo como ocupamos o território, contam esta nossa história coletiva. Estamos perante um património urbano que nos define, mas que tem de continuar a ser utilizado, preservando e adaptado às nossas necessidades de desenvolvimento. Ernesto Korrodi, no seu tempo, deu o exemplo de como o património arquitetónico e urbano poderia ser uma alavanca para o desenvolvimento, sem perder a memória da cidade.
A sustentabilidade urbana depende da conjugação das várias dimensões do desenvolvimento económico, ambiental, social, cultural e da própria governança. O património urbano no seu conjunto tem um papel a desempenhar nessas várias vertentes: faz parte do ambiente construído e não contruído, que nos garante meios de sobrevivência e qualidade de vida; define-nos e reforça a identidade social e individual; cria espaços e elementos de identidade comuns que podem contribuir para uma harmoniosa governança do território; e é uma alavanca económica através das industrias culturais, criativas e até imobiliárias e turísticas.
As nossas cidades não são nem devem querer ser cópias das outras. Uma cidade e o seu património não se fazem somente de edifícios, mas também das suas gentes, atividades e culturas.
Texto publicado no Diário de Leiria
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