sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Uma ausência que tentou ausentar a democracia da Assembleia Municipal de Leiria

Acabo de chegar da mais recente Assembleia Municipal de Leiria e não posso dormir sem escrever o que me vai na alma, mesmo a quente e ainda com um transpiração no corpo. Não de calor ou de esforço mas de nervosismo, pois presenciar atitudes que me parecem anti-democráticas é daquelas coisas que verdadeiramente me transtorna! Quem me conhece mais de perto sabe que não minto e que este tipo de postura nem sempre joga a meu favor, não obstante de me ser favorável do ponto de vista da coerência - pelo menos é nisso que gosto de acreditar, porque até me auto-desculpa de alguma possível imbecilidade que me vai prejudicando. Estas palavras seriam despropositadas noutro qualquer lugar mas não num blogue de verdadeiras redundâncias pessoais ou de meras opiniões...
Voltando ao caso concreto. Todos os representantes dos partidos de direita abandonaram a dita Assembleia aquando do inicio da discussão de um ponto pelo partido que represento. Apesar dessa atitude ser um direito que assiste a qualquer dos eleitos para o órgão em causa, esse acto não deixa de ser visto como um profundo manifesto de incapacidade para debater, ouvir e concretizar a democracia! Razão pela qual não pude deixar de proferir, no meu normal jeito atabalhoado para estas coisas, umas curtas palavras lá de cima do púlpito sobre o ocorrido no momento subsequente. Se bem me lembro - até porque outra das minhas imbecilidades é pro vezes deixar de pensar quando falo, daí preferir escrever - foi algo deste género:

"É lamentável que o PSD [Leiria] insista continuamente em querer esquecer o passado. Têm-no feito no que toca à herança da pesada dívida que deixaram e que é da responsabilidade dos seus anteriores executivos. Agora parece que querem esquecer também a herança democrática do 25 de Abril! É lamentável!"

Lamentável, é mesmo lamentável. Para concretizar a democracia precisamos das opiniões e das ideias, não dos silêncios e das ausências...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

“Idiotice” - a falta de participação cívica e de cidadania activa

Cidadania, Democracia e Política são conceitos que estão interligados mas que muitas vezes, por preconceito, desinformação ou desilusão com acontecimentos sobre os quais somos supostamente informados, são vividos separadamente, o que resulta numa “fraca” sociedade civil. Será um problema de (pre)conceitos
Então veja-se. Cidadania, pode ser vista, como o modo do cidadão viver e concretizar a sua integração na sociedade em que se insere – uma relação com direitos e deveres. Política é o modo de actuar, pensar e participar na sociedade, pois o termo advém de polis (que se pode definir como a própria sociedade). Ou seja, fazer política é interessar-se pela sua sociedade e participar activamente em tudo o que dela e a ela diz respeito – uma clara relação com o exercício da cidadania activa. Já a Democracia (que significa «governo do povo»), para que realmente exista em toda a sua plenitude, requer, obrigatoriamente, um conjunto de cidadãos que exercem a sua cidadania de um modo político activo e interventivo. Assim, se os cidadãos - o Povo - não estiverem disponíveis para se governarem o próprio conceito de Democracia simplesmente, enquanto prática, deixa de fazer sentido. Uma democracia sem cidadania activa seria como uma monarquia sem rei – simplesmente não funcionaria ou teria de se chamar outra coisa.

Então, se queremos defender uma melhor Democracia, temos de assumir os nossos actos de cidadania também como políticos (e vice-versa), enquanto acções que expressam o nosso envolvimento, interesse e disponibilidade para contribuirmos para a causa pública. Só os eremitas, que vivem isolados, se podem definir como completamente apolíticos. Este tipo de apologia é tudo menos nova, tem pelo menos 25 séculos de história e remonta ao período grego clássico, especialmente à polis de Atenas - o berço da Democracia. Os antigos gregos chegaram mesmo a inventar um termo pejorativo para caracterizar aqueles cidadãos que se alienavam do exercício da cidadania (ou política). Utilizavam a palavra «Idiotes», que significava “homem privado”, para adjectivar todos aqueles que se excluíam voluntariamente da participação dos assuntos públicos. Mais tarde o termo evoluiu para outros significados. Para os Romanos «Idiota» Significava então alguém com limitadas capacidades e/ou incapacidade de exprimir ideias e levar a cabo actividades complexas.

Hoje infelizmente muitos tornam-se idiotas (segundo o significado grego) devido à acção de outros idiotas (segundo o modelo romano). Que se combata a idiotice através da participação cívica e política!

(Texto publicado no Diário de Leiria em 14 de Fevereiro de 2011 como associado da ADLEI na coluna "Cidadania Activa")

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O basquetebol de rua – desporto e inclusão social

Hoje trago aqui um caso que já tive também oportunidade de referir, enquanto substituto de um colega de bancada, na Assembleia Municipal de Leiria, mais concretamente na sessão extraordinária desse órgão dedicada ao debate sobre as políticas desportivas do concelho.
O caso é bem simples, mas penso que merece a nossa atenção pela importância social e desportiva que tem - desproporcional com o valor patrimonial associado -, e por ter sido, aparentemente, esquecido.

Antigamente, há não muitos anos, antes das intervenções, ao abrigo do Programa Polis, na zona pública de lazer ribeirinha conhecida como o Parque do Avião, existiam vários campos para a prática desportiva de rua. Um deles estava vocacionado, e tinha excelentes condições, para a prática do basquetebol. Nesse espaço, onde muitos jovens e apaixonados pela modalidade praticavam o desporto da sua predilecção, dava-se um importantíssimo, mas nem sempre evidente, fenómeno de inclusão social. Através da prática do basquetebol, os membros mais jovens de muitas famílias recém-chegadas a Leiria, especialmente da comunidade dos PALOPs, interagiam positivamente com os jovens de Leiria e integravam-se harmoniosamente na sociedade leiriense. Aquele simples equipamento desportivo público tinha um importante papel social e de sociabilização até para os próprios naturais de Leiria - muitas amizades se formaram naquele campo. Para além de muitos jovens terem aprendido, através da prática do basquetebol de rua, como é viver numa sociedade que compete partilhando recursos – pois tratava-se de um equipamento de uso público -, foi também a própria modalidade que cresceu e se desenvolveu na cidade, em parte, devido ao campo em causa. Por vezes as coisas mais simples podem ter tremendos impactos sociais, sendo este exemplo apenas mais um entre tantos.

Com a reabilitação e obras que o Parque do Avião sofreu durante a execução do Programa Polis, gerido pelo anterior executivo camarário, o dito campo deixou de existir, e colocou-se apenas uma tabela de basquetebol que, de tão inadequada para o efeito, perdeu o aro pouco depois. Assim, desapareceu o basquetebol de rua em Leiria e perdeu-se um importante e saudável modo de inclusão social. Com a morte do basquetebol rua tem-se vindo a perder também o basquetebol de formação e competição na cidade. Embora um evento não seja a causa directa do outro, a influência é inegável. Hoje o basquetebol de Leiria, considerando todas as suas manifestações, está moribundo e suspira por ser reavivado.

Espera-se que no futuro estas lacunas possam ser colmatadas. Espera-se que Leiria volte a ter basquetebol de rua e tudo o que de bom daí advêm.

(texto publicado em 1 de Fevereiro de 2011 no Diário de Leiria e 10 de Fevereiro de 2011 no Jornal de Leiria)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

10ºIgnite Portugal - uma experiência por uma causa nobre e para recordar

Depois de ter feito um texto mais formal, para o blogue Movimento ANTI-Corrupção, de como foi a participação no 10º IGNITE PORTUGAL no passado dia 12 de Fevereiro em Lisboa, não posso evitar transmitir e deixar aqui um registo mais emotivo e pessoal.
Confesso que me inscrevi para "speaker" no evento, a convite do João Nogueira Santos, com algum receio. Mas, ao mesmo tempo, também com entusiasmo e vontade de experimentar esta nova prova, até porque o faria em nome de uma causa que me parece nobre, importante e merecedora de me sujeitar a este tipo de exposição e stress - a necessidade de apelar ao combate, com todos os meios, especialmente os mais alternativos, à corrupção em Portugal. Primeiro não foi muito fácil sintetizar a informação relativa ao Movimento ANTI-Corrupção e à Petição Combate à corrupção através da consciencialização, informação, formação e educação  em apenas 20 slides de Powerpoint, e muito menos quando esses mesmo slides deveriam passar automaticamente de 15 em 15 segundos, perfazendo um total de 5 minutos de intervenção. Por isso, tive de resumir e comprimir, descodificar e simplificar a mensagem que tem sido trabalhada nos últimos meses acerca destas iniciativas. Limitei-me a: referir alguns dados estatísticos e opiniões de especialistas sobre o tema da corrupção em Portugal; transparecer algumas possíveis explicações para a existência de corrupção em Portugal e de algumas possíveis soluções para o problema; focar a necessidade de combater a corrupção através da educação e da informação;  apresentar a Petição e o próprio Movimento; apelar à consciencialização, para que cada um pense nestes problemas e analise o seu papel - directa e indirecta - na manutenção e persistência da corrupção no nosso país.

Tendo feito a viagem cheguei ao local, almocei com amigos que me acompanharam até ao local do evento - LxFactory. O ambiente onde aconteceu o 10ºIGNITE foi perfeito, era um ambiente descontraído, até quase mesmo "underground". Era a moldura ideal para um dia dedicado à transmissão de ideias inovadoras, capazes de provocar uma ignição intelectual!
Logo na entrada pudemos escolher autocolantes, com diferentes opções de moldura que indicavam as nossas motivações para o evento (algumas opções eram: estou aqui para aprender; estou aqui para inspirar; estou aqui pela cerveja; etc.) e serviam para nos identificar. Uma das regras era tratar todos os participantes por "Tu", independentemente de quem fossem. Havia, no interior do antigo armazém industrial onde se davam as apresentações, que iam acontecendo em painéis temáticos, bancos e bancadas para todos. Os moderadores animavam e ajudavam à festa, o formalismo era coisa a reprimir e os comentários bem-humorados imperavam. As apresentações davam-se em cima de pelo menos duas paletes. Para além das paletes e das centenas de olhos curiosos que fitavam todos os oradores, ou neste caso "speakers", havia um computador e um microfone! Ao fundo da sala todos os "speakers" eram filmados por câmaras dispostas para o efeito e desenhados em forma de cartoon por uma casal de artistas. Durante os intervalos, que aqui eram chamados de "beer-breaks", até porque havia mesmo cerveja disponível para matar a sede, entre outras bebidas, actuavam também músicos e os participantes enveredavam pelo debate informal enquanto bebiam aquilo que mais lhes apetecia. Havia bancas com livros e outros afins.
Toda esta agitação fez o tempo avançar até que chegou a minha vez. Antes de mim falou o João Nogueira Santos sobre a necessidade e importância da participação dos cidadãos participarem nos partidos para melhorar o estado da política e consequentemente do nação, pois era o primeiro orador e cabeça de cartaz do painel de cidadania onde se inseriria a minha intervenção. Tenho de agradecer novamente ao João porque me facilitou  a vida apresentando informalmente, na sua intervenção, o Movimento ANTI-Corrupção.  Quando me levantei e comecei a dirigir ao centro dos focos tinha as mãos geladas. Só aqueceram quando o Miguel Munoz Duarte - organizador e cérebro por de trás do IGNITE em Portugal -, em toda a sua simpatia e boa-disposição, me chamou ao palco, aliás, às paletes. Desejou-me sorte, pois sabia do meu nervosismo, ao que eu lhe respondi - "não estou habituado a estes palcos" -, numa resposta que tentava demonstrar um desajeitado bom humor que alinhava com o dele que era bem mais natural.
Lá fiz a coisa, penso que até nem me engasguei nem hesitei, a voz saiu o melhor possível, apesar da sua fraca qualidade e sonoridade limitada por uma biologia muito própria que é a minha.
O estado de excitação com que acabei, apesar de se calhar nem aparentar, nem me permitiu avaliar os aplausos, se de concordância se de simpatia. Mas pronto, intervenção terminada, missão cumprida!
Agradeci aos amigos que me elogiaram, seguramente muito mais por simpatia do que por outra razão qualquer, e tentei relaxar e aproveitar o resto do evento. Depois do final do último painel temático fomos todos jantar e continuar com a tertúlia volante.
Agradecimento especial pelo cartoon ao Daniel e Carla
Troquei mais umas quantas conversas, tirei uma fotografia ao cartoon que me tinham feito e assisti à prestação, ao estilo de "stand up comedy", de um talentoso humorista que resumiu todo o evento nuns quantos minutos. Com as palavras finais do Miguel, acabou, pelo menos para mim, o 10º IGNITE PORTUGAL.

P.S.: Agradecimento especial à Susana e aos amigos que me acompanharam nesta aventura, à Patrícia, ao Rui, à Tina e ao Bruno.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Uma geração que começa a querer intervir

Começam-se a ouvir os ecos de uma geração que descobriu que precisa de intervir civicamente e politicamente na sociedade em que vive, que precisa de fazer por si para si e para os outros. 
A educação da-nos ferramentas intelectuais para não ficarmos inertes. 
A necessidade faz o engenho! 
Que esta nossa educação se concretize em algo mais do que queixumes! 
Vamos a isso? 
Parabéns aos Deolinda por nos despertarem!

Concorda com a redução do financiamento ao ensino particular e cooperativo?

Na verdade temos de nivelar o ensino por cima, mas com equidade entre todos. Novamente neste, como noutros casos, parece difícil ao cidadão comum ter uma opinião séria sobre o assunto. Afinal quem fala verdade, Governo ou Escolar Privadas e Cooperativas de Ensino? Provavelmente todos falam a sua "verdade" pois todos têm a sua "razão", até porque cada caso deve ser um casos e estes cortes seguramente que promovem tanto justiça como injustiça. Quem nos informará verdadeiramente sobre o que pensar?
Comentário à questão em epígrafe lançada no facebook do semanário regional REGIÃO DE LEIRIA. Apenas foi publicada a parte aqui identificada a vermelho.
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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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