quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O basquetebol de rua – desporto e inclusão social

Hoje trago aqui um caso que já tive também oportunidade de referir, enquanto substituto de um colega de bancada, na Assembleia Municipal de Leiria, mais concretamente na sessão extraordinária desse órgão dedicada ao debate sobre as políticas desportivas do concelho.
O caso é bem simples, mas penso que merece a nossa atenção pela importância social e desportiva que tem - desproporcional com o valor patrimonial associado -, e por ter sido, aparentemente, esquecido.

Antigamente, há não muitos anos, antes das intervenções, ao abrigo do Programa Polis, na zona pública de lazer ribeirinha conhecida como o Parque do Avião, existiam vários campos para a prática desportiva de rua. Um deles estava vocacionado, e tinha excelentes condições, para a prática do basquetebol. Nesse espaço, onde muitos jovens e apaixonados pela modalidade praticavam o desporto da sua predilecção, dava-se um importantíssimo, mas nem sempre evidente, fenómeno de inclusão social. Através da prática do basquetebol, os membros mais jovens de muitas famílias recém-chegadas a Leiria, especialmente da comunidade dos PALOPs, interagiam positivamente com os jovens de Leiria e integravam-se harmoniosamente na sociedade leiriense. Aquele simples equipamento desportivo público tinha um importante papel social e de sociabilização até para os próprios naturais de Leiria - muitas amizades se formaram naquele campo. Para além de muitos jovens terem aprendido, através da prática do basquetebol de rua, como é viver numa sociedade que compete partilhando recursos – pois tratava-se de um equipamento de uso público -, foi também a própria modalidade que cresceu e se desenvolveu na cidade, em parte, devido ao campo em causa. Por vezes as coisas mais simples podem ter tremendos impactos sociais, sendo este exemplo apenas mais um entre tantos.

Com a reabilitação e obras que o Parque do Avião sofreu durante a execução do Programa Polis, gerido pelo anterior executivo camarário, o dito campo deixou de existir, e colocou-se apenas uma tabela de basquetebol que, de tão inadequada para o efeito, perdeu o aro pouco depois. Assim, desapareceu o basquetebol de rua em Leiria e perdeu-se um importante e saudável modo de inclusão social. Com a morte do basquetebol rua tem-se vindo a perder também o basquetebol de formação e competição na cidade. Embora um evento não seja a causa directa do outro, a influência é inegável. Hoje o basquetebol de Leiria, considerando todas as suas manifestações, está moribundo e suspira por ser reavivado.

Espera-se que no futuro estas lacunas possam ser colmatadas. Espera-se que Leiria volte a ter basquetebol de rua e tudo o que de bom daí advêm.

(texto publicado em 1 de Fevereiro de 2011 no Diário de Leiria e 10 de Fevereiro de 2011 no Jornal de Leiria)

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