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terça-feira, 26 de março de 2013

Necessidade de Energias Sustentáveis

As Energias Renováveis têm de ser parte incontornável do futuro! Sem dúvida que interessa ter fontes inesgotáveis de energia, mas o facto de serem renováveis não resolve, por si só, o nosso problema energético e os impactes ambientais associados.
Mais que “Energias Renováveis”, de um modo pragmático, precisamos de “Energias Sustentáveis”! Nem sempre “renovável” é sinónimo de “sustentável”, e por vezes as não renováveis, a curto prazo, até podem ser as mais racionalmente sustentáveis. Polémicas à parte, o problema energético exige análise cuidada, e no caso português mais ainda, pois a nossa dependência energética externa condiciona o nosso desenvolvimento. Importa fazer balanços dos gastos e ganhos, comparando energias despendidas e produzidas. Pode bem acontecer gastar-se mais energia não renovável nos processos de implementação e utilização (produção, logística, construção, transporte, armazenamento, etc.) das energias renováveis do que a quantidade de energia limpa por elas produzida. Assim, em certos casos, o saldo pode ser negativo, a todos os níveis. Mas essas limitações devem ser analisadas com muita cautela, pois as energias não renováveis, como todos sabem, podem causar, para além dos impactes ambientais decorrentes da sua normal obtenção, verdadeiras calamidades!


Por vezes, para que possamos usar, no dia-a-dia, energia dita limpa, proveniente das renováveis, muitos foram já os custos energéticos provenientes de outras fontes altamente lesivas para a garantia da sustentabilidade económica e ambiental. Daí ser imperativo analisar cada caso e fazer o devido cálculo energético.
Pelos menores impactes ambientais, e por ainda estarem em fase inicial de desenvolvimento e implementação, as energias renováveis tendem a ser subsidiadas pelos Estados. Isso pode ser mais um problema, pois os fundos públicos são cada vez mais exíguos, sem fundos para que se financie algumas potenciais insustentabilidades.
Assim, de futuro, precisamos de energias verdadeiramente sustentáveis, renováveis ou não. Precisamos de garantir as nossas necessidades energéticas através das tecnologias de menores custos (implementação, produção, manutenção, ambientais e outros). Até lá teremos de continuar a investigar para tentar atingir esse objetivo, mas enquanto a utopia não se concretiza, cada um de nós vai querer continuar a ligar o interruptor e a pagar o mínimo possível por isso.

Texto publicado no Diário de Leiria, Jornal de Leiria e Diário as Beiras

terça-feira, 27 de março de 2012

Apresentação da tese sobre a Mobilidade e Transportes no Centro Histórico de Leiria no Seminário de Engenharia Civil sobre Planeamento


Escrevo estas palavras um tanto ou quanto aliviado e descomprimido depois do dia de hoje. Pela primeira vez expus publicamente a tese que elaborei, no âmbito do mestrado de energia e ambiente, sobre a Mobilidade e Sistema de Transportes do Centro Histórico de Leiria. Apesar do nervosismo do momento de obtenção da nota da avaliação da tese já ter passado há muito, hoje foi um dia de um teste igualmente importante, se não mais. Conjuntamente com os restantes colegas de painel de oradores no seminário (tratando temas do planeamento como a hidrologia e o urbanismo), onde estava um antigo professor que muito me alegrou voltar a rever - agora numa relação e papeis bem diferentes -, pudemos apresentar os nossos estudos aos alunos das licenciaturas e mestrados de engenharia civil, a vários técnicos do município de Leiria, a outros técnicos de outras autarquias vizinhas (saliento também os que se deslocaram vindos da Marinha Grande), a um público que se deslocou à ESTG por ter tido interesse no assunto, e muito especialmente ao nosso presidente da Câmara de Leiria que foi tirando as suas notas enquanto assistia às intervenções. Igualmente importante foi a presença de muitos professores do Departamento de Engenharia Civil e do próprio Diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria.


Apesar da pressão associada, este pareceu-me um desafio importante a ultrapassar. Independentemente da qualidade que este tipo de trabalhos possa ter, parece-me imperativo que sejam tornados públicos, disponibilizados: aos técnicos, à comunidade académica, ao público em geral e aos decisores políticos. Só assim os estudos académicos terão a ligação e aplicabilidade, ainda que não possam por si só ser soluções finais, mas pelo menos podem contribuir para algumas possíveis resoluções e dinamizações. Estudos e projetos feitos para ficar na gaveta de pouco ou nada servem, isso seria até um desperdício de recursos, mesmo que feitos em regime de voluntariado académico - como foi o caso.
Acabo este registo com algumas conclusões, sobre dois assuntos distintos: um ligado a este tipo de estudos; outro sobre a tese em si. 
Como já referi, no mundo académico, especialmente aquando dos trabalhos que se fazem no âmbito da formação formal, deveria haver cada vez mais preocupação em  tornar  os estudos objetivos e de os orientar para que possam resultar em algo prático e útil, até porque formar um licenciado ou mestre é um investimento dos próprios estudantes e do Estado. Logo, há que aproveitar essas sinergias e valências. 
Sobre as conclusões do estudo que elaborei, salientava: a necessidade de melhorar a redes de transportes e a mobilidade do centro histórico para que uma reabilitação e revitalização geral possa acontecer. Para isso será necessário apostar na intermodalidade, considerando o uso dos transportes públicos (preferencialmente elétricos) devidamente adequados à zona e os modos suaves (andar a pé, bicicleta e outros), articulados com parques de estacionamento da periferia em sistema "Park & Ride". O uso do automóvel deve ser limitado para moradores. Deve ser elaborado um novo plano de abastecimento, cargas e descargas da zona, pensado para a revitalização económica do centro histórico, ambientalmente sustentável. Será necessário requalificar fachadas, melhorar a iluminação, aumentar a limpeza, melhorar os pavimentos e colocar mobiliário urbano de apoio aos modos suaves. Apostar também na vigilância ativa e passiva para mais segurança. O rol de medidas e estratégias continua, mas fico-me por aqui.
O cento histórico apresenta muitos desafios, mas para que a zona possa ter futuro terão de haver planos multidisciplinares, investimento público e privado, consciencialização dos moradores e utentes, e novas parcerias de intervenção públicas e privadas, quiçá até cívicas e de cidadania. 
Para mais informações basta contactar. Agora vou descansar que amanhã é dia de trabalho noutras áreas da engenharia!



segunda-feira, 5 de março de 2012

Intervenção na AML: Sugestão para nos períodos de seca se limparem e planearem alargamento dos sistemas de drenagem pluvial

Partilho aqui a minha intervenção na última Assembleia Municipal de Leiria (24-02-2012) feita no período antes da ordem do dia, a propósito da necessidade de planear limpezas e alargamentos da capacidade dos sistemas de drenagem de águas pluviais em Leiria.


Fonte:  http://www.snoron.com/view-rain_drops_at_night-wide.html


Gostaria de pedir alguns esclarecimentos ao executivo camarário, e ao mesmo tempo fazer algumas sugestões, esperando que possam ser úteis. Faço-o por ser, independentemente de qual o partido pelo qual fomos eleitos, nosso papel como membros da Assembleia Municipal: sugerir, questionar e fiscalizar, no que nos for possível, a atividade do município.
Então a questão/ sugestão é a seguinte. Porque os tempos sã ode escassez de chuva, porque é nesta altura que tendem a ficar colmatados e a entupir os sistemas de drenagem de águas pluviais, e ser a altura ideal para planear, porque é cada vez maior a área urbana e periurbana impermeabilizada, porque o clima está cada vez mais instável e de extremos, porque mais tarde ou mais cedo a chuva virá em grandes quantidades, porque as zonas ribeirinhas do concelho sempre foram historicamente suscetíveis de sofrer inundações: Tem o município tomado as devidas precauções de limpeza e pensado na melhoria e aumento da capacidade de vazão e escoamento dos sistema públicos de águas pluviais em funcionamento?, isto ainda que saibamos que os financiamentos e fundos para execução de grandes obras não abundem.

sábado, 31 de dezembro de 2011

Vai uma prendinha de cidadania para garantir a providência?

A austeridade está ai, mas para o ano será ainda maior. Como responder a isso, especialmente quando o Estado, por via do Governo, deixar de garantir algumas funções que poderiam amenizar ou suavizar esse choque? O atual Governo, devido à crise e pela ideologia em que assentam as suas políticas, tenderá a acabar com a construção de um Estado Providência. 

Como nestas épocas de instabilidade a providência será cada vez mais necessária, provavelmente terá de ser a própria sociedade a encontrar as soluções para as atuais e novas privações. Com a redução do papel de intervenção e garante do bem-estar às populações por parte dos Estados, para garantirmos alguma providência teremos, especialmente em Portugal, de reinventar a Sociedade Providência. Deveremos então voltar ao passado e trabalhar em comunidade, para a comunidade, de modo a garantir um certo nível de providência? No passado isso era possível, por exemplo na construção de habitações, onde toda a comunidade ajudava na construção das casas dos vizinhos. Hoje, regulamentos e leis, que fazem todo o sentido em nome da segurança, qualidade e da redução dos impactes ambientais, patrimoniais e afins, dificultam muita da ajuda do coletivo. Hoje será praticamente impossível fazer uma habitação sem recurso a crédito, pois os prazos de obra não permitem “ir construindo”. Mas, mesmo assim, ainda muito se pode contribuir para uma dita Sociedade Providência, existem muitas maneiras de garantir a imperativa providência e compensar a não resposta Estatal. Não defendo que o Estado e a Administração Local Autárquica devam ser diminuídos nas suas responsabilidades, mas como os financiamentos, por todas as razões e mais algumas, tenderão a ser reduzidos, temos de encontrar alternativas para responder as dificuldades que vão passar muitos portugueses.
Para falar de cidadania, e de a relacionar com a Sociedade Providência, nada como alguns casos práticos para a exemplificar. Um exemplo simples e tangível pode ser: se tivermos um “buraco” na nossa rua, se formos reclamar a quem de direito e não houver dinheiro para reparar, uma solução será, com autorização das entidades responsáveis, fazer uma intervenção em jeito de trabalho voluntário e coletivo entre todos os moradores. Com esta opção dá-se uma lição de cidadania e um exemplo que poderá aproximar os cidadãos dos problemas da gestão pública e contribuir para um maior envolvimento na própria comunidade; dá-se um exemplo de “ir para além das obrigações” em prol de todos. Lembro outro caso recente de demonstração cívica na causa ambiental que poupou fundos públicos e foi para além das obrigações cívicas dos envolvidos: a iniciativa limpar Portugal. Muitos mais exemplos existem, tais como as recolhas de alimentos e outros bens para posterior distribuição. Assim, se seguirmos estes e outros exemplos, quando as coisas melhorarem – temos de esperar e fazer para que melhorem pois insustentável é viver sem esperança – os cidadãos poderão contribuir ainda mais e melhor para uma sociedade mais responsável - esperando que o Estado o seja também -, com mais empatia e capacidade de entreajuda. Nada como fazer para depois poder exigir!
Em jeito de conclusão e alusão à quadra festiva que vivemos: darmos uns aos outros outra atitude cívica e uma cidadania mais ativa será a melhor prenda para este Natal e para um ano novo que se avizinha difícil!

Texto publicado no Diário de Leiria em 22 de Dezembro de 2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria sobre conflitos de tráfego rodoviário

Para a cidade de Leiria já muitos foram os estudos viários, de tráfego e transportes elaborados. Muitos deles – se não mesmo todos – referem casos preocupantes ao nível da mobilidade, défices e incapacidade para escoar tráfego, pelos vários modos de transporte, em várias zonas da cidade. Para além de barreiras à mobilidade, é a própria segurança de peões e veículos que está em causa. As razões para isso são várias e a origem é tanto de hoje como do passado.
A malha viária urbana da cidade sofre, ainda, de algumas incoerências, ao nível: da hierarquia viária, das ligações, das políticas de estacionamento e até do controlo policial. Por outras palavras: as principais vias arteriais – aquelas que têm como função, acima de tudo, escoar tráfego de passagem - nem sempre formam uma rede conexa, o que diminui a capacidade de escoamento de tráfego; nem sempre as vias de acesso local – aquelas que têm como principal função a acessibilidade e não a velocidade e quantidade de tráfego que canalizam – nem sempre têm as infraestruturas adequadas construídas, e nem sempre estão organizadas e sinalizadas para o efeito, criando barreiras que geram congestionamentos, estacionamento intrusivo que leva à invasão de passeios, e outras zonas pedonais, que colocam a segurança de peões em risco; ainda de salientar também a existência de zonas heterogéneas sem política coerente de estacionamento, que criam bolsas de estacionamento gratuito rodeadas de outras pagas, formando-se assim acréscimos de tráfego e congestionamentos em busca de estacionamento gratuito. 
De notar os veículos estacionados em 2ª fila na Rua da Restauração
Um exemplo de tudo isso, um entre tantos outros, é o da Rua da restauração – uma das vias transversais à Avenida Marquês de Pombal – onde o estacionamento é gratuito, e que serve de escape aos veículos que evitam o parqueamento pago da avenida adjacente. Com essa pressão de procura, e porque falta ainda a reabilitação de muitas ruas semelhante a essa, é corrente existirem veículos estacionados em 2ª e 3ª fila, entupindo o escoamento da grande quantidade de tráfego que flui pela zona, aprisionando os veículos devidamente estacionados e colocando em risco a segurança de peões; de salientar que nessa zona, por haver várias escolas nas proximidades, há todos os dias crianças em risco. Assim, sugiro que, este e todos os casos semelhantes, possam ser intervencionados o mais rapidamente possível, sendo que muitas vezes, à falta de civismo ao volante, falta também controlo policial preventivo. Provavelmente, se nessas zonas o estacionamento fosse pago, a presença da polícia e da multa seria mais notória. A opção de cobrar estacionamento em ruas deste tipo, onde importa assegurar elevados níveis de serviço de tráfego e acessibilidade, seria uma opção defensável e apropriada, podendo ser disponibilizado sempre o devido estacionamento gratuito para moradores, mediante comprovativo.
Estes problemas de tráfego, e muitos outros, como temos constatado têm estado na mira do Município, pois, pela concretização de várias obras recentes, já muitas ruas foram intervencionadas, garantindo o ordenamento do tráfego e do estacionamento, evitando os conflitos modais – conflito entre automóveis e peões. Casos disso são, a título de exemplo, entre muitas outras, a Rua Tenente Valadim e a Avenida Ernesto Korrodi. Esperamos que de futuro mais ruas e avenidas possam ser intervencionadas, tentando diminuir também os efeitos das próprias obras. Esperamos que se possam promover mais os modos suaves – o andar a pé, de bicicleta e outros -, reduzir os efeitos nefastos do excesso de veículos nos centros urbanos e, sendo ainda mais esperançosos, almejar o reforço do transporte público, cómodo e de reduzidos impactes ambientais.
Aproveito para questionar a Câmara Municipal sobre o decorrer dos trabalhos de reabilitação viária da Avenida Marquês de Pombal
Uma vez que faço uma intervenção sobre transportes e rodovias, não posso ignorar as recentes obras e intervenções que tem sofrido o IC2 e respetivas ligações. Mesmo sabendo da complexidade dos trabalhos em causa – especialmente difíceis pois a via em causa continuou sempre em funcionamento, à exceção de pequenos períodos de tempo – há que exigir mais e melhor sinalização e preocupação para com os utentes do IC2. São vários os casos de automobilistas que se têm enganado nos nós rodoviários improvisados e novas ligações definitivas. Por isso, fica também o meu apelo a que as Estradas de Portugal, enquanto Dono de Obra, exija e garanta mais e melhor sinalização nos nós rodoviários associados ao alargamento e ligações do IC2.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Madeira – um mau exemplo de autonomia e responsabilidade

Se a Madeira a muitos de nós [continentais] passava, mais ou menos, despercebida e muitas vezes só pensávamos nela como um destino interno turístico, isso agora mudou. Se víamos o Presidente do Governo Regional da Madeira como um político e líder caricato, irreverente e estranho (tendo em conta a realidade política nacional), isso hoje também mudou. Não há hoje português - continental ou insular - que veja a Madeira e o seu Governo Regional da mesma maneira. A preocupação, desconforto e revolta instalaram-se nos portugueses…
Se andávamos preocupados com as nossas finanças públicas e se a desconfiança, por parte dos cidadãos, pesava cada vez mais sobre os nossos governantes, que pensar agora? Como poderemos confiar em alguém? Aliás, será que confiar é o tipo de sentimento que os cidadãos devem ter perante os seus políticos? Sim, penso que isso deveria acontecer, mas só se os próprios cidadãos começarem a assumir mais o seu próprio papel de intervenção política, aquele que se supõe que tenham numa democracia participativa como a nossa. Ou seja, temos de participar mais politicamente para mais exigir dos nossos políticos! Importava passar a tratar a classe política pela primeira pessoa e não pela terceira, deveria haver de facto uma revolução cívica de participação política: passar do "eles" para o "nós". Se não confiarmos em nós, em quem mais confiaremos? Confiando ou não, pelo menos seriamos sempre responsáveis e responsabilizados pelo que fizéssemos politicamente.
Voltando ao caso da Madeira e à sua autonomia especial. Do dito arquipélago foi-nos dado mais um mau exemplo político e cívico: autonomia na irresponsabilidade de fazer despesa e dependência no assumir dos encargos. Não há democracia que resista a cidadãos que usem a sua liberdade para a irresponsabilidade, esperando que outros assumam o resultado dos seus actos. Pior ainda é quando os cidadãos com responsabilidades políticas fazem o mesmo em nome de todos os outros. Mas aqui o problema é de base e relaciona-se com a ética. Poderão todos os cidadãos, especialmente os que reclamam a mais alta voz, dizer que têm exercido a sua cidadania de um modo pleno para que nenhuma culpa lhes seja também atribuída?
Independentemente disso, e porque ainda há cidadania responsável em Portugal, poderiam os cidadãos íntegros exigir ao Governo Regional da Madeira viagens em pensão completa de modo a poderem usufruir de todo o investimento que agora terão de suportar?
Só espero que um dia os cidadãos dos outros Estados-membros da União Europeia não tenham a mesma ideia e exijam o mesmo aos portugueses do continente

(Texto publicado no Diário de Leiria em 27 de Setembro de 2011)

domingo, 12 de junho de 2011

Participaçação das Jornadas de Engenharia Civil 2011 da ESTG-IPL

No passado dia 9 de Junho tive a oportunidade de participar em algo que nunca pensei aquando dos meus anos de estudante de engenharia civil. Nunca pensei um dia ser eu um dos oradores das Jornadas de Engenharia Civil. Pois é, mas o improvável aconteceu e neste ano de 2011 coube-me a mim o papel de ser o orador com a missão de transmitir a perspectiva de um antigo aluno do curso e de alguém que, depois de concluir a licenciatura, trabalha na área e até continuou a estudar.

Entre os oradores desta edição das Jornadas Pedagógicas de Engenharia Civil  de 2011 da Escola Superior de Tecnologia de Gestão de Leiria estavam: Luís Távora, Director da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, para a sessão de abertura; Paulo Fernandes, coordenador do Mestrado de Construções Civil, também para a sessão de abertura e introdução dos oradores;  Sandra Alves, dos Serviços de Apoio ao Estudante (SAPE), com o tema "Estudar com Sucesso no Ensino Superior"; eu próprio, como antigo aluno, actual engenheiro em actividade e estudante de mestrado, com o tema "De Estudante a Engenheiro, que sempre vai estudar"; Filipe Marques, administrador da MOMSTEEL, com o tema "O Ensino e as Empresas: A Experiência da MOMSTEEL com o Curso de Engenharia Civil, na Área de Estruturas Metálicas"; António Mota, Presidente do Grupo Mota - Engil, com o tema "Os Caminhos da Internacionalização"; Cristina Machado, Presidente Nacional do Colégio de Engenharia Civil, com o tema "A Ordem dos Engenheiros como entidade reguladora da actividade de Engenharia"; Luísa Gonçalves, coordenadora da Licenciatura em Engenharia Civil, para o encerramento das Jornadas com um resumo das intervenções.

Confesso que estava nervoso, mas também altamente motivado por poder transmitir alguma da minha experiência. Tal responsabilidade obrigou-me ao planear do acto. Para tal tentei centrar-me nas minhas vivências, enquanto aluno e profissional da área, de modo a ilustrar o que pretendia transmitir; tentei também que a apresentação e intervenção fosse informal e decorressem num tom de proximidade com o público - neste casos maioritariamente alunos e professores de engenharia civil.
 Deixo então aqui um breve resumo do que quis e tentei transmitir:
Sem motivação, foco e gosto não se consegue sucesso académico, é preciso querer realmente ter o curso que se estuda; o curso de engenharia civil é trabalhoso, é preciso gerir tarefas (ou o tempo se preferirem), é preciso saber optar e priorizar trabalho e estudo; todas as cadeiras são importantes, não houve uma única que não me tenha sido útil até gora; todos os apontamentos e informação que se recolhe é valiosíssima, há que guarda-la pois será de extrema importância aquando da entrada no mercado de trabalho; há que aproveitar todo o apoio que colegas e docentes podem prestar, especialmente as horários dos docentes para esclarecer dúvidas; é importante passar aprendendo porque é certo que esses saberes serão necessários depois em exercício de funções de engenharia; quem sai com um curso superior está apto a aprender; é necessário humildade, especialmente para aprender com os mais experientes, independentemente das suas formações; necessidade de trabalhar em equipa, da multicisciplinariedade; necessidade de constante formação e aprendizagem; importância de ser membro das ordens profissionais; o facto dos alunos de engenharia da ESTG estarem tão bem preparados como os restantes de outras escolas, provando-o o sucesso nos antigos exames de admissão à Ordem dos Engenheiros - quando fiz exame todas as perguntas se adequavam à matéria leccionada em Leiria nos cursos de 5 anos; importância da ética e deontologia na profissão; as oportunidade diversificadas de formação de Bolonha; o papel dos engenheiros na sociedade civil, de como os seus conhecimentos são essenciais e necessários à vida pública e cidadania activa; é missão do engenheiro ser um Cidadãos com "C" grande; etc...

Esta foi uma experiência muito gratificante e não me importava, sinceramente, de a repetir, mas importa é que os novos alunos conhecer novas experiências e as minhas agora são coisa do passado. Gostei imenso de ter podido interagir com os novos estudantes de engenharia civil - que até me colocaram questões no intervalo -, gostei de voltar a ver os rostos dos meus antigos professores. Gostei das palavras amistosas que troquei no intervalo e no final da conferência. 
Gostei de facto! Por isso só posso agradecer o convite à professora Luísa Gonçalves e ao professor Paulo Fernandes.

Espero ter estado à altura do evento, do curso e da plateia.


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria sobre o Mobilis

Felizmente nem tudo o que se herdou na autarquia é negativo e de depreciar. Exemplo disso é a rede rodoviária urbana de transportes públicos, um caso de sucesso e de desenvolvimento sustentável. É mais que justo afirmar que o Mobilis foi uma boa herança. Justo será também dizer que a continuidade dada ao projecto e as reformulações implementadas pelo actual executivo foram muito benéficas.
 Nenhuma cidade se pode dizer desenvolvida ou sustentável sem um eficiente, fiável e confortável sistema de transportes públicos. Pois, na medida em que cresce a utilização desses meios de transporte, decresce o número de veículos na estrada e seus efeitos poluidores – reduzem-se as emissões gasosas, o ruído e a ocupação de áreas nobres das cidades pela presença dos ditos veículos. Tal aposta, indirectamente, até contribui para a melhoria do equilíbrio da balança comercial nacional, pois reduzimos a necessidade e importar combustíveis. Por fim, e não menos importante, viajar em transportes públicos permite, em simultâneo com o próprio acto de viajar, actividades de lazer e sociabilização entre utentes, potenciando, directa e indirectamente, a coesão, equidade e empatia social.
No caso de Leiria, pela sua dimensão e morfologia urbana, a adopção de autocarros de média dimensão - versáteis e confortáveis – mostrou-se adequada!

O sucesso do Mobilis evidencia-se pelo crescimento do número de passageiros. Se em 2006 se transportaram 178.976 passageiros, no ano passado, em 2010, já mais de 450.930 pessoas optarem pela utilização do Mobilis. Esta tendência, de crescimento de mais de 20% ao ano, deve-se principalmente a dois factores: primeiro, e acima de tudo, à actual crise económica, mais concretamente à escalada dos preços dos combustíveis; em segundo, também, à reformulação que o actual executivo fez nos percursos, que permitiu optimizar todo o sistema.
Assim, é de salutar a capacidade da actual gestão autárquica em continuar e aperfeiçoar esta herança já de si positiva. Por outro lado, é de salientar que com o aumento do número de passageiros é o próprio sistema de transportes urbanos que ganha outra sustentabilidade, pois quantos mais passageiros transportar menor será o peso a suportar pelo município para manter o sistema em funcionamento.

Só de 2009 para 2010, e também em 2008 - justiça seja feita -, o número de passageiros transportados aumentou em cerca de 100.000 ao ano. Este crescimento é sinal de que os leirienses valorizam o serviço, e que começam a existir condições para o alargar a outras zonas. Mas, quando se fala em alargar a rede há que ser claro! Esse alargamento não pode passar por aumentar a extensão dos circuitos existentes, pois tal aumentaria a frequência dos autocarros – já entre os 10 e 20 minutos -, o que tornaria o sistema ineficaz e disfuncional. O alargamento teria de passar pela criação de novos circuitos para novas zonas da cidade, mantendo ou reforçando também com mais veículos os actuais. Por exemplo, seria benéfico servir a maior freguesia do concelho – Marrazes –, a sua população residente e equipamentos e infra-estruturas mais relevantes. Pelo menos um novo circuito que servisse esta zona seria seguramente uma mais-valia.
Para além de novos circuitos, outras melhorias são necessárias ao modelo original. Tendo em conta que os veículos em sim são excelente e muito adequados ao fim que se destinam, dever-se-ia agora apostar na melhoria das paragens, construindo mais e melhores abrigos, dotados de modos de transmissão de informação aos utentes sobre os itinerários e a chegada dos autocarros. Tal poderia ser conseguido com as mais recentes tecnologias de informação – algo muito em voga noutras paragens, noutras cidades e países. Desde o inicio do projecto em 2005 que as paragens estão aquém do desejável, mas neste, como em qualquer outro caso, nada se faz sem um princípio, devendo posteriormente prevalecer a melhoria contínua. Melhorias que se têm feito e que espero que se continuem a fazer de futuro.

A actual conjuntura é de crise, tanto a nível económico como ambiental, por isso, a aposta do Município na melhoria dos transportes públicos é na minha opinião essencial, ou não fossem esse um modo de garantir a preservação ambiental, e o acesso a um meio de transporte de qualidade com custos muito acessíveis – potenciador de equidade social.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria sobre o desaparecimento do basquetebol de rua na cidade de Leiria

Já que falamos de políticas desportivas, não podemos esquecer o papel do desporto de rua enquanto lazer e modo de integração social. Para um enquadramento deste relacionamento começo por citar umas palavras de um amigo antropólogo e praticante de basquetebol, de seu nome Edgar Bernardo. Passo a citar:
As sociedades contemporâneas vêm no lazer, nomeadamente no desporto, uma forma de equilibrar os indivíduos, uma oportunidade de relaxar, melhorar a forma física, e reforçar a interacção e a estabilidade familiar e cultural. O desporto é uma actividade que provoca reacção e consequências no tecido social, não devendo ser subvalorizada a importância para o combate à exclusão e à segregação social.” Fim de citação.
Esta anterior citação relaciona-se com um caso bem concreto, e que provavelmente passou despercebido a muitos leirienses. Antigamente, antes das intervenções, ao abrigo do Programa Polis, na zona pública de lazer ribeirinha conhecida como o Parque do Avião, existiam vários campos para a prática desportiva de rua – espaços de verdadeira sociabilização e prática desportiva aberta a todos, a todos, reforço! Um deles estava vocacionado, e tinha excelentes condições, para a prática do basquetebol. Nesse espaço, onde muitos jovens e apaixonados pela modalidade praticavam o desporto da sua predilecção, dava-se um importantíssimo, mas pouco evidente, fenómeno de inclusão social. Através da prática do basquetebol, os membros mais jovens de muitas famílias recém-chegadas a Leiria, especialmente da comunidade dos PALOPs, interagiam positivamente com os jovens de Leiria e integravam-se harmoniosamente na sociedade leiriense. Aquele simples equipamento desportivo público tinha um importante papel social, mesmo se pensarmos apenas do ponto de vista dos naturais de Leiria, já para não falar da promoção do desporto em causa. Com a reabilitação e obras que o Parque do Avião sofreu durante a execução do Programa Polis, gerido pelo anterior executivo, o dito campo deixou de existir, e colocou-se apenas uma tabela de basquetebol que, de tão inadequada para o efeito, perdeu o aro pouco depois. Assim, desapareceu o basquetebol de rua em Leiria e perdeu-se um importante e saudável modo de inclusão social.

Apesar de consciente das dificuldades financeiras que herdou do anterior executivo, e já que falamos de desporto - dificuldades que nem com grande ginástica se resolvem facilmente, -, peço ao Senhor Presidente para que considere, assim que possível, a reabilitação de um dos campos existentes, ou a construção de um novo, para a prática do basquetebol de rua em Leiria - tendo em conta todos os aspectos positivos que daí advêm

(Esta intervenção enquadrou-se numa sessão extraordinária da Assembleia Municipal de Leiria dedicada às políticas desportivas)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Engarrafamentos e inundações para todos os gostos

Neste fim-de-semana prolongado caiu forte a chuva e o vento, que, como é habitual, derrubaram árvores, inundaram algumas casas, entupiram sarjetas e demais sistemas de drenagem pluvial, e até molharam uns quantos transeuntes desprevenidos – tudo normal. 
Entupidas também têm estado as vias de acesso a Leiria nestes dias em que, devido às obras de alargamento e reformulação do IC2 – obra mais que necessário para Leiria -, muitos dos habituais acessos estão cortados ou reduzidos a uma capacidade insuficiente para a quantidade de veículos que a eles afluem - situação que nada beneficiou do mau tempo. 
Como seria então se, a agravar estes problemas, tivéssemos nas estradas de Leiria condutores a fugir das antigas SCUTS? Mas o fenómeno das SCUTS, felizmente e infelizmente, não nos afecta, isto porque: as auto-estradas da região já tinham portagens - nada sentiremos a mais nas despesas e a menos na carteira; não as tendo, também não recolhemos os efeitos positivos do aumento da utilização dos transportes públicos, devido aos que finalmente optaram pela utilização do transporte público em detrimento do insustentável, e cada vez mais dispendioso, veiculo privado – pena que nas pequenas e médias cidades (como Leiria) não existam o mesmo tipo e qualidade de transportes públicos, nós realmente é que não temos alternativas.
Igualmente inundados e congestionados estão os nossos noticiários televisivos. Atulhados de pessimismo e de noticias que estão ao nível do “bitaite” sobre economia e finanças. Já ninguém suporta os actuais noticiários, a eles e aos especialistas que nos querem formar em economia com base em subjectividades, misturadas com teorias e dados para as quais não temos a formação base necessária para compreender – falta-nos formação para lidar com tanta informação (falsa e verdadeira), o que leva à contra-informação.
Todas estas inundações e congestionamentos têm resolução, e, já que todo o Portugal opina, também eu vou deixar aqui as minhas propostas de solução enquanto modo de participação nesta nossa democracia – a democracia participativa do “bitaite”. 
Então aqui vai: para os telejornais basta desligar a TV e, se preferirmos, optar por ler nos jornais ditos “sérios” as noticias que realmente nos possam interessar; para as chuvas, há que limpar e reformular os sistemas de drenagem, tal como planear a ocupação do território; Para as obras, basta esperar que acabem, pois o Natal está ai e os valores do consumismo, tão próprios da quadra, farão pressão para que o tráfego flua sem dificuldades rumo às catedrais do consumo.

(texto publicado dia 4 de Novembro de 2010 no Jornal de Leiria e dia 5 de Novembro de 2010 no Diário de Leiria)

sábado, 2 de outubro de 2010

T.G.V. – Transporte que pode trazer Grandes Vantagens!

Todos nos lembramos daquele fenómeno geológico islandês que paralisou a Europa durante vários dias. Bastou um fenómeno natural, uma nuvem repleta de partículas incandescentes expelida por um vulcão de nome complicado perdido lá longe, para que se provasse que o nosso sistema de transportes [português e europeu] é frágil e de que não temos verdadeiras alternativas ao avião para transportes de longa distância.
Os projectos trans-europeus de transportes, que prevêem uma aposta significativa nos caminhos-de-ferro, têm sido de execução morosa. A linha de alta velocidade (TGV) em Portugal faz parte desses projectos estratégico para o desenvolvimento regional e europeu – ou não fosse a ferrovia um dos modos mais sustentáveis de transporte. Mas para que esta obra se realize temos de a defender, caso contrário é mais uma a ficar no papel.
As fragilidades e atrasos de Portugal no modo ferroviário são bem evidentes pois, a somar à tendência que se verifica por toda a Europa de diminuição dos transportes por comboio, por cá há quase 100 anos que não se acrescentam verdadeiramente novas linhas, sendo que muitas das actuais ou estão obsoletas – caso da nossa linha do Oeste – ou simplesmente já foram desactivadas. Outro problema dos caminhos-de-ferro Portugueses, mas também de Espanha, é a dimensão da bitola (distância entre carris) que por ser diferente da do resto da Europa impede a ligação directa entre Europa e Península Ibérica, aumentando assim ainda mais os custos de manutenção e utilização das infra-estruturas ibéricas.
Construir a linha de alta velocidade é a oportunidade de reformular as linhas férreas nacionais, de uniformizar a bitola e de ficarmos verdadeiramente ligados a Europa pela ferrovia. E já que a economia está na ordem do dia, a aposta no TGV seria também uma oportunidade de reduzir a grande dependência nacional face ao modo rodoviário. Algo que influencia directamente a nossa balança de importações pois todo o combustível utilizado para movimentar por cá os automóveis é importado. Já para não falar dos impactos ambientais que afectam o ambiente, a saúde humana e até o nosso potencial turístico devido ao uso excessivo de veículos automóveis. Outra oportunidade é o potencial de criação de empregos do projecto, quer seja na construção quer seja posteriormente na manutenção e exploração.
Assim, apostar nos caminhos-de-ferro é apostar também no TGV pois, quando se fazem projectos desta natureza e volume, há que planear para o futuro e para os comboios que virão. Lembro aqui a acção do Marquês de Pombal que, dotado de uma visão estratégica, criou largas ruas e avenidas para a capital. Hoje essas vias podem parecer insuficientes, mas na altura pareceram aos contemporâneos do Marques um exagero e um despesismo injustificado devido à sua grande dimensão que apresentavam para a época. O mesmo acontece com o TGV que, para além das necessidades de hoje, tem de responder às necessidades do amanhã.
As finanças públicas não estão bem mas sem investimento e sem infra-estruturas modernas para hoje, e especialmente para o amanhã, como se poderá recuperar a economia?

(texto publicado em 30 de Setembro de 2010 no Diário de Leiria)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Igreja das Chãs, mais um erro de planeamento!

Avaliar, reabilitar e planear infelizmente ainda não são características que possamos atribuir a alguns serviços públicos e privados em Portugal. São muitos os exemplos disso, sendo o caso da Capela das Chãs apenas mais um. O que é mais grave nisto é que casos como estes são lugares-comuns e não excepções. De notar que, até associada a grandes obras se nota a mesma falta de planeamento; um exemplo disso foi a necessidade de recorrer a expropriações para o alargamento do IC2 entre Azóia e Marrazes, sinal de que as permissões para construir tão próximo da faixa de rodagem foram um evidentes erros, frutos da falta de planeamento. Hoje a manutenção dessas construções está inviabilizada devido à falta de visão daquilo que já na altura era óbvio – a via no futuro teria de ser reabilitada e alargada de modo a aumentar a sua capacidade para responder ao aumento espectável de tráfego.

Tal como no IC2, hoje a manutenção da antiga Capela das Chãs está inviabilizada por falta de planeamento no passado. Na altura em que foi pensada a nova Igreja, se realmente a antiga constituía património que justificasse uma reabilitação - isto porque infelizmente reabilitar é mais caro que construir novo -, o novo projecto deveria ter sido desenvolvido no sentido de renovar as existências arquitectónicas, mantendo o traçado arquitectónico e aumentando a capacidade da igreja com a construção de uma nova nave adjacente. Isto teria permitido manter a antiga capela quase intacta, garantindo condições para as, mais que justas, ambições e pretensões da populações em ter um local de culto moderno e adaptado às suas necessidades. Projectos como este que referi a título de exemplo não são novidade, afirmo isto até com base num exemplo bem tangível e próximo, algo que se executou na minha Freguesia. A Igreja dos Parceiros foi também recentemente ampliada e reabilitada no sentido de responder às necessidades da comunidade católica da freguesia. Mas, neste caso, atempadamente se pensou na preservação da antiga Igreja, datada do século XVIII, o que hoje permite a preservação do património e a celebração das práticas religiosas com o devido espaço para os fiéis, tendo em conta condições de conforto e segurança.
Atempadamente, em fase de projecto, muitas poderiam ter sido as soluções capazes de resolver a localização desadaptada, perante a rodovia, da antiga capela das Chãs. Facilmente se resolveriam os problemas associados à envolvente, ora reformulando os arranjos exteriores, ora alterando o próprio acesso ao edifício com entradas alternativas à que hoje está imediatamente junto à estrada.
Estando actualmente a reconstrução inviabilizada pela falta de planeamento do passado, resta a opção mais realista e pragmática: respeitar a vontade da população, dos proprietários e proceder à demolição, salvaguardando o património interior que pode ser removido e instalado noutro local.
Algo muito importante, e que pouco se tem respeitado, são os sentimentos e afectos que estas questões provocam nas pessoas. Toda esta “problemática” em volta da Capela das Chãs está a ser transformada e manipulada por interesses corporativos, políticos e de alguns indivíduos (muitos deles com responsabilidades óbvias nesta indesejável polémica), esquecendo realmente o que aqui mais importa - a comunidade local, as suas necessidades e aspirações.
Penso que a Capela poderia ter sido salvaguardada (custa-me sempre ver edifícios antigos desaparecerem), mas essa oportunidade desapareceu logo que se construiu a nova Igreja. Há muito a sentença de morte da antiga capela tinha sido ditada por outros poderes autárquicos, erro esse que não deve condicionar e impelir que outros se cometam no futuro pelos novos poderes locais.

(Texto publicado no Diário de Leria em 24 de Junho de 2010 e no semanário Região de Leiria em 25 de Junho de 2010)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Segunda intervenção na Assembleia Municipal de Leiria: Alargamento do IC2

Aqui fica a minha segunda intervenção na Assembleia Municipal de Leiria. Nervoso e com algumas dificuldades de leitura do meu próprio texto, foram estas as palavras que proferi:
"Finalmente Leiria vai ter o que há muito foi prometido, finalmente vamos ter uma obra estratégica que já urgia. Finalmente teremos o alargamento do IC2 e com isso a possibilidade de ver resolvidos alguns dos problemas de mobilidade que tanto prejudicam os Leirienses e todos os que atravessam o concelho por esta importante via.

 
No entanto, um Projecto desta envergadura dificilmente pode ser realizado sem causar impactos negativos, especialmente locais. Chamo especial atenção para o inevitável encerramento de algumas empresas, devido aos processos de expropriação para libertar terrenos para a construção, e para a necessidade de tudo fazer, de todos os esforços canalizar, para as manter no concelho. Pois muitas dessas empresas detém um importante papel na economia local, quer pelos impostos que geram, quer pela riqueza que produzem e postos de trabalho que criam. Outro aspecto importante, e que deve ser tido em conta, passa pela necessidade de minimizar os impactos negativos na rede rodoviária local durante a execução da empreitada, assegurando a correcta gestão do tráfego e a promoção de alternativas rodoviárias temporárias.
Apesar dos aspectos negativos identificados, desde que minimizados, esta obra trará vantagens inéditas para o Concelho e Região. Leiria finalmente terá uma via capaz de canalizar o tráfego de passagem regional e de ser um troço importante de uma verdadeira e funcional circular interna para a cidade.

 
Das melhorias do actual projecto saliento: o aumento do número de vias em ambos os sentidos, a colocação de separadores centrais, o impedimento de viragens à esquerda, e as ligações desniveladas que permitem acesso local sem quebras no fluir da corrente de tráfego principal. Mas só o incremento do número de vias não seria suficiente para aumentar a capacidade do IC2 para os níveis desejados, o que torna imperativa a reformulação dos nós rodoviários em Azóia e Marrazes.
Espera-se que os acessos a vias locais e edifícios nas imediações do IC2 sejam reformulados também, minimizando os erros provenientes da falta de planeamento urbano do passado. Pois não se compreendo como foi possível construir imediatamente ao lado desta via, tão próximo da faixa de rodagem e com acessos directos a ela, algo que agora obriga a expropriações por falta de visão estratégica e que tem contribuído para os congestionamento e redução das velocidades praticadas.

 
Espero também que possamos aprender com os erros do passado e que esta obra se concretize cumprindo todo o potencial que promete."

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dia Internacional do Engenheiro(a)

Segundo o que ouvi na Antena 3, logo pela manhã, hoje celebra-se o dia Internacional do(a) Engenheiro(a). Como é da minha classe profissional que se trata sinto-me impelido a divulgar esta data, mas não apenas por isso. Ao referir este dia, apelo a todos os membros desta classe profissional onde me incluo, quer sejam Engenheiros(as) Técnicos(as) ou Engenheiros(as) ou até ambos como é o meu caso (Eng. e Eng.  Téc.º), cumpram os seus deveres deontológicos para como os seus pares, mas especialmente para com a sociedade. Pois, tal como em muitas outras classes profissionais, os profissionais da Engenharia têm o dever de prestar bons serviços à sociedade. Passando essa intervenção por actos de engenharia, zelando pela eficiência, pela boa utilização dos recursos disponíveis, vela inventividade e descoberta de novas soluções para a solução de problemas de vária ordem, mas acima de tudo pela segurança de pessoas e bens.
Sair da actual crise só é possível com colaboração e intervenção de toda a sociedade Portuguesa, incluindo-se nisso o Estado, a sociedade civil, as associações entre outras entidades colectivas e individuais. Que os Engenheiros(as), como parte integrante destes grupos, não se sirvam apenas de títulos de prestigio, mas que assumam e desenvolvam o seu trabalho em prol dos demais como é sua obrigação ética, ou não fossem algumas das obrigações que referi anteriormente chaves essências para deixarmos crises para trás!

sábado, 24 de abril de 2010

A dependência do modo de transporte aéreo

Por momentos, que em alguns casos até foram alguns dias, o sistema de transportes de passageiros Europeu paralisou parcialmente. Com o encerramento de cerca de 80% dos aeroportos a Europa viajou ao passado, 60 ou mais anos, no que toca a disponibilidade de transportes. Tudo o que era relativamente perto e onde conseguíamos chegar a custos reduzidos ficou longe e incomportável.
A nuvem de fuligem vulcânica, apesar de estar lá longe, mais para os lados do Norte mais desenvolvido da Europa, deveria, em jeito de ironia, desobstruir-nos os horizontes e permitir-nos uma visão e análise mais lúcida sobre o sistema de transportes nacional. O impedimento do uso do avião demonstrou a nossa dependência face a este modo, que o diga o nosso Presidente da República, que à data da escrita destas palavras acaba de chegar de uma longa viagem de automóvel do centro da Europa, cerca de 48 horas pelo que ouvi.
Este fenómeno natural Islandês só veio comprovar a fragilidade dos sistemas alternativos de transportes de passageiros Europeus, face ao cómodo, rápido, mas muito poluente, transporte aéreo. Um pouco por toda a Europa os caminhos-de-ferro não conseguiram responder a este fluxo inesperado de passageiros. Dado que pelas suas características (grande capacidade, conforto e reduzidos impactos ambientais) o comboio seria o meio alternativo preferencial face ao corrente transporte aéreo. Que dizer então de Portugal? Se países como a França, que por sinal até foi quem inventou o TGV (train à grande vitesse), não tem infra-estruturas e comboios em número suficiente para todas as solicitações, então que dizer da capacidade nacional em apresentar alternativas viáveis?
No meu entender, com base também em alguns conhecimentos académicos que fui recolhendo, é imperativo para Portugal demonstrar que a aposta na ferrovia é de suma importância nacional. Quer no transporte de passageiros, quer no transporte de mercadoria, articulando-se com os restantes modos de transporte: aéreo, marítimo e rodoviário.
Não é altura para definhar e apartar o país destas necessárias infra-estruturas.
Ao nível local, a aposta modo ferroviário, chamando-lhe ou não TGV – Pois siglas há muitas e muitas vezes mal utilizadas -, poderá trazer a Leiria enormes benefícios. Passando essa aposta pela: reactivação da Linha do Oeste, possivelmente mais para o transporte de cargas e turismo; e construção da linha de alta velocidade, com capacidade e preços competitivos para transporte de passageiros e mercadorias. Criando assim uma rede local intermodal, ou seja, ligação entre as duas possíveis linhas ferroviárias e o já fortemente implementado sistema rodoviário.
Os transportes são essências para um desenvolvimento sustentável nacional, mas sobretudo local se falarmos em Leiria, pois sem dúvida que a região é extremamente prejudicada pela ausência do modo ferroviário em quantidade e qualidade.

(Texto publicado no Diário de Leiria em 23 de Abril de 2010) 

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ainda há quem encontre o Castelo de Leiria, nem que seja nos Jornais

Parece que não sou o único atento ao actual estado do Castelo de Leiria. Não sei se inspirado pelo meu texto anteriormente publicado nos jornais locais (Diário de Leiria, Jornal de Leiria e Região de Leiria) em 5 e 6 de Novembro, surge esta semana um texto de opinião, num desses mesmos jornais, a referir exactamente a mesma problemática: O excesso de vegetação junto ao morro do castelo, referindo todos os aspectos nefastos que daí advêm.

Apesar de não ser uma novidade, fico contente que mais Leirienses tenham esta preocupação, que com certeza será genuína e fortemente consciente de que é necessário chamar a atenção dos mais distraídos para o que é óbvio aos olhos de alguns.
Esperemos que mais textos destes, mesmo que possam tender para a redundância, tal como os meus próprios, sirvam o seu propósito - pelo menos o propósito que eu acho que deverão ter: A melhoria da Cidade, enquanto espaço de todos.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A oposição rendida aos argumentos do PS e da C.M.Leiria

Nunca pensei ser citado numa Assembleia Municipal, e muito menos pela oposição através da voz de um dos seus deputados. Se as minhas palavras são usadas, mesmo lidas de cima do púlpito municipal, é sinal que neste tema estamos em sintonia. Apesar de tudo, neste assunto, que foca as informações sobre a vontade de alguns promotores investirem na cidade através da construção de novos centros comerciais, alguns elementos da oposição conseguiram ter uma opinião apartidária, utilizando as minhas palavras para com elas concordarem. Palavras essas  que evidenciam o papel positivo da actual intervenção da Câmara Municipal de Leiria e das potenciais vantagens deste projectos, apesar das inúmeras cautelas que devem ser tidas em conta e da necessária discussão pública associada.
 
No entanto não subscrevo a muito célebre frase de Oscar Wilde: "Quer falem bem ou mal de mim, o importante é que falem". Não podia ser mais contra este chavão, usado por tantas pessoas com displicência por mera promoção pessoal. Aqui o que verdadeiramente está em causa é o interesse de Leiria e dos Leirienses

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Afinal o futuro de Leiria não está hipotecado

Na minha opinião, é  com orgulho da sua cidade que os leirienses devem ver as recentes notícias da vontade do avanço dos, fortemente publicitados, investimentos privados na sua urbe. As recentes informações, que têm feito as manchetes da imprensa local e regional nas últimas semanas, referem grandes investimentos, grandes obras e grandes oportunidades de desenvolvimento para Leiria. Estas intenções de investir são fruto do potencial da nossa cidade; quer pelas características únicas de Leiria, enquanto importante cidade do centro litoral e pólo de um distrito cheio de oportunidades de desenvolvimento; quer pelo excelente trabalho desenvolvido pelo novo executivo da câmara municipal de Leiria, que por sua própria iniciativa tem vindo a permitir que novos projectos de grande envergadura possam ser pensados para a cidade do Lis.

Das várias propostas que estão em fase de estudo e apreciação, enquanto técnico, vejo-me inevitavelmente contagiado de orgulho e exultação, pois são a prova de que, apesar das condicionantes locais (níveis freáticos elevados, solos de fraca resistência e coerência, e outras condicionantes urbanas), a Engenharia Portuguesa poderá demonstrar toda a sua capacidade técnica e de inovação, permitindo a exequibilidade de projectos que se querem de excelência. Pois, à semelhança de outros grandes desafios técnicos do passado, a Engenharia Portuguesa conseguirá apresentar soluções à altura dos desafios em causa e dignas da nossa cidade.

No entanto, apesar destas iniciativas prenhes de potencial, financiadas por dinheiros privados e possíveis de tomarem forma pela acção empreendedora da Câmara Municipal, a sociedade civil Leiriense e todos os Leirienses, devem-se inteirar dos projectos, pois deles resultaram muitas implicações para a cidade – estou confiante que, se os projectos forem bem executados, as implicações serão claramente positivas. Ou seja, dado que estes projectos ainda estão em fase de apreciação, devemos todos procurar mais informações sobre os seus impactos positivos e negativos, num pleno acto de cidadania participativa, ajudando o executivo do nosso município na escolha das melhores opções, tendo em conta as necessidade e vontades da comunidade local e de todos os que servem e se servem da cidade de Leiria.

(Texto publicado no Jornal de Leiria em 25 de Fevereiro de 2010 e no Diário de Leiria em 26 de Fevereiro de 2010 ) 

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O amianto e as condutas de abastecimento público de água

Mesmo para quem esteja menos atento aos resíduos produzidos pela construção civil e obras públicas, já ouviu, com certeza, falar dos perigos do fibrocimento, mesmo que desconheça na prática do que se trata. O fibrocimento é um produto à base de cimento (90%) e fibras de amianto (10%), utilizado nas últimas décadas para produzir telhas, depósitos e tubagens. Este é um material perigoso devido à presença de amianto na sua constituição, sabendo-se hoje do potencial cancerígeno desta substância, caso estejamos em contacto com ela (especialmente pela inalação).


Actualmente já quase não se utiliza fibrocimento contendo amianto na construção. Mas surgiu a necessidade de lidar com as grandes quantidades desse material, ainda com amianto na sua composição, que se encontrava, e encontra ainda, aplicado nas mais diversas construções e infra-estruturas. Daí ter surgido legislação específica de segurança e higiene para os procedimentos de remoção, manuseamento e posterior armazenamento e tratamento desses materiais, especialmente quando removidos de edifícios ou outras infra-estruturas. De notar que essas regras são bastante apertadas e rigorosas, somente sendo possível a empresas e técnicos certificados proceder a essas operações, isto através do recurso a equipamentos específicos de protecção individual e colectiva. No entanto, os cuidados tidos, por exemplo, para telhas nem sempre são transpostos para o manuseamento de outros elementos de construção em fibrocimento.

Nos dias que correm, são ainda muitas as condutas de abastecimento de água em funcionamento de fibrocimento, que só por si já é preocupante, mas mais será ainda se se pensar também no tratamento que se vai dando aos resíduos proveniente da sua substituição. Muitas dessas condutas, um pouco por todo o país, têm vindo a ser substituídas sem o mínimo de cuidado com os resíduos daí provenientes.


A dualidade de critérios no que toca ao tratamento dos resíduos semelhantes deveria ser melhor analisada. Porque são tratadas as telhas com tão zelosos cuidados quando o mesmo não se verifica nas condutas

É urgente substituir as condutas em fibrocimento, quer pela sua antiguidade, quer por abastecem partes significativas das nossas cidades e suas populações, especialmente as zonas mais antigas. Mas há que ter em conta os impactos dessas operações sobre o ambiente e, acima de tudo, com a Saúde Humana. No entanto manter estas redes, com condutas em fibrocimento em funcionamento, não é seguramente uma opção a médio e longo prazo.

(Texto publicado no Diário de Leiria em 11 de Janeiro de 2010 e no Jornal de Leiria em 21 de Janeiro de 2010)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Onde está o Castelo de Leiria?

Tendo tomado posse o novo executivo da Câmara Municipal, agora é altura de pôr mãos à obra e rectificar erros do passado. Para isso seja uma tarefa de sucesso cabe também aos Leirienses participarem civicamente nesse processo, é com esse espírito que fica aqui a minha sugestão.
Uma situação insustentável que urge resolver é a situação do Castelo de Leiria, pois para além da inexistência de actividades a ele associadas, a estrutura em causa está em risco. Risco de ser engolida pela flora que invadiu o morro do Castelo, escondendo o monumento mais emblemático da cidade, e também pela instabilidade estrutural que dai pode advir.
Anos e anos de contínuo crescimento e desenvolvimento de árvores de grande porte, com raízes que avançam pelas fundações deste monumento, põem em causa toda a segurança e estabilidade do complexo medieval, para além de outros danos pontuais e inestéticos. Dado que este problema vem de há muitos anos, antes que alguma limpeza possa ser feita será necessário efectuar um estudo rigoroso de modo a averiguar o efeito que actualmente a vegetação tem na estrutura e o efeito que terá no caso de ser retirada. Tal processo é moroso e requer uma equipa de técnicos especializados.

Com isto não defendo a total desmatação do morro do Castelo, apenas a remoção da vegetação que obstrua a visibilidade que o Castelo de Leiria deve e merece ter, tal como a remoção de toda a flora que ponha em causa a estabilidade estrutural do complexo.

Deve haver ordenamento e planeamento dos espaços verdes, neles devem ser criadas condições para o desenvolvimento da flora local e não nas imediações e recintos dos monumentos da cidade.

Com estas limpezas e remoções o Castelo ganha duplamente, quer em visibilidade, quer em aumento da área útil interna, o que abre novas possibilidades de utilização do espaço.

(texto publicado no Diário de Leiria de dia 6 de Novembro de 2009, no Semanário Região de Leiria de dia 6 de Novembro de 2009 e no semanário Jornal de Leiria do dia 5 de Novembro de 2009)
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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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