Escrevo estas palavras um tanto ou quanto aliviado e descomprimido depois do dia de hoje. Pela primeira vez expus publicamente a tese que elaborei, no âmbito do mestrado de energia e ambiente, sobre a Mobilidade e Sistema de Transportes do Centro Histórico de Leiria. Apesar do nervosismo do momento de obtenção da nota da avaliação da tese já ter passado há muito, hoje foi um dia de um teste igualmente importante, se não mais. Conjuntamente com os restantes colegas de painel de oradores no seminário (tratando temas do planeamento como a hidrologia e o urbanismo), onde estava um antigo professor que muito me alegrou voltar a rever - agora numa relação e papeis bem diferentes -, pudemos apresentar os nossos estudos aos alunos das licenciaturas e mestrados de engenharia civil, a vários técnicos do município de Leiria, a outros técnicos de outras autarquias vizinhas (saliento também os que se deslocaram vindos da Marinha Grande), a um público que se deslocou à ESTG por ter tido interesse no assunto, e muito especialmente ao nosso presidente da Câmara de Leiria que foi tirando as suas notas enquanto assistia às intervenções. Igualmente importante foi a presença de muitos professores do Departamento de Engenharia Civil e do próprio Diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria.
Apesar da pressão associada, este pareceu-me um desafio importante a ultrapassar. Independentemente da qualidade que este tipo de trabalhos possa ter, parece-me imperativo que sejam tornados públicos, disponibilizados: aos técnicos, à comunidade académica, ao público em geral e aos decisores políticos. Só assim os estudos académicos terão a ligação e aplicabilidade, ainda que não possam por si só ser soluções finais, mas pelo menos podem contribuir para algumas possíveis resoluções e dinamizações. Estudos e projetos feitos para ficar na gaveta de pouco ou nada servem, isso seria até um desperdício de recursos, mesmo que feitos em regime de voluntariado académico - como foi o caso.
Acabo este registo com algumas conclusões, sobre dois assuntos distintos: um ligado a este tipo de estudos; outro sobre a tese em si.
Como já referi, no mundo académico, especialmente aquando dos trabalhos que se fazem no âmbito da formação formal, deveria haver cada vez mais preocupação em tornar os estudos objetivos e de os orientar para que possam resultar em algo prático e útil, até porque formar um licenciado ou mestre é um investimento dos próprios estudantes e do Estado. Logo, há que aproveitar essas sinergias e valências.
Sobre as conclusões do estudo que elaborei, salientava: a necessidade de melhorar a redes de transportes e a mobilidade do centro histórico para que uma reabilitação e revitalização geral possa acontecer. Para isso será necessário apostar na intermodalidade, considerando o uso dos transportes públicos (preferencialmente elétricos) devidamente adequados à zona e os modos suaves (andar a pé, bicicleta e outros), articulados com parques de estacionamento da periferia em sistema "Park & Ride". O uso do automóvel deve ser limitado para moradores. Deve ser elaborado um novo plano de abastecimento, cargas e descargas da zona, pensado para a revitalização económica do centro histórico, ambientalmente sustentável. Será necessário requalificar fachadas, melhorar a iluminação, aumentar a limpeza, melhorar os pavimentos e colocar mobiliário urbano de apoio aos modos suaves. Apostar também na vigilância ativa e passiva para mais segurança. O rol de medidas e estratégias continua, mas fico-me por aqui.
O cento histórico apresenta muitos desafios, mas para que a zona possa ter futuro terão de haver planos multidisciplinares, investimento público e privado, consciencialização dos moradores e utentes, e novas parcerias de intervenção públicas e privadas, quiçá até cívicas e de cidadania.
Para mais informações basta contactar. Agora vou descansar que amanhã é dia de trabalho noutras áreas da engenharia!
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