segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Das mecânicas de jogos às mecânicas de aprendizagem com jogos de tabuleiro

 Estive recentemente a apresentar um artigo de investigação numa conferência internacional sobre jogos, simulação e inteligência artificial. Apesar de parecer que só os sistemas digitais entrariam neste certame, o meu artigo versou sobre jogos de tabuleiro, comprovando que são produtos de inovação atuais.

Apresentei uma proposta para relacionar as mecânicas de aprendizagem com as mecânicas que fazem os jogos analógicos funcionar. Os jogos são, muito mais que brincadeiras divertidas, podendo ser coisas igualmente sérias. Quando garantimos esta combinação estamos a entrar nos “Serious Games” (jogos sérios). No artigo apresentado retratava uma experiência que fiz com alunos de MBA da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde um jogo, com as devidas alterações, serviu para abordar os conceitos de caminho ótimo numa rede. 

Uso da simulação, que neste caso junta a diversão, não é assim tão novo, embora a grande parte dos simuladores sejam muito complexos e, por vezes, pouco divertidos. Conseguir produzir algo que seja mais rápido, imediato e cumpra os objetivos de simular e ensinar tem imenso valor pedagógico e de treino. Mas para isso é preciso compreender como funcionam os processos de aprendizagem e como se constroem as dinâmicas de jogos. O segredo consiste em estudar e compreender as mecânicas de jogos, que são aqueles elementos interativos que alimentam os modelos e sistemas a que chamamos jogos, quando ativados pelos jogadores. Dominar as mecânicas exige aprendizagem, tanto na compreensão como na sua ativação de modo eficiente. Assim conseguimos estabelecer uma relação entre as mecânicas de aprendizagem e de jogo. Dominando as duas podemos então fazer Serious Games, que sejam cativantes para os utilizadores e atinjam os objetivos sérios. 

Quando os designers, professores e formadores dominarem estas mecânicas, facilmente poderão adaptar e construir novos jogos para os seus objetivos. Há que admitir que não é tarefa fácil, pois há muito conhecimento envolvido, de simulação, de design específico de jogos e de pedagogia. Mas tendo estas bases poderemos criar produtos inovadores e evitar a mediocridade que grassa na maioria dos jogos pedagógicos, que, por não serem interessantes do ponto de vista do jogo, nunca irão cumprir o seu objetivo educativos. 

Tenho abordado estes assuntos também no meu canal de Youtube dedicado aos jogos de tabuleiro, onde podem encontrar vídeos que abordam estas e outras questões. Podem ver exemplos de jogos e das suas mecânicas, as relações operativas entre os modelos e as realidades que pretendem simular. Podem aceder ao canal “Jogos no Tabuleiro” em: Youtube.com/c/jogosnotabuleiro

O mundo dos jogos analógicos é inesgotável. Domina-los pode ser útil até para criar de outros jogos, incluindo os jogos digitais, que são uma indústria imensa neste momento. Pois, antes de construir o jogo final, convém fazer protótipos de baixa tecnologia. Por isso e não só, os jogos de tabuleiro, ditos analógicos, continuam a dar cartas. 


Texto publicado no Diário de Leiria.


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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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