segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Abordar e planear para os problemas de segurança de Leiria através de jogos

 As cidades são o produto humano de maior complexidade. Nelas coincidem atividades de todos os tipos, alimentadas por fluxos intermináveis ao longo do tempo. As cidades são os locais onde vive a maioria das populações humanas, em palcos contruídos que proporcionam oportunidades únicas, tal como perigos. Nas cidades encontramos diversidade humana e material, com inúmeras zonas de interação positiva, mas também de conflitos. Estudar as cidades é estudar a complexidade. Planear a realidade urbana é arriscar projetar na incerteza. 

Perante tais desafios e dúvidas os caminhos fazem-se de múltiplas maneiras. Até podemos ir mais depressa sozinhos, mas seguramente iremos mais longe juntos. Para lidar com os desafios urbanos do futuro, das cidades pós-industriais, pós-modernas, pós-carbono e pós-pandemia há que assumir a incerteza. Se planearmos juntos as nossas cidades para estes e outros desafios poderemos falhar, mas ficaremos preparados para melhorar da próxima que o fizermos. Ao participarmos no planeamento urbano colaboramos e ganhamos resiliência, que é a melhor arma para a incerteza.

Fazer aumentar a participação de cidadãos e entidades nos processos de planeamento urbano é desejável. Eleger políticos que nos representam não nos deve fazer diminuir o interesse pelos assuntos públicos. Como cidadãos, para nosso benefício, é imprescindível o envolvimento no planeamento dos territórios onde vivemos. Os políticos eleitos têm também interesse nesta abertura e partilha de poder de decisão, para ganhar o desejado apoio popular. Por isso, abrir os processos de planeamento ao conhecimento do dia-a-dia, de quem experimenta os espaços, tal como aos especialistas externos, permite fazer mais e melhores planos. Melhorar os processos de planeamento, tornando-os mais interessantes, cativantes e consequentes é igualmente imperativo para tornar a participação sustentável. 

Todas estas premissas estão neste momento a ser vertidas e aplicadas em Leiria, no UrbSecurity, em que cidadãos e instituições estão a colaborar entre si e com o município para definir prioridades e propostas de melhoria da segurança urbana. E isto está a ser feito através de novas metodologias de planeamento colaborativo, em que os resultados são fruto da interação de todos os intervenientes, auxiliados por dinâmicas de jogos que estimulam a criatividade, a reflexão e debate focado nos temas em causa, neste caso a segurança. Serão esses mesmos elementos de design de jogos que irão no futuro permitir testar as propostas, de modo a gerar planos coerentes, exequíveis e que resultam da vontade coletiva. 

Tudo isto pode parecer uma fantasia. No entanto, o processo já está em curso e já identificou as primeiras prioridades coletivas, nascidas da interação entre dezenas de pessoas. O jogo ainda só agora começou, mas já sabemos que teremos vencedores. Neste caso, independentemente do resultado, quem irá vencer seremos todos nós, mesmo que não tenhamos jogado. Imaginem então como seria se todos tivéssemos participado. 


Texto publicado no Diário de Leiria.


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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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