segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Deveria existir permanentemente uma RTP Escola

 Em momentos de crise ocorrem situações extremas de necessidade de adaptação, e das quais surgem coisas interessantes e úteis que não imaginaríamos de outra forma. 

Nós, pais de crianças em idade escolar, não imaginávamos que iriamos estar em casa, a trabalhar à distância enquanto, ao mesmo tempo, teríamos de substituir parte das tarefas dos professores. As escolas tentaram dar respostas, umas melhores que outras, mas estamos todos em situação de exceção e de natural desconforto. O uso das tecnologias de comunicação e informação teve um impulso e crescimento exponencial, ao ponto de se dizer que o ensino nunca mais será o mesmo. O próprio conceito de telescola, que serviu para aumentar a escolaridade dos portugueses a partir dos meados dos anos 60, foi agora recuperada depois de abandonada há uns anos. A grande questão é: porque não estavam implementados estes modelos de ensino à distância?

O #EstudoEmCasa é a nossa telescola da atualidade. Porque não apostar, a partir de agora, neste formato de ensino de forma permanente? Não seria útil para as crianças, mas também para os adultos? Com um investimento contínuo haveria condições para melhorar este tipo de serviço público. Poderiam ser exploradas formas mais interativas, com mais elementos multimédia nesta nova telescola, indo até além da tradicional televisão. Quantos adultos não ganhariam com esta possibilidade de rever ou reaprender o básico da escolaridade? Havendo uma grelha pública mais alargada e a possibilidade de termos mais canais de acesso gratuito através da TDT porque não criar a RTP Escola? Esse canal poderia ser um apoio permanente aos estudantes dos vários graus de ensino, algo que os pais pudessem assistir também, numa reinvenção da televisão como atividade familiar. Poderia exibir documentários temáticos acessíveis que interessassem a todas as idades. Quem não pode pagar televisão por cabo ou os canais de streamming, como Netflix e outros, não tem grandes alternativas a telenovelas, reality shows e noticiários repetitivos. Isto seria, verdadeiramente, um serviço público educativo e formativo, quem sabe um modo de combater o flagelo da nova ignorância e das notícias falsas. 

Reparem como esta nova escola televisiva poderia ser também uma forma de gerar igualdade de oportunidades, proporcionando mais uma alternativa para as famílias que não podem pagar apoio ao estudo ou explicações. Seria uma forma de reforçar o serviço público de uma forma muito concreta. Seria também uma forma de criar emprego para professores que se poderiam especializar nestes novos formatos de comunicação educativa. Poderia gerar mais empatia e aproximação dos professores aos cidadãos, reforçando a sua imagem e reconhecimento social. O futuro depende deles como profissionais, das nossas crianças como agentes ativos dos ensinamentos e competências que adquirem, mas também de todos nós que aspiramos a uma sociedade onde o saber e a cidadania dominem. Quem sabe a telescola do futuro possa contribuir para isso.


Texto publicado no Diário de Leiria.

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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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