quarta-feira, 25 de julho de 2018

Intervenção da Assembleia Municipal de Leiria dedicada ao Aeroporto de Monte Real

Salvo raríssimas exceções, a construção ou implementação de um novo aeroporto de tráfego civil, com o seu normal funcionamento, é uma alavanca para o desenvolvimento territorial. Seguramente que será assim no caso do aeroporto civil em Monte Real. Mas tal só será verdade se forem garantidas determinadas condições associadas.

Podemos encontrar várias justificações para a existência desta infraestrutura na nossa região. No contexto europeu, ao nível das NUTS II, a região centro é uma das 4 regiões que não têm este tipo de infraestruturas, sendo a mais populosa e dinâmica de todas. A mais populosa das restantes 3 regiões detém apenas ¼ da nossa população. Isto deve servir de reflexão para que possamos comparar o que é comparável, e perceber o que estamos a perder de competitividade regional e territorial face à realidade europeia.

Para o aeroporto de Monte Real ter uma sustentabilidade confortável, tendo em conta a atual realidade das companhias aéreas, deverá fazer-se por garantir nele uma base de uma das principais companhias low cost. Não será fácil, mas se o processo for bem conduzido será possível, até porque uma dessas companhias há uns anos demonstrou esse interesse.

Não nos podemos esquecer que um aeroporto será sempre um projeto de escala regional. No nosso caso irá incluir sempre o distrito de Leiria, Coimbra, Santarém e talvez até franjas de Aveiro, Viseu e Castelo Branco. Para garantir que o aeroporto participa no sistema de transportes regionais será necessário garantir a conetividade às redes de transportes existentes. Para haver razões indiscutíveis para esta localização que defendemos, o aeroporto tem de estar mais perto das capitais dos distritos que referi, especialmente de Coimbra, que tanto necessita deste aeroporto.  É incontornável a necessidade de internacionalização da sua universidade, mas também de garantir acesso aos restantes serviços de especialidade e património da humanidade que a cidade oferece. Neste caso, aproximar será melhorar as infraestruturas existentes. Na prática isso consistiria em ligar, na zona norte do concelho de Leiria, a A17 à A1, ganhando minutos preciosos para que Coimbra pudesse considerar este aeroporto também como seu. Seriam apenas 10km. Na ferrovia importava ligar a linha do Oeste à linha do Norte. 

Substituir o aeroporto por uma eventual linha de alta velocidade só seria competitivo até aos 1000 km, o que implicava usar o avião além Espanha na mesma. Há que não esquecer que Leiria, cidade e concelho, continuam a não estar servidos por comboio, o que nos afasta mais de um uso e acesso sustentável aos aeroportos do Porto e de Lisboa. Cada modo de transporte tem a sua distância de referência ótima, e nós parecemos ficar a meia distância de todos eles. Por cá temos apenas a alternativa da autoestrada como sabemos. Havendo um aeroporto em Monte Real, abre-se também a porta para os grandes voos internacionais através das escalas em Lisboa e Porto, à semelhança do que acontece noutros países que conjugam as suas infraestruturas aeroportuárias. Seja como for, construir um aeroporto é muito mais que uma pista de aterragens e suas dependências: é uma oportunidade de melhorar todo o sistema de transportes, pois a intermodalidade, em todas as escalas e distâncias, é inevitável.

Um projeto desta importância necessita de acompanhamento permanente por todos os parceiros envolvidos, começando pelos municípios. Importa conquistar Coimbra para esta causa, mas não só. Importa congregar todos os municípios vizinhos, garantindo-lhes os acessos ao futuro aeroporto, direta e indiretamente. Sugiro assim que se crie uma equipa tecnicamente capaz e independentes que possa estabelecer a ponte com todos os municípios. Seria um braço tecnicamente musculado e informado, capaz de encontrar consensos para dar força a esta causa política que vai além das fronteiras de Leiria.
Nota: Intervenção proferida na sessão extraordinária de 9 de Julho de 2018 sobre o tema da abertura ao tráfego civil da Base Aérea de Monte Real.

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