quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Uma escola próxima de casa para o bem de todos e do ambiente

Parece estar a haver uma mudança no que toca à possibilidade de poder escolher as escolas públicas. O critério prioritário, com base na proximidade à escoa, está longe de ser o primeiro. No entanto, se os equipamentos escolares fossem planeados para os territórios não havia qualquer razão para se justificar a possibilidade de escolher, tirando casos muito pontuais. 

Deveriam existir escolas em funcionamento, com boas condições pedagógicas em todos os territórios. Aos morarmos num determinado sítio seria suposto esse local estar abrangido por uma dessas escolas, a uma proximidade adequada. Aí também se poderiam definir prioridades para as crianças que delas necessitem, mas partindo de uma base em que todas as crianças de todos os territórios estariam bem servidas. 

Felizmente o sistema apertou é pelo que percebi tem sido mais dificil encontrar forma de apresentar falsas moradas. A tendência será para as crianças estudarem nas escolas da sua área de residência, mas isto ainda não é uma realidade. Enquanto isso não acontece somam-se dificuldades para atingir um sistema insustentável. Ao não conseguirmos planear de forma equilibrada e justa, também não conseguimos evitar desperdícios que produzem impactes sociais e ambientais negativos.

Ao permitirmos que certos territórios tenham mais escolas que outros, e que a qualidade delas seja desigual, incentiva-se que os pais tentem escolher as escolas que acham melhor para os seus filhos, seja lá onde for e com base nos critérios mais díspares. Vamos ter crianças a fazer quilómetros diários de automóvel para frequentarem escolas longe das suas casas, quanto poderiam aceder a outras muito mais perto. As implicações ambientais disto são enormes, tal como de desenvolvimento para as próprias crianças que não se habituam a vivenciar e experimentar os territórios, com toda a sua riqueza e vida. Limitam-se a ir rapidamente do ponto A para o ponto B, com os pais sempre apressados em percursos desnecessários e poluentes.

Sem uma rede estruturada de escolas adequadas aos territórios é dificil planear os transportes escolares, que deveriam ser outra prioridade, para se evitar o uso insustentável do automóvel privado e para promover o uso de recursos partilhados através do transporte coletivo. Também não se geram as desejáveis relações entre a comunidade escolar e as comunidades locais, pois nada garante que os alunos morem perto dos equipamentos escolares que frequentam. Perde-se um potencial imenso de desenvolvimento dos territórios e até de conhecimento associado à natureza e património cultural local, que depois tem reflexos na construção das identidades culturais coletivas. 

Esta na altura de percebermos que tudo o que desenvolvemos acontece sempre num território e que as crianças são o mais valioso dos nossos desenvolvimentos e apostas para o futuro. Há que começar a ser sustentável pelas bases, pelo território. 

Texto publicado no Diário de Leiria

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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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