Tenho a perceção de que a fotografia cresceu fortemente como passatempo nos últimos anos, mas também me fica a sensação de que a capacidade de captação e processamento de fotografia pelos smartphones têm mudado um pouco o panorama.
Seja como for, em que formato e suporte se usar, continuamos muito interessados em fotografia, e em passar mensagens através da arte de captação de luz - de pintar com a luz como dizem os mais poéticos. Veja-se a crescente popularidade do Instagram, especialmente entre os mais jovens, que preferem a força das imagens aos longos textos que inundam hoje as redes sociais como o Facebook, quase sempre escritos por gerações mais velhas.
Eu também tive o meu momento de despertar e fascínio para a fotografia. Continuo a ter a minha DSLR, com várias objetivas, e até uma câmara mais pequena, de aspeto mais vintage, sem espelho, para aventuras mais comodas e volantes. No entanto, apesar disso, fotografo muito com o telemóvel. Ficou-me, desde que fui fazer uma formação de introdução à fotografia digital, uma vontade de fazer projeto fotográfico. Na altura fiz umas coisas, mas depois acabei por não continuar a até há bem pouco tempo.
Recentemente fiz um exercício que recomendo, não pelo conteúdo e resultado material, mas pelo próprio ato de o fazer. Durante um ano, fiz pelo menos uma fotografia diária para a minha rede Instagram, subordinada à efeméride do dia. Disso resultaram fotografias de dioramas com peças de jogos de tabuleiro modernos. Produzi assim centenas de fotografias. Foi um ano de testar os limites da imaginação, e de muitas aprendizagens, porque as fotografias ficavam imediatamente disponíveis online. Isso gerou um efeito de rede altamente interativo, em Portugal e no estrangeiro. Muitas fotografias tinham cariz político, associadas a causas. Muitas foram polémicas, devido às diferenças culturais. Para verem do que falo basta seguir o hashtag #boardgamephotocreative.
O que sugiro é que experimentam fazer algo deste género. Definir um projeto, associado a um tema. Hoje podem fazer isso com os vossos telemóveis. É um modo de trabalhar a criatividade com alguns parâmetros de ajuda. Ao contrário do que se possa imaginar, este criar contínuo não esgota a nossa imaginação. Muito pelo contrário. Estimula e abre horizontes para mais criações e projetos.
Hoje em dia podem ter respostas imediatas dos outros. Não precisam de expor formalmente este tipo de trabalhos. O custo é muito reduzido, mas o vosso ganho pessoal pode ser imenso. No entanto, é preciso ter abertura de espírito e saber lidar com a indiferença e a crítica. Mas também isso faz parte do processo de aprendizagem.
No meu caso foi a paixão pelos jogos de tabuleiro modernos, pela fotografia e pela intervenção cívica e política que me levaram a fazer isso. Podem simplesmente experimentar. Quanto mais falham mais se aproximam do que, no fundo, mais vos convém. Inevitavelmente vão encontrar a vossa paixão criativa.
Texto publicado no Diário de Leiria
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