domingo, 27 de novembro de 2011

Fado - Um produto para exportação que até é imaterial!

Quando nos dizem que a nossa música, a nossa alma transformada em sons, é património da humanidade que mais sentir do que orgulho em ser português? Se António Vieira, que era padre, dizia , no seu tempo, que nós portugueses tínhamos um pequeno país para nascer mas o mundo inteiro onde morrer, então agora temos também o mundo inteiro para receber o seu património, aquele musical que por cá por Portugal se faz.

Reinterpretação da obra "Fado" de José Malhoa pelo autor e artista Jorge Miguel

Mas numa altura dita de crise da nossa economia, e quando interessa exportar a todo o custo, aqui poderá estar uma boa oportunidade de trazer riqueza para o país levando lá para fora o que temos de melhor. No caso do Fado, por ser imaterial, até tem vantagens no transporte! Vamos à exportação do que é bom, da cultura!!! Pena é já nem Ministério termos, ou não fosse o nosso fado um sem fim de ironias, calamidades, capacidade de recuperar e viver feliz com isso!

Para que serve uma Juventude Partidária?

Se a pergunta “para que serve um partido político?” tem cada vez mais pertinência será igualmente importante questionar sobre qual a razão de ser, de existirem, e para que servem as juventudes partidárias - as “jotas”.
Se os partidos políticos servem para fazer política em grupo, com indivíduos que partilham princípios, visões semelhantes e ideologias relacionadas com as práticas de governação conjunta que querem implementar, nas jotas o objetivo é também esse, mas não só. As juventudes partidárias, para além da atividade política que se espera que exerçam em representação e defesa dos jovens, servem também de espaços de experimentalismo político e aprendizagem cívica e política para os jovens. Será então nas “jotas” que os jovens experimentam a prática da política partidária, cientes da teoria da ideologia e dos princípios políticos associados a cada partido – ou pelo menos assim deveria ser.
Mas e se os jovens forem, logo desde o berço político, ensinados, pelo exemplo, a seguir as más praticas políticas? Apesar do seu potencial enquanto espaços de formação política e cívica, e se as “jotas” forem escolas de maus costumes políticos e até da reprovável conduta pessoal? É muito importante pensar na importância das “jotas”, pois muitos dos futuros políticos dos vários partidos por lá se formam politicamente. É importante dar os “bons exemplos” desde logo, ensinar aos jovens das juventudes partidárias que a política serve para servirem e não para se servirem, que a atividade política deve ser um modo de exercício da cidadania, não o único meio de a fazerem e muito menos como opção de emprego para toda a vida. É importante cultivar a independência do cidadão político – especialmente do jovem político -, de que será tanto melhor cidadão quanto melhor for: a sua formação e percurso profissional; a sua atividade cívica e de voluntariado em prol da sua comunidade; quanto tiver conquistado pelos seus méritos e capacidades, sem favorecimentos e favores de cor.
Tem de acabar o hábito de transformar as juventudes partidárias em distribuidores de brindes de campanha e abanadores de bandeiras. O futuro da nossa sociedade não se constrói com isso, e nem sequer a atividade política útil e consequente.
Os partidos são os modos preferenciais – para não dizer únicos da atualidade, apesar de soprarem ventos de mudança – para se fazer política consequente (não existe nenhuma democracia sem partidos políticos). A qualidade dos partidos depende também do papel das juventudes partidárias a eles associadas, especialmente para a renovação com novos membros e ideias novas e inovadoras, e até - se calhar mais importante que tudo - pela necessidade imperativa de aproximar mais os jovens da política. No entanto, se alguns dos maus exemplos políticos oriundos dos partidos começarem desde cedo a ser replicados nas camadas das suas “jotas”, muito dificilmente teremos melhor política e melhores atores políticos no futuro.

(Texto publicado no jornal Tinta Fresca em 21 de Novembro de 2011 e no Diário de Leiria em 15 de Novembro de 2011)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O simbolismo de uma Greve Geral - impressões de Leiria

Um pouco perdido neste dia de greve parti a pé para o centro da cidade de Leiria. Palmilhei ruas, praças e afins e pouco vi de manifestações de greve. Viam-se uns quantos cartazes a apelar à mobilização, mas contestação nem sinal dela. No entanto notava-se muito menos movimento nas ruas. Em Leiria o descontentamento demonstrava-se pelo marasmo e inercia. Leiria estava em Greve? Acho que sim!

Pelo caminho não pude deixar de refletir sobre o porquê e objetivo desta greve, e com isso sobre a nossa sociedade. No fundo, em termos práticos quantificáveis, provavelmente, esta greve não serve para nada: ela não vai resolver o problema económico do país e as dificuldades que os trabalhadores vão ter em 2012, podendo até agravar tudo isso. Mas será que os problemas da nossa nação, aqueles dos euros, não advêm de outros problemas de outra natureza? E se o nosso problema se relacionar com défices sociais ligados à psicologia relacional individual e coletiva? Como se explica que muitos portugueses não compreendam o valor simbólico de uma greve, mesmo quando as razões que a justificam se prendem com perdas de direitos laborais arduamente conquistados ao longo de anos de justas lutas? Como aceitar que agora se deite para o lixo, sob a justificação de uma crise micro e macroeconómica difícil de compreender, associada à alta finança e à desgovernação pública, aquilo que nos permite “respirar”? Mas onde está a nossa cidadania ativa? Onde está a nossa empatia social? Não nos conseguimos colocar no lugar do outro quando o outro é em tudo igual a nós mesmos? Será isto algum défice de desenvolvimento cognitivo coletivo? Estarei eu também, com todas estas críticas, a ser incapaz de me colocar na pele alheia?

Não havendo qualquer atividade construtiva a fazer para contribuir para este dia que deve ser de protesto, decidi direcionar a minha Acão para outros lados: fazer greve ao consumo e potenciar a palavra comunicada. Bem, é o mínimo que posso fazer! Se no passado muitos foram os trabalhares sacrificados, alguns mesmo com a vida, para termos direito à greve e todos os demais direitos laborais (alguns que agora são "suspensos"), por respeito da herança, há que tentar ser consequente.
Este dia sem vencimento vai custar no final do mês, mas custará muito mais a muitos, isso não duvido pois a realidade de algumas famílias é chocante! Que mais justificações precisamos?! E não me digam que os símbolos não são importantes, ou não fosse isto um importante símbolo de valor altamente relativo: €.
Se na última Greve Geral o simbolismo e o objetivo eram pouco evidentes, pois o Governo tinha acabado de se demitir e as eleições estavam ai à porta, agora o caso é bem diferente. Agora este novo Governo, depois de esquecer as críticas ao excesso de austeridade do PEC IV e de fazer o contrário do que prometeu em campanha - quem esquece as palavras de Maio de 2011: "os portugueses não aguentam mais austeridade"; "os subsídios são intocáveis"; e "aumentar os impostos está fora de questão" - obriga-nos a fazer algo, nem que seja algo simbólico! As eleições são para daqui a muito tempo, e dificilmente haverá outro modo tão evidente de demonstrar o sentimento de descontentamento, e de revolta em alguns eleitores que se sentem agora enganados. Se na altura referi que uma forma de demonstrar o nosso desagrado era com mais trabalho, agora volto a dizer o mesmo. Os trabalhadores portugueses, apesar de serem alvo de tudo o que não motiva para mais produtividade, seguramente responderão com o habitual esforço para compensar as perdas de hoje, mas pelo menos poderão fazê-lo depois de terem demonstrado o seu desagrado! 
A Greve Geral não deve ser usada como folga ou férias, por isso para além de incomodar uns quantos reacionários pelas redes sociais, decidi fazer greve ao consumo. Será a meu "pseudo-ascetismo" do dia.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Fazer muito ou pouco em dia de greve?

Confesso que nunca fiz greve na vida. Como não participei em algo do género confesso que fico sem saber muito bem o que fazer. As razões são mais que muitas para fazer greve, nunca tal se justificou tanto, pelo menos durante os tempos em que tenho vivido com a consciência desperta. Mas a questão é a seguinte: que fazer num dia de greve?
Muita inacção temos tido enquanto povo, muita mais enquanto cidadãos. Então até podemos fazer greve ao trabalho, como modo de demonstrar o nosso legitimo descontentamento, mas que fazer com o tempo livre? Bem, vou decidir o que fazer, o que será melhor do ponto de vista cívico neste dia de greve...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Lego: impactos geracionais e a 1ª exposição em Leiria

Lego é muito mais que uma marca de brinquedos, hoje é também passatempo de adultos e uma forma de expressão criativa que, em certos caso, assume contornos de arte.
Mas, primeiro que tudo, queria referir algumas curiosidades históricas sobre a Lego: o brinquedo, que se associa ao melhor da tecnologia dos plásticos, foi criado por um produtor de brinquedos de madeira; até o nome escolhido para o brinquedo é peculiar, pois trata-se da abreviatura de "brinca bem" em dinamarquês – “leg godt”.

Fotografia panorámica da primeira exposição de construções Lego em Leiria

Sem dúvida que quem usou o famoso brinquedo dinamarquês brincou bem! O potencial e possibilidades das pequenas e coloridas peças eram imensos, ainda mais numa altura em que o virtual era pura imaginação. Sem dúvida que isso contribuiu positivamente para o desenvolvimento motor e cognitivo de gerações. Mas terá a noção, de que a partir de simples peças se poderia construir tudo o que quisesse, contribuído para que algumas gerações hoje exijam os sonhos que construíram e davam como certos? Será que hoje faltam as peças ou os construtores? Provavelmente faltam ambos. Falta o equilíbrio entre realidade e fantasia.
Voltando ao Lego. Esse brinquedo, quase desaparecido de muitas lojas, vai agora ganhando um novo estatuto de culto, mas muito à custa de adultos. Nos dias que correm, muitos dos que brincaram em tenra idade com Lego, levam as antigas brincadeiras, e boas recordações, ao estatuto de hobby. Basta fazer uma pesquisa pela Internet para ver as maravilhas que existem e se podem fazer com as pequenas peças de plástico. Há de tudo, para todos os gostos. Há reproduções admiráveis, desde cidades a castelos, desde objectos a robótica, entre outros.
A existência de duas associações nacionais de utilizadores (maioritariamente adultos) de Lego - a PLUG e a Comunidade 0937 -, que fazem exposições de deslumbrar crianças e adultos, são sinal desta mudança.
Recentemente [à data], de 15 a 18 de Abril, aconteceu na cidade de Leiria, mais concretamente no espaço do Cinema City, a primeira exposição de construções em Lego. O resultado final, para uma primeira exposição, foi excelente. Há que reconhecer e dar os parabéns a Orlanda Mota por ter organizado o evento e a Olímpio Alexandre por ter trazido os seus incontáveis caixotes e ter montado, recorrendo aos seus valiosos conjuntos, uma cidade digna de qualquer importante exposição do género. Houve também espaço para outros expositores, especialmente para os mais jovens, aqueles que vão quebrando a regra e deixando as consolas de lado para brincadeiras alternativas.
Um Lego continua tão didáctico como sempre foi, tão fascinante e divertido como é próprio de algo que permite construir a novidade. Saberemos pegar neste exemplo - de investimento, esforço e criatividade - para as construções do futuro?

(Texto publicado no Diário de Leiria em 6 de Maio de 2011)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Um vislumbre da sapiência de Mário Soares pelo IPL

Dia 17 de Novembro de 2012, em mais uma Sessão Solene de Início de Ano lectivo no Instituto Politécnico de Leiria, houve tudo aquilo que esperávamos: discursos, entrega de diplomas, homenagens e música. Mas a edição deste ano contou também com uma lição especial, algo a que os organizadores chamaram de: "lição de sapiência". Tendo em conta o professor desta aula, muitos serão os que concordarão mas haverá sempre quem discorde de como foi apelidada o espaço destinado à intervenção do ilustre convidado, ou não fosse o orador sapiente o Dr. Mário Soares.
Mário Soares abordou a temática Europeia, tratou temas relacionados com a União Europeia, a Política Europeia e o Euro. Não se esperava outra coisa quando o pilar de orgulho da UE que é o Euro está actualmente sob ameaça, em risco de tombar, e com ele os próprios alicerces da própria União dos 27.
As palavras de Soares foram de crítica ao modo como tem sido conduzida recentemente a UE. Apesar disso tentou passar uma mensagem mais positiva: de que com outro tipo de liderança e reunir de esforços comuns esta actual crise facilmente seria facilmente ultrapassada. O nosso antigo Presidente reforçou e relembrou ao público aquilo que de bom distingue a Europa dos demais continentes: as suas conquistas culturais, humanistas, cientificas e a qualidade de vida generalizada que têm os europeus.

Houve tempo para responder a algumas perguntas do público. Não pude deixar de tentar obter mais saber do principal orador da tarde. Perguntei qualquer coisa do género: Em que medida mudou a mentalidade dos governantes e dirigentes da UE desde a altura em que aderimos e foi Presidente de Portugal para os dias de hoje?
Soares, com a sua natural simpatia e bom humor de quem partilhava uma sua opinião – numa altura da sua vida que poucos duvidam de ser franca – quase informal, diz mais ou menos isto: sabe, na altura, antigamente nos anos 80, a UE era governada por verdadeiros socialistas, até por democratas cristãos, com sentido de estado, que não se limitavam a desumanidade de um capitalista neoliberal que só olha a dinheiro e esquece as pessoas

Confesso que gostei da resposta, embora desgoste do seu significado e das implicações que traz: a realidade que estamos a viver neste momento e as maiores dificuldades que se especula que virão de futuro!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A história de uma Festa e História da Martinha

O dia de S. Martinho tinha sido na véspera, por isso dia 13 era o dia da Martinha, e à noite seria o momento da sua festa. As pessoas juntaram-se, queriam saber afinal quem era a Martinha, porque tinha direito ela a uma festa ali na Rua Tenente Valadim. Lá começaram a aparecer os curiosos por volta das 22h00 e logo o espaço da MovDesig se encheu, e enchia-se cada vez mais pois não houve lábios que dessem de comer e beber ao estômago enquanto conversavam; as castanhas quentes e apetitosas, a água-pé e jeropiga satisfaziam sedes de algo mais que água.
Afinal a Martinha ninguém vira nem conhecia. Diziam alguns que sabiam o seu fado passado, tendo-o registado em relatos escritos. Sabendo-se que não se poderia jamais saber qual a verdade sobre Martinha, fez-se a votação. Ganhou uma história em poema que virou canção. Ganhamos todos pois à noite animada da companhia, dos comes e dos bebes, ficou-nos a magia de uma memória mais doce que o açúcar da jeropiga.
 
Parabéns a todos e todas os que fizeram esta festa para amigos e amigas. Parabéns à malta da A fixação Proibida e à Joana Correia pela sua vencedora história/poema.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Porque andava o Obelix com um Falo às costas?

Quando vi que na pré-história os menires se associavam a falos – enormes órgãos sexuais masculinos erectos associados, por sua vez, a cultos de fertilidade - não pude deixar de me questionar porque raio é que o Obelix andava sempre com um às costas!?

http://quadripedia.blogspot.com/2010/06/obelix.html

Acho que esta questão pode levar a algumas especulações. Fico à espera das teorias e respostas, imaginação não faltará com certeza!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Que seres primitivos que somos na actualidade

No momento actual em que vivo se acreditasse no destino diria que está a ser irónico. Enquanto academicamente me dedico a estudar a Pré-História, sinto que muitos dos Sapiens de hoje têm muito ainda que evoluir no campo dos valores e da Ética. Nem os jovens escapam a essa fatalidade da condição humana contemporânea.

Para quando o salto evolucional para o Homo Ethikus?

Fonte: http://grafar.blogspot.com/2009/06/serie-do-mes-homens-das-cavernas_26.html





terça-feira, 8 de novembro de 2011

A reciclagem do meu velho PC e uma reflexão sobre o que o envolve

Uma recente avaria no meu portátil - um quase topo de gama de há uns poucos meses - fez-me refletir sobre a nossa contemporaneidade e no fundo o que lhe assiste: nós e a nossa condição de espécie que se diz espiritual mas que no fundo é materialista.


Tendo avariado a minha máquina - uma manifestação do pico da tecnologia, como já referi - percebi o quão dependente era dela, dos seus Bits, Bites e Hertzes. Senti-me pobre... Pela necessidade do bem material informático tive de recorrer a empréstimos, tive de pedir o computador da minha esposa emprestado, condicionando assim a vida dela e a minha. Claramente estava a abusar de um recurso que, embora partilhado, não poderia ser utilizado a 100% por todos - sim, a relação com a degradação ambiental é evidente.
A necessidade faz o engenho, e da minha - que era informática - fez-se luz. Tinha de encontrar uma solução! Então, dei por mim a pegar numa caixa de um computador com 9 anos, a tentar pôr a coisa informática - esse pedaço de história - a funcionar. Gastei algum tempo, meia dúzia de euros e a coisa lá ficou a funcionar. Hoje escrevo estas palavras através dessa mesma ferramenta informática.
Afinal existe quase sempre uma solução para as necessidades mais físicas e materiais, e, por vezes, aquilo que parecia não servir afinal serve e bem! Não é o suprassumo da tecnologia, mas serve! Aliás, serve tão bem que foi de tal maneira útil que me levou a refletir. Afinal precisaremos de tudo o que consumidos? O mais novo é sempre necessário? Abusar de recursos não fará com que outros que verdadeiramente precisem fiquem deles privados?
Olhando para o país, será que temos aproveitado o que temos, reinventado as existências, potenciando o que pode ainda ser útil? Ou será que temos sempre partido para o empréstimo e para o que é novo sem considerar as nossas reais necessidades? Mas não é só Portugal, em parte, notando-se ou não em todos os locais, um Mundo está um pouco assim: Materialista no mau sentido do termo
Felizmente (ou não) este estado de consciência passa-me até o meu portátil vir do "arranjo", ou então até passar por uma qualquer montra apetecível.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Política da terra queimada – o caso da venda do Estádio Municipal de Leiria

Enquanto jovem que ainda sou, e Leiriense que sempre serei, sinto-me lesado. As recentes notícias da impossibilidade da venda do Estádio Municipal, que permitiria aliviar a asfixia a que está sujeito o nosso município, devem, no mínimo, preocupar os Leirienses. Enquanto jovem, eu e os/as da minha geração, vemos cada vez mais o nosso futuro hipotecado. Os custos diários de manutenção, da infraestrutura e principalmente da própria dívida, roubam-nos os fundos que deveriam ser utilizados para outros fins – consta que o custo diário é de mais de 8000€ ao dia (que afinal até são mais). Não seria preferível usar desse dinheiro para investimento e prestação de serviços reais aos munícipes, pois, afinal, quem utiliza o Estádio? Mesmo sendo utilizado e servindo alguns Leirienses, será que esse serviço justifica os custos? Na minha opinião não! Ou a realidade dos usos e atividades no Estádio Municipal mudam - implicando isso ainda mais investimento e gastos (com dinheiros que não existem) - ou este será mais um elefante branco, mais um presente inútil e insustentável a legar às gerações vindouras.

Fonte: Blogue http://desartistico.blogspot.com/, da autoria de Micael Sousa

Os jovens de Leiria pagam hoje, em parte, mas pagarão muito mais no futuro as várias faturas deste nosso Estádio - um dos reflexos de erros de anteriores gestões públicas. Recentemente a oportunidade de vender o Estádio poderia ter resolvido isso, poder-se-ia ter saldado uma pesada herança. Mas os entraves, especialmente por quem deveria contribuir também para a resolução do problema, logo surgiram. Faltou capacidade democrática de deixar quezílias partidárias e pessoais de lado para remediar erros do passado. É de lamentar que isso não se tenha conseguido, nós leirienses merecíamos outras resoluções! São estes e outros casos que contribuem para afastar os cidadãos da política e dos partidos, pois vêm que o bem-comum - o principal objectivo que deveria nortear as lides políticas - tende a ser remetido para segundo plano. Alguém disse - e com razão - “é a política da terra queimada”: tudo se faz para ter vantagem na guerra da política, independentemente do que se queime ou de quem saia queimado destas lutas inúteis, e por vezes fratricidas. Ainda mais grave são os efeitos que este tipo de atitudes tem nos mais jovens, que vêm estes maus exemplos como o “modo normal de fazer política”. Sem dúvida que isso condiciona, negativamente, a formação que se dá aos mais jovens do ponto de vista cívico e político.
Para além de nos hipotecarem pela via económica, hipotecam a capacidade de acreditarmos nos políticos e suas políticas, levando a que muitos jovens – muitos deles íntegros e competentes - se queiram afastar o máximo da nobre arte de governar as sociedades! Assim como nos governaremos, democraticamente por cidadãos e cidadãs conscientes dos seus deveres cívicos e políticos, no futuro?

(Texto publicado no Tinta fresca em 30 de Outubro de 2011, no Diário de Leiria em 2 de Novembro de 2011 e no Jornal de Leiria em 3 de Novembro de 2011)
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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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