sábado, 17 de fevereiro de 2018

Jogos de tabuleiro modernos: uma aposta no desenvolvimento sustentável

Há uma nova tendência que se tem afirmado no estrangeiro e que agora vai chegando a Portugal. Apesar da indústria de videojogos ser imensa, ter um poder económico e cultural massivo, os jogos de tabuleiro não desapareceram. Depois de algumas décadas de reajuste os jogos de tabuleiro souberam reinventar-se a si próprios, tanto que hoje se apelidam de “modernos” para melhor explicar o fenómeno em causa.

Há várias razões para este ressurgimento, que se deve muito à influência alemã, sendo um dos grandes polos de influência da indústria, tanto no design/produção como no consumo. A partir dos anos 80, quando o setor apresentou sinais de degradação, em vez de desistência surgiu um investimento grande em design. Os jogos de tabuleiro passaram a ser peças de design aperfeiçoado e diferenciado, com autores para a conceção mecânica da ideia e para o design gráfico e dos demais componentes materiais. Hoje, na capa de um jogo de tabuleiro moderno, encontramos de imediato o nome dos autores, tal como ocorre nos livros. Os jogos também se especializaram, com títulos adequados a diferentes idades e gostos temáticos.

Estes novos jogos não são uma resposta reacionária à tecnologia, muito pelo contrário. Eles só atingiram a escala e qualidade atual porque as novas tecnologias de informação e comunicação permitiram trocar facilmente informações entre criadores, produtores e consumidores desta nova tendência que se transformou em passatempo de milhares de pessoas. O desenvolvimento dos próprios jogos também melhorou com as novas tecnologias.

As vantagens diferenciadoras dos novos jogos de tabuleiro explicam o seu sucesso. Ao contrário de muitos videojogos, os jogos de tabuleiro aproximam as pessoas, fomentando a sociabilidade presencial. Nos bons jogos os melhores componentes são as pessoas e seus comportamentos. Com isso surgem imensas potencialidade de utilização lúdica ou como ferramentas adaptadas a determinados contextos. A título de exemplo, utilizámos no projeto UrbanWins parte de um destes jogos de tabuleiro para dar início ao processo colaborativo.

Do ponto de vista ambiental estes jogos são bastante sustentáveis. Podem ser feitos de materiais reciclados, têm um grande tempo de utilização, menos suscetíveis aos ciclos de obsolescência, não precisam de energia e podem ser jogados por várias pessoas em simultâneo. A única energia associada à sua utilização são as emoções e atividades cognitivas, o que transforma estes jogos em promotores de exercício mental. Do ponto de vista económico os jogos de tabuleiro são também uma oportunidade para as industrias criativas, de pequena e média escala.

Não foi por acaso que referi o potencial dos jogos de tabuleiro nas vertentes do desenvolvimento económico, ambiental e social. Estes são três pilares básicos do conceito de desenvolvimento sustentável, aos quais se foram juntando mais vertentes, todas elas compatíveis com as possibilidades dos jogos de tabuleiro. Não tenho dúvidas de que os jogos de tabuleiro fazem parte do nosso futuro, que tem forçosamente de ser mais sustentável.

Texto Publicado no Diário de Leiria em 4 de janeiro de 2018

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