Lembrando a greve de dia 6 de Maio, funcionários públicos, e todos os trabalhadores em geral, têm mais que razões para fazerem greves. Só quem não começa a sentir os efeitos das dificuldades na pele é que não compreende isso! Mas, a fazer greve, - se é que o acto de fazer greve obriga a ter um alvo contra - contra quem se deve fazer? Contra o país e a nacionalidade? Contra o governo que até já nem está em funções? Contra a oposição? Contra a cidadania ou falta dela?
Que dizer dos populismos mais populares – não que o povo tenha que ser popular no sentido pejorativo - tais como: “Prendam todos esses bandidos que nos levaram a esta situação”. Então e se levássemos isto à letra sem ter um “espelho” pela frente? Será que não acabaríamos todos presos, todos os portugueses? Não temos todos – uns mais que outros -, pela nossa acção ou inacção, uma certa dose de responsabilidade pela actual situação? Mas não estaremos já presos a hábitos de consumo insustentáveis e difíceis de desabituar?
Já que falo em consumo, falo também em capitalismo, enquanto acepção relacionada. Volto também aos motivos para fazer greves. Qual deverá ser a posição do cidadão comum face ao desaprovar de um PEC – que já era penoso – somente para serem agora aplicadas medidas ainda mais restritivas? Há que reflectir agora um pouco sobre os responsáveis deste caso específico. Que partidos e facções políticas de direita, assumidamente ou tendencialmente mais defensores de políticas económicas liberais, de estado mínimo e do fim do Estado Social, tenham chumbado o tal 4 º PEC até se percebe. Podemos concordar ou não, mas percebe-se a sua posição, pois é minimamente coerente. Mas no caso dos partidos que se dizem seguir mais pela esquerda - os defensores de um estado forte e interventivo - torna-se difícil de perceber como permitiram e compactuaram com o espectro ideológico oposto, com a direita. O resultado foi evidente, o Estado fica ainda mais fragilizado e impedido de ter, na sua plenitude, o papel de garante da equidade social. São estas faltas de coerência que tornam, nos dias que correm, difícil defender a importância das ideologias.
Novamente a Greve. Contra quem então a faremos? Contra um governo que já não existe e que, apesar de poder ter cometido erros inegáveis – ou não fosse um governo de pessoas -, tentou claramente evitar tudo o que de mau virá após a acção obrigacional da Troika?
Bem, penso que só nos resta inovar: fazer greves futuras aos actos infrutíferos e que pouco ou nada acrescentam ou produzem.
Vamos lá fazer greves como oposição contra algumas contradições, trabalhando por algo diferente!
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