Agora que , novamente, teremos a oportunidade, através do escrutínio regional, de avaliar nas urnas os nossos governantes locais, parece-me pertinente parece-me ser a altura apropriada para todos nós analisarmos estado das coisas na cidade de Leiria. Por isso, farei a minha análise e espero que mais Leirienses façam também a sua. Enquanto Leiriense com forte sentido cívico, e baseando-me na minha formação académica, não posso deixar de expressar a minha opinião sobre algumas questões ligadas ao urbanismo e infra-estruturas da nossa cidade e de todos nós.
Gostava de salientar a falta de rigor e descontrolo urbanístico que tem caracterizado o crescimento da massa edificada em Leiria.
Falando de zonas de expansão mais antigas, gostaria de, a título de exemplo, referir o caso da zona habitacional que cresceu envolvendo a Avenida Marquês de Pombal. Como todos podemos confirmar, não existem espaços verdes públicos que sirvam directamente esta zona, e agora com a aprovação* da urbanização da Quinta da Portela, toda esta zona perderá o seu pulmão e a oportunidade de que nele se criasse um verdadeiro espaço verde de utilidade pública (algo previsto no PDM em Vigor**).
A zona habitacional dos Capuchos é outro exemplo de uma zona urbana sem quaisquer espaços verdes.
Destaca-se também em Leiria a ausência de equipamentos desportivos públicos capazes de servir os vários bairros e zonas residenciais da cidade, assim é normal a tão grande popularidade que as consolas e jogos de vídeo detêm em relação às práticas desportivas na vida dos nossos jovens.
Continuando a analisar o misto entre zonas verdes de lazer e equipamentos desportivos em Leiria, dois casos paradigmáticos saltam à vista, o Estádio Municipal e a requalificação urbana através do Programa Polis. O caso do estádio é o melhor exemplo do mau investimento, pois as inúmeras derrapagens e aumento de custos associados à construção consumiram muitos dos recursos económicos do município, os existentes e os inexistentes, e para quê? Ficámos com um estádio inacabado que não serve a população e sem um pavilhão gimnodesportivo.
Quando o Programa Polis, este, efectivamente, apresentou resultados satisfatórios, apesar de nele constarem vários projectos e obras controversas que ainda têm de comprovar a sua utilidade. Falo, é claro, dos parques subterrâneos, construídos em zonas onde o nível freático (nível da água no subsolo) atinge praticamente a superfície, que necessitam do funcionamento diário de bombas para não inundarem.
Falo também da requalificação do jardim Luiz de Camões e Fonte Luminosa, tendo sido substituído o acolhedor verde da relva por uma dispendiosa pedra ornamental. Ou seja, sendo o Programa Polis uma iniciativa comunitária e nacional, concluímos que o que efectivamente se fez de positivo até nem foi da responsabilidade da Câmara Municipal***. E a divida municipal sempre a aumentar, tal como demonstra o recente relatório das finanças da autarquia.
Por fim, as vias de comunicação. Leiria continua sem uma verdadeira circular interna, capaz de retirar os fluxos de tráfego do centro da cidade, quer os de acesso quer os de atravessamento.
Por enquanto não é possível ainda contornar na totalidade a cidade sem ter de atravessar zonas habitacionais e de tráfego lento. Por exemplo, a parte da circular interna construída que inteligentemente passa em túnel pela rotunda de acesso à Cruz d´Areia mais adiante estrangula na rotunda da Praça Rotária (junto ao Mc Donnal´s), sendo este apenas um exemplo da disfuncionalidade desta via.
Muito mais haveria para analisar, mas fico-me por apresentar para já estes exemplos, tendo como objectivo despertar a consciência dos Leirienses meus conterrâneos para situações que poderiam ter sido evitadas e, espero sinceramente que no futuro possam vir a ser colmatadas e corrigidas.
*Ao que parece o projecto está suspenso
** Uma nova versão do PDM estará para ser concluída brevemente
(texto publicado no Diário de Leiria em 18 de Agosto de 2009)
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