Já fiz muitas campanhas eleitorais, para todos os tipos de eleições. Já fui candidato a várias, ainda que sempre em lugares secundários. Já participei na logística e planeamento, embora quase sempre como mero braço de trabalho. Nos últimos 12 anos experimentei de tudo e vi de tudo. E tudo o que vi foi quase o mesmo. Tendem a aplicar-se as mesmas formas de sempre, que tendem a ser aborrecidas e desprovidas de sentido até para quem as faz. Então vejamos. Se alguém está motivado para ter atividade política será que aquilo que deseja fazer passa por estar simplesmente a distribuir t-shirts e porta-chaves nas feiras? Será que uma pessoa que vibra com a possibilidade de debater e construir propostas políticas e a sua implementação aprecia andar em corridas ao porco no espeto enquanto ouve repetidamente discursos pré-escritos sem qualquer tipo de debate ou contraditório? Que dizer também das visitas a empresas e instituições onde sentimos o olhar de repúdio de quem está no seu local de trabalho ou a aceder a um serviço essencial e não pode fugir do assédio eleitoral? A construção dos programas eleitorais deveriam ser os momentos mais interessantes do processo e não meros formalismos para meter na gaveta.
Mas nas campanhas também se fazem eventos próprios, conferências, debates, comícios e afins. No entanto, quem vai a estes eventos as são pessoas que fazem parte da campanha, militantes e amigos que são pressionados para comparecer em massa. Ou seja, o discurso e as atividades são realizadas para quem supostamente já irá votar nessa opção. Trata-se apenas de mais um frete? Para que servem? Dizem-me que servem para motivar as pessoas e para passar a mensagem de forma orgânica depois à rede social de cada participante. Mas será que passa? Para isso é preciso que a mensagem seja clara e passível de ser assumida por quem a ouve, coisa que nem sempre acontece. Se as pessoas seguem um determinado partido ou movimento por razões de diferenciação ideológica ou causas muito concretas, como se lida depois com a tentativa de agradar a todos sem haver compromissos com ideias ou projetos, tudo na ânsia de alargar ao eleitorado indeciso e indiferenciado? Muitas vezes estes eventos apenas servem para tirar fotografias de marketing eleitoral nas redes sociais.
Hoje não tenho a menor dúvida de que as campanhas têm de ser feitas de formas diferentes. O mais chocante disto tudo é que ninguém consegue provar que as arruadas, comícios, visitas a feiras e distribuição de brindes de campanha têm impacto positivo no resultado eleitoral. Faz-se simplesmente porque não se conhecer outra forma e porque há o medo de perder eventualmente votos se não se fizer. Apesar de tudo o principal indicador, a abstenção, contínua a subir. A política pode ser divertida e séria ao mesmo tempo, pode ser uma forma agradável de resolvermos problemas, identificar diferenças, gerar consensos através da argumentação racional e cuidarmos do nosso futuro, especialmente se aprofundarmos novas formas de fazer democracia e as respetivas campanhas.
Mas nas campanhas também se fazem eventos próprios, conferências, debates, comícios e afins. No entanto, quem vai a estes eventos as são pessoas que fazem parte da campanha, militantes e amigos que são pressionados para comparecer em massa. Ou seja, o discurso e as atividades são realizadas para quem supostamente já irá votar nessa opção. Trata-se apenas de mais um frete? Para que servem? Dizem-me que servem para motivar as pessoas e para passar a mensagem de forma orgânica depois à rede social de cada participante. Mas será que passa? Para isso é preciso que a mensagem seja clara e passível de ser assumida por quem a ouve, coisa que nem sempre acontece. Se as pessoas seguem um determinado partido ou movimento por razões de diferenciação ideológica ou causas muito concretas, como se lida depois com a tentativa de agradar a todos sem haver compromissos com ideias ou projetos, tudo na ânsia de alargar ao eleitorado indeciso e indiferenciado? Muitas vezes estes eventos apenas servem para tirar fotografias de marketing eleitoral nas redes sociais.
Hoje não tenho a menor dúvida de que as campanhas têm de ser feitas de formas diferentes. O mais chocante disto tudo é que ninguém consegue provar que as arruadas, comícios, visitas a feiras e distribuição de brindes de campanha têm impacto positivo no resultado eleitoral. Faz-se simplesmente porque não se conhecer outra forma e porque há o medo de perder eventualmente votos se não se fizer. Apesar de tudo o principal indicador, a abstenção, contínua a subir. A política pode ser divertida e séria ao mesmo tempo, pode ser uma forma agradável de resolvermos problemas, identificar diferenças, gerar consensos através da argumentação racional e cuidarmos do nosso futuro, especialmente se aprofundarmos novas formas de fazer democracia e as respetivas campanhas.
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