Em Plena “Silly Season” ou “la morte-saison”, como dizer anglo-saxónicos e francófonos respetivamente, Portugal está longe de parar. Quando muitos estão de férias outros trabalham ainda mais afincadamente. Muitos espaços e atividades encerram ou cessam completamente, mas muitos outros funcionam a todo o vapor.
O setor do turismo é um daqueles que tenta nesta altura superar a crise. A propósito disso, foi dito aos portugueses para passarem férias cá dentro. A ideia, à primeira vista, parece acertada e consensual, pois é evidente que estimula a economia interna, mantendo divisas no país. Mas, ao transmitir essa ideia, arriscamos perder algumas oportunidades indiretas de desenvolvimento. Por exemplo, seria interessante defender também que: viajar para o estrangeiro poderá trazer mais-valias ao país. Sair da realidade nacional, carregada de um manto de cinzentismo, poderá ajudar a conhecer novas realidade e ideias. Nessa novidade existe a oportunidade de recolher boas ideias e exemplos, tal como reconhecer os maus de modo a evita-los e continuar a apostar naquilo que nos distingue e somos bons. Ficarmos fechados sobre nós mesmos pouco ou nada ajudará. Boas ideias e exemplos inspiradores não têm preço. Conhecer o mundo é essencial para podermos mudar a aparente e imutável realidade em que vivemos. Pena é o acesso a viagens instrutivas ser restrito, pois, ao contrário das boas ideias, viajar tem um preço alto.
Assim, parece-me completamente errada a ideia de “quase obrigar” também todos os membros do governo a fazer a totalidade das suas férias por Portugal. Se alguém precisa urgentemente de novas ideias e de procurar novos exemplos são os nossos governantes. Que pena não aproveitarem alguns dias de férias lá fora, atendendo a que a sua situação financeira é tendencialmente mais desafogada que a da maioria dos portugueses, para viajar e procurar boas ideias – mesmo que não sejam somente turísticas – para os pais. Também de férias se pode trabalhar, ainda que de um modo diferente.
Este texto, tal como a época em que é escrito, tem muito de “silly” - ou, em português, de parvo(a). Tem também algo de esperançoso, tentando reforçar para a necessidade de procurar bons exemplos, “saindo da caixa” ou, neste caso, do “retângulo” para voltarmos menos “quadrados”.
Texto publicado no Diário de e no Jornal de Leiria
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