segunda-feira, 19 de abril de 2010

A insustentabilidade ambiental e económica dos transportes rodoviários

Sempre que existe uma interrupção escolar o trânsito rodoviário sofre alterações e transformações mais que evidentes, tendo sido essas mesmas alterações manifestas nas últimas férias Pascais. Qualquer cidadão atento não deixou de notar que, durante as férias escolares, o trânsito fluía com muito mais facilidade nas habituais horas de maior congestionamento. A essas mesmas horas, as chamadas de ponta, durante os períodos de funcionamento das escolas, podemos comprovar que o trânsito se torna muito mais caótico e que o volume de tráfego rodoviário aumenta drasticamente.
Esta situação deveria dar que pensar a todos os cidadãos. Todos deveríamos reflectir sobre o porquê destas ocorrências, especialmente numa altura em que as questões de sustentabilidade ambiental estão na ordem do dia, pois sabe-se que o sector dos transportes é o segundo maior poluidor e consumidor de energia, sendo o tráfego automóvel o maior contribuidor para essa performance ambiental negativa.
Há várias explicações para este aumento, sendo que duas razões se destacam à partida: deficiente cobertura dos transportes escolares e públicos; recurso crescente ao transporte pessoal, quer por vontade dos pais, quer dos próprios alunos, em se deslocarem e serem deslocados à escola, sem preocupações para com o ambiente e impactos que têm nos sistemas e infra-estruturas rodoviárias.
No passado recente, praticamente todos os alunos se deslocavam para as suas escolas a pé, ou através do transporte colectivo público ou escolar. Hoje, uma grande percentagem dos estudantes é transportada pelos pais. Mas muitos outros, já  depois de devidamente encartados, deslocam-se conduzindo os seus próprios veículos, o que coloca muitos veículos na estrada a circularem com um único ocupante.
Apesar deste comportamento insustentável de pais e alunos, no que toca a mobilidade, também a restante parcela da sociedade opta por modos insustentáveis de transporte, basta pensar na taxa de indivíduos que se deslocam sozinhos nos seus veículos particulares, sem recorrem a sistemas de boleias ou partilha, já para não falar na recusa do uso do transporte publico.
Para além do Ambiente, esta insustentabilidade repercute-se economicamente, de um modo negativo, nas autarquias e na administração central, que vêm as suas infra-estruturas a degradarem-se e atingirem precocemente a sua capacidade devido ao aumento evitável do tráfego rodoviário, por parte dos veículos particulares. 
As soluções mais óbvias para estes problemas passam pela aposta num serviço de transportes colectivos públicos e escolares capaz e sustentável, mas também pela aplicação de medidas de ´car sharing’ e ‘car pulling’, ou seja, a tradicional boleia e partilha de veículos (nada de novo então). Mas acima de tudo, o mais importante, do meu ponto de vista, será consciencializar os cidadãos para esta problemática, começando pela acção nas escolas junto dos mais novos.

(texto publicado no Diário de Leiria em  16 de Abril de 2010 e no Jornal de Leiria em 22 de Abril de 2010)

1 comentário:

  1. Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote (88anos)digo simplesmente que o automóvel particular é o símbolo do individualismo burguês.

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