segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Propostas para tornar o Leiria sobre Rodas mais sustentável

Na passada sessão da Assembleia Municipal de Leiria, de dia 27 de setembro de 2019, recuperando as propostas de há um ano, voltei a sugerir que o Leiria Sobre Rodas assumisse uma vertente ambientalmente mais sustentável, tal como voltasse a ser celebrada a semana europeia da mobilidade e o dia europeu sem carros. 

Foram então estas as propostas para planear e construir o evento progressivamente para impactos zero, reduzindo e compensando:
• Plantar árvores para compensar as emissões adicionais de CO2;
• Promover a deslocação para o evento através de transporte coletivo planeado pela organização, conjugado com uma política de favorecimento dos parques de estacionamento periféricos;
• Fechar nas semanas anteriores ao evento algumas ruas ao trânsito e disponibilizar transporte público de complemento para compensar as emissões adicionais do evento;
• Disponibilizar estacionamento preferencial mais perto da entrada somente para automóveis que venham com mais de dois passageiros;
• Desconto para quem se desloque de bicicleta ao evento;
• Incorporação no evento de campanhas de sensibilização para a mobilidade sustentável, especialmente de formato lúdico;
• Implementar política de reutilização de copos e outros utensílios geradores de resíduos, compostagem para os resíduos biológicos e separação dos restantes resíduos que não se possam evitar;
• Incorporar no recinto do evento barreiras acústicas para reduzir os impactos sonoros na envolvente;
• Reforço em parcerias que tragam ao certame novos veículos mais sustentáveis, como o transporte coletivo, bicicletas de uso diário, veículos elétricos e outros sistemas alternativos.
• Um processo participativo e colaborativo para que os leirienses possam participar no processo de melhoria da sustentabilidade do evento.

Em resposta do atual Presidente de Câmara ficou o compromisso de voltar a celebrar o dia europeu sem carros, a semana da mobilidade e a ir gradualmente tornando o evento "Leiria sobre rodas" mais sustentável. 

sábado, 14 de setembro de 2019

Leiria sobre Rodas e a Sustentabilidade Ambiental: Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria

Leiria esteve sobre rodas no passado fim de semana. Foram milhares de pessoas que se deslocaram a Leiria, quase sempre nos seus veículos automóveis. Nada de estranho, uma vez que o evento promovia a cultura do automóvel e que a esmagadora maioria de todas as viagens em Leiria são realizadas nesses veículos.

Eventos como o Leiria sobre rodas são obvias opções políticas do atual executivo, que, pela votação obtida nas ultimas eleições, tem legitimidade para implementar políticas próprias. No entanto, há sempre possibilidade de melhorar, e parece-me que devemos sempre dar contributos de melhoria quando pudermos. A aposta na promoção do desporto e cultura automóvel pode ser conjugada com as políticas de proteção ambiental e sustentabilidade urbana. É nesse sentido que faço as seguintes sugestões, para que o evento possa ser mais sustentável, uma vez que tudo indica a sua continuidade no futuro, pela importância que já tem localmente e regionalmente.

Um evento que mobiliza tantos veículos para exposição e para circulação competitiva e de passeio, que exige uma enorme logística, que intervém no espaço público, que gera grandes necessidades de transporte dos espetadores para um ponto concentrado, tem consideráveis impactes ambientais. 

Sabemos que os transportes são os principais consumidores de energia e os maiores responsáveis por emissões de gases de efeitos de estufa, mas também de poluentes que afetam a saúde humana, especialmente nas zonas urbanas congestionadas. Sabemos que a utilização massificada de automóveis, em que a esmagadora percentagem dos veículos circula com apenas um passageiro, é insustentável. Mas para já não podemos dispensar os automóveis. Temos de ser realistas. Por isso temos de os integrar nos sistemas urbanos, pois sem eles perderíamos qualidade de vida e mobilidade. Assim será até haver outras alternativas e momentos de transição para uma mobilidade mais sustentável.

Então a minha sugestão será aproveitar este evento de massas para trabalhar a sustentabilidade urbana, mobilizando toda a comunidade e aqueles que são os mais apaixonados pelos veículos automóveis. Isso seria conjugável com as preocupações da autarquia para com a necessidade de medidas de adaptação às alterações climáticas, como hoje iremos ver. Sugiro que o evento seja organizado e planeado gradualmente para ter zero impactes. Isto implica fazer uma avaliação da pegada ecológica do evento, contabilizar todos os impactes ambientais, evitar ao máximo os efeitos negativos e compensar os que não possam ser precavidos. Um exemplo direto de uma medida de compensação poderia consistir em plantar árvores em número e capacidade de anular os efeitos das emissões adicionais produzidas. Fechar algumas ruas ao trânsito e reforçar a oferta de transporte público, pelo menos na medida do que seriam os impactes adicionais do evento, internalizando esses custos no próprio evento. Poderia haver uma forte sensibilização através de técnicas lúdicas e de experimentação de novas formas de mobilidade, ou simplesmente das possibilidades de alterar hábitos para opções mais insustentáveis, conjugáveis com o uso do automóvel.  Ao fazer isto poderia manter-se e reforçar o evento, fazer uma enorme campanha de educação ambiental, enquadrada com as demais políticas municipais. Através da experimentação e transferência dos impactes ambientais para os utilizadores facilmente se iria criar consciência ambiental. Também os resíduos urbanos gerados pelo evento poderiam ter um plano próprio que evitasse a sua produção. O ruido poderia ser também minimizado, através de isolamento próprio. As possibilidades são imensas, não havendo aqui tempo para as enumerar a todas. Mas fica a ideia.

Ficam estão as sugestões. Sem esquecer que o dia europeu sem carros, que tem uma adesão europeia entre as cidades que mais se preocupam com a qualidade de vida e sustentabilidade locais, merece ser celebrado. Parece-me que a coincidência com o Leiria sobre Rodas somente se justificará quando estas práticas ambientais forem inatas ao evento.
Nota: Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria realizada em Setembro de 2019

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Para quando uma ludoteca pública de jogos na nossa biblioteca municipal?

Os livros continuam a ser caros face ao poder de compra dos portugueses. Uma das opções para conseguir poupar e manter hábitos de leitura consiste em recorrer às bibliotecas públicas. As bibliotecas podem não ter exatamente tudo o que procuramos, mas se tiverem o mínimo de qualidade e investimento, podem ter bastante, algo muito próximo do que desejamos. No entanto, esses espaços públicos não são meros depósitos de livros. Neles devem haver espaços de apoio ao leitor, recursos humanos que incentivem e apoiem os leitores, mas também outras valências. As bibliotecas têm-se transformado em espaços de cultura acessível. Muitas têm espaços para as crianças brincarem, espaços de lazer, cafetarias, salas de exposições, possibilidade de ver filmes, ouvir musica, entre outras coisas. A biblioteca Afonso Lopes Vieira, a nossa biblioteca pública em Leiria, não é exceção.

Mais para o centro e norte da europa existe algo que tem tornado as bibliotecas ainda mais animadas e frequentadas. Algumas têm ludotecas em que se pode utilizar e requisitar gratuitamente jogos de tabuleiro, podendo aceder aos títulos mais recentes, àqueles que chamamos “jogos de tabuleiro modernos”, fruto de uma industria criativa, sustentável e inovadora. Estes jogos não são baratos, custando várias vezes o preço de um livro. Não aconselho ninguém a comprar sem experimentar primeiro e perceber um pouco da variedade que existe. Nessas bibliotecas as pessoas podem experimentar e partilhar os jogos, reutilizando, o que evita consumos desnecessários. Nelas podem experimentar e testar, com colaboradores informados para auxiliar, tal como fazem com os livros.

Um serviço desta natureza numa biblioteca em Leiria seria valiosíssimo. Estes jogos são formas de cultura, pois geram dinâmicas importantes entre os jogadores, disseminando conhecimento, incentivando a comunicação e sociabilização. São enquadrados em temas e contextos, servindo para comunicar através do ato fascinante de jogar, o que se torna divertido e diferenciador, sem muitas alternativas que possam competir com isso. Estes jogos são um incentivo aos novos criadores das mecânicas conceptuais, investigadores que têm de estudar os temas associados aos jogos de modo a criarem uma abstração coerente, mas também para designers gráficos e de modelação. Um exemplo é o jogo “Lisboa” de Vital Lacerda. Nesse jogo os jogadores competem para contribuir para a reconstrução da capital portuguesa depois do terramoto de 1755. Para isso têm de perceber como funciona o comércio na época, o papel da igreja. Saber quais os poderes dos líderes do estado absoluto. Decidir onde construir os edifícios públicos no novo desenho urbano da cidade, que tipo de lojas incentivar a abrir e que bens produzir. Este é apenas um exemplo. Há muitos outros. 

Ter em Leiria uma biblioteca com estas valências teria um potencial único, especialmente porque estes jogos também poderiam ser utilizados pelas escolas como ferramentas de apoio educativo. Esta ideia não é difícil de implementar, basta querer.

Texto publicado no Diário de Leiria

Jogos de tabuleiro modernos para salvar o Verão

Está um verão atípico. Aquelas atividades que habitualmente fazíamos têm estado condicionadas pelo frio, céu encoberto e até uma ou outra chuva pontual. O clima parece estar instável e a meteorologia uma verdadeira lotaria onde não sai prémio algum. Então o que fazer com este tempo? Teremos provavelmente de ficar mais por casa, ou noutras atividades de exterior mais ativas do que a passividade do simples estender ao sol. 

Então quais às alternativas. Recomendo que, na medida do possível, aproveitarem a companhia dos vossos familiares e amigos para jogarem uns jogos de tabuleiro. Podem fazer muitas outras coisas, desporto e passeios, mas não fiquem só por isso. Recomendo também esses jogos por serem atividades sustentavelmente divertidas que podem fazer independentemente do bom tempo. Só precisam de boa companhia e dos jogos certos é claro. Quer seja em casa, num telheiro, esplanada ou debaixo de um chapéu, muitos jogos adequam-se a interiores e exteriores. Alguns nem sequer precisam de mesas. 

Quando falo de jogos de tabuleiro não me refiro aos clássicos, não porque não possam servir para o efeito, mas porque existem outros muito melhores que até vão fazer mudar a opinião de quem diz que não gosta deste tipo de jogos. Existem novos jogos, produtos criativos de autor, especialmente pensados para adultos, mas que também podem ser jogados por crianças. Vou passar a recomendar alguns deles que podem encontrar com facilidade e ainda ajudar a salvar o vosso verão.

“Passa o Desenho” reimplementa, através de sequências de palavras e desenhos, o antigo jogo do telefone avariado. Em o “Código Secreto” jogam em equipas que tentam adivinhar palavras, quase sempre recorrendo a pistas confusas e que se podem tornar hilariantes. “Ikonikus” serve para expressarem emoções e sentimentos, que no ambiente certo podem fazer-vos chorar de rir. “Soldado Milhões” é um jogo rápido de gestão de recursos, que são cartas, para tentar reclamar mais pontos que os outros. “Rhino Hero”, parece um jogo de crianças porque o é, que os adultos vão adorar enquanto constroem uma torre com cartas, fazem subir o rinocerote e esperam que sejam os outros a derrubar a construção. Existem muitos mais, alguns que se jogam apenas com papel e caneta, uns que simulam “Escape Rooms”, outros que se jogam de forma totalmente colaborativa, e por aí fora. Depois existem os meus preferidos, mas que demoram algumas horas e ocupam imenso espaço de mesa, que se aproximam de simulações económica em que desenvolvemos indústrias, cidades, sistemas de produção agrícola e por aí fora. Esses dariam origem a outro texto.

Isto são apenas alguns exemplos de jogos que podem utilizar nas vossas férias e que não são difíceis de arranjar nem jogar sem os conhecerem previamente. Ao jogarem este tipo de coisas com os vossos familiares e amigos, em atividades presenciais que se olham olhos nos olhos, vão ver como se vão sentir ainda mais próximos. Já temos todo o ano para andarmos em correrias e a comunicar com meio mundo de olhos no ecrã.

Texto publicado no Diário de Leiria.

10 anos do blogue “A Busca pela Sabedoria”

Há 10 anos trabalhava em engenharia, mais concretamente em gestão e planeamento de obras públicas. Uns anos antes tinha concluído o bacharelato, algo que na altura correspondia às atuais licenciaturas de Bolonha, e comecei então a trabalhar na minha área de formação, tendo naturalmente prosseguido estudos. Nessa altura havia essa possibilidade, tanto pelo tecido empresarial da região, tal como pela oferta formativa do Instituto Politécnico de Leiria onde era possível fazer os restantes dois anos da licenciatura, agora equivalente a mestrado, em regime noturno. Era cansativo, mas algo que não se podia desperdiçar, pois era a fusão da teoria com a prática. Assim pensava eu.

Por essa altura, há 10 anos, já tinha concluído a antiga licenciatura, uma formação avançada em higiene e segurança no trabalho e estava prestes a entrar no mestrado em energia e ambiente. Mas nada disso parecia suficiente para me apaziguar o intelecto. Apesar de todo este trabalho e estudo faltava-me algo. Foi então que comecei a escrever sobre outros assuntos. Criei um blogue, aquele com que assino cada um dos textos aqui nesta coluna quinzenal do Diário de Leiria. Nascia então “A Busca pela Sabedoria”. Nesse espaço pude escapar para outros assuntos fora da minha vida profissional, ajudando-me a respirar entre o pó das obras e a não me afundar na lama dos estaleiros.

Ao longo destes 10 anos fui escrevendo muitos textos, mais de 400 constam nesse blogue, que recebeu mais de 650.000 visitas, pelo menos da última vez que vi. Não é nada de excecional comparado com outros blogues. Mas essa não é a razão que me faz escrever isto. O que quero partilhar é o exemplo e de como me foi útil esta aventura. Ao escrever sobre outros assuntos que me despertavam interesse criei nesse blogue um espaço que me libertou. Havia então um motivo para escrever e uma razão para ordenar aquilo que lia e aprendia das áreas que me fascinavam, tal como a história, filosofia, sociologia, política e muitas outras, até cinema e artes plásticas. Foi uma forma de sistematizar informação e descobrir que gosto de aprender e conhecer coisas novas. É que nem sempre sabemos do que realmente gostamos.

Se acham que as vossas atividades profissionais são limitativas existem este tipo de espaços onde podem tocar noutros mundos. Hoje temos liberdade e imensas ferramentas ao nosso dispor. A Internet trouxe a possibilidade de qualquer um ter meios de partilha de informação, e de apreender enquanto os utilizada. No meu blogue cometi imensos erros. Fui sendo corrigido, fui aprendendo e evoluindo. Ao fazer aprendi e descobri que o medo de errar é uma das maiores restrições a que nos sujeitamos, que nos condiciona realmente e impede de viver mais experiências.

O blogue “A Busca pela Sabedoria” fez no passado dia 31 de agosto 10 anos. Anda mais calmo e ponderado, mas continua vivo, tal como a vontade de continuar a aprender. E vocês, já pensaram em fazer algo deste género? Façam, depois analisem. O pior que vos pode acontecer é errar e fazer com que façam ainda melhor das próximas vezes.
Texto publicado no Diário de Leiria.
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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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