quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um centro comercial central diferente em Milão

De todas as grandes cidades de Itália, Milão talvez seja a menos conhecida pelo seu património artístico e arquitetónico, ficando aquém de outras cidades como Florença, Veneza, Roma e etc. No entanto, no centro da cidade existem alguns locais impossíveis de esquecer. Destaca-se a Catedral (Duomo), inserida numa enorme praça, o Teatro Scala, o Castelo dos Sforza e as galerias Vitor Emanuel. É exatamente pela particularidade do último local que ensaio este texto, tentando lembrar e sugerir uma ideia e modelo que, apesar da antiguidade, por cá pouco se implementou.

As galerias Vitor Emanuel são, em parte, percussoras dos “shoppings” contemporâneos. No entanto, podem – e penso mesmo que devem – ser vistas como um exemplo e oportunidade para o comércio dito tradicional e de implementação nos centros históricos das cidades. As galerias de Milão, com mais de 150 anos de existência, por serem uma criação comercial de transição, conjugam o melhor dos dois mundos: o comércio tradicional e a grande escala (de qualidade arquitetónica).

No fundo, essa construção comercial de Milão não é mais do que uma rua comercial pedonal coberta, definida pela bela arquitetura de época, devidamente enquadrada no edificado envolvente, criando uma harmonia muito própria e algumas perspetivas únicas e invulgares de uma verdadeira composição urbana. As galerias situam-se exatamente no centro da cidade, ao lado da magnífica catedral e do famoso Teatro Scala, formando um conjunto coerente de valor acrescentado. Passa-se, a pé, dos passeios e praças diretamente para a galeria, quase sem darmos por isso. A integração é perfeita, permitindo que subsista aí o comércio tradicional – ainda que tendencialmente de luxo. Existem desde as lojas tradicionais ao “franchising”, e até “fast food”. No entanto, o comércio tradicional persiste, nas próprias galerias ou nas ruas adjacentes, que recebem ainda a influência positiva de proximidade.

Por cá, pela nossa região e suas cidades, à nossa escala, poderíamos seguir por um caminho semelhante, reinventado o comercio tradicional, os nossos centros urbanos e “shoppings”. Se a roda já foi inventada, porque não a colocar a rolar, fazendo as devidas adaptações?
Nota: Fotografias da autoria de Micael Sousa; texto criado para a coluna "Viagens (fora) da Minha terra" do Jornal de Leiria

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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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