quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Reavaliar a globalização

Depois das tristes noticias que nos vão chegando de todos os cantos do mundo, mas especialmente das Caraíbas, surge a necessidade de avaliar, ou reavaliar, um conceito controverso. Conceito esse que mobiliza pessoas de todo o planeta contra os seus efeitos mais negativos, mas que por outro lado tem como acérrimos defensores: empresas, corporações e todas as entidades que movimentam quantias consideráveis de capital. Trata-se da globalização. Muito se falou e contínua a falar dos seus aspectos negativos, facilmente apreendidos por todos nós, ou não estivéssemos a emergir de uma crise económica global. Sendo esta apenas mais um das crises cíclicas decorrentes de um capitalismo e globalização desregulamentara, algo só foi travado perante a intervenção dos Estados. Surgindo dai uma atitude paradoxal por parte de alguns agentes económicos, pois nos tempos de bonança não hesitaram em defender a desregulamentação e a diminuição do controlo Estatal, mas depois, foram os primeiros a exigir intervenção e injecções de capitais públicos, ameaçando, se isso não fosse feito, com o ruir do sistema vigente, não deixando alternativa aos Governos por esse mundo fora, se não aceitar esse tipo de soluções.

Nós, Portugueses, mais do que outro povo, devemos reflectir sobre as vicissitudes da globalização, uma vez que fomos, em pleno séc. XV, os principais agentes da globalização, mostrando a uma Europa supersticiosa a dimensão e variedade do mundo e dado a Europa a conhecer aos povos dos confins do mundo (embora essa interacção nem sempre tenha sido benéfica para esses povos).

Para além dos malefícios económicos há também os culturais, os da uniformização e perda de diversidade cultura a nível global. No entanto, comecei este texto com a necessidade, que me parece evidente, de reavaliar os efeitos da globalização, sendo que nem tudo na globalização é negativo, muito pelo contrário. Por exemplo, da recente catástrofe Haitiana, lamentável a todos os níveis, demonstrou-se um dos lados positivos da globalização: a mobilização mundial em prol da ajuda a um povo distante que sofre. Vamos defender o lado mais humano da globalização e combater os seus aspectos mais negativos. Tal como tudo na vida, devemos saber retirar o melhor da soma do todo.

(Texto publicado no Diário de Leiria em 4 de Fevereiro de 2010 e no Região de Leiria em 5 de Fevereiro de 2010)

2 comentários:

  1. Camarada, deixa-me dar a minha opinião sobre o tema: acredito que a globalização nos trouxe vantagens incomparavelmente superiores aos custos desta, especialmente a nós Portugueses!
    => Abertura e integração económica têm sido sinónimo de viver acima das possibilidades! Portanto evidenciamos mais do que ninguém um certo gosto pela globalização na medida em que esta nos tem permitido um nível de vida que de outra forma seria impossível. Ora, obviamente que isso nos vais trazer (e traz já!) "amargos de boca", mas não podemos cometer o erro de culpabilizar o "modelo económico" - até hoje é indubitavelmente o melhor que foi encontrado na teoria e com resultados práticos! o que falha, e é aí que nos devemos centrar, é a capacidade de interacção das pessoas com estas realidades, porque se há defeito que pode ser apontado à modelização económica é o facto de todos os modelos assumirem que os "agentes são racionais e soberanos" sendo esta a causa dos falhanços mais vísiveis: as pessoas não são racionais! Porque se assim fosse, o papel do estado seria tão somente o de legislador e o de agente corrector das externalidades da actividade económica, e acredita que todos (os capazes de competir!) viveríamos melhor... Mas tal exige também que uma série de hipóteses seja verificada, como um estado justo e eficiente, um sistema político capaz, etc, etc...

    Boa continuação destes excelentes espaços de reflexão que conduzes!

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  2. Excelente cometário Nuno, uma excelente justificação para algumas dos problemas os sistema económico. No entanto das malefícios económicos não falava somente da performance dos mercados económicos e da globalização, falava das desigualdades que provoca em alguns países que não estão preparados para a receber. Mas isso acontece, a meu ver quando essa globalização é desregulamentada. Sou a favor de uma globalização, pois tem vários aspectos positivos, desde que controlada, minimizando os aspectos negativos e potenciando os positivos.

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