quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quando os informam, os Portugueses respondem com solidariedade e pro-actividade!

Tenho plena consciência que iniciativas como as do Banco Alimentar não resolvem o problema da fome nem erradicam a pobreza. Isso só será possível através de sólidas e fortes políticas sociais. Enquanto políticos e a própria sociedade civil não conseguem, separadamente ou em conjunto, erradicar, ou pelo menos fazer diminuir, a desigualdade e a pobreza, penso ser nosso dever ético “alimentar esta ideia” e deixar de parte as críticas ideológicas - esse potencial e vontade política é útil, mas tem de ser canalizando para encontrar verdadeiras soluções políticas para o problema e não para criticar quem, através do seu esforço, vai ajudando quem mais precisa a suprir as necessidades do dia-a-dia.
 Apesar de ser já repetente, há pelo menos 3 anos, nestas andanças do Banco Alimentar, por cada dia e turno de recolha há sempre algo que marca e que fica na memória. Nas 4 horas de um turno de recolha, somos levados a experimentar e reflectir sobre a nossa sociedade, pois observamos e interagimos com muitas e diferentes pessoas num curto espaço de tempo: assistimos a actos de solidariedade ímpares. No passado domingo, passei por mais uma dessas experiências sociais, senti-me tocado e muitas vezes atrapalhado por alguns contactos que ia tendo com as pessoas que interpelávamos ou que vinham até nós. Não porque nos tratarem mal, muito pelo contrário, mas pela extrema generosidade e simpatia que demonstravam, independentemente dos donativos que faziam – pois o mais importante é cada um contribuir com o que entende e pode. Mas neste Novembro presenciei um caso muito pouco comum, o de um casal que, com o seu donativo, nos deixou de tal maneira espantados e atrapalhados que nem soubemos agradecer e demonstrar a nossa admiração pelo seu acto. Esse mesmo casal deixou um carrinho de compras cheio com donativo, completamente a abarrotar. Gostaria de poder agradecer a estes anónimos benfeitores de Leiria em nome de todas as pessoas que, sem as conhecer e serem conhecidos, vão ajudar.
Apesar das minhas sensações e experiências não poderem ser vistas como estatísticas, neste ano diria que, para o mesmo local e para o mesmo horário, conseguiu-se recolher mais donativos. E, notamos também que muitos Leirienses se deslocavam à superfície comercial em causa propositadamente para contribuir para o Banco Alimentar.
Ou seja, em plena “crise” os portugueses, e mais concretamente os leirienses, mostram-se preocupados com o bem-estar dos seus concidadãos, demonstram solidariedade para com o próximo e provam que, quando estimulados, os portugueses são capazes de uma grande empatia e solidariedade social. No meu entender, isto deve-se muito à acção dos Media, da divulgação do agudizar da crise e das dificuldades que vai passando o país. Assim se demonstra o poder que os meios de comunicação podem ter e que, quando conscientes e informados, os portugueses marcam presença e respondem de um modo pró-activo.
 
Então, que tal aplicar este potencial de mobilização para outras causas?

(texto publicado no Diário de Leiria em 2 de Dezembro de 2010 e no Jornal de Leiria em 16 de Dezembro de 2010)

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