quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Erros urbanísticos em Leiria

Agora que novamente teremos a oportunidade, através do escrutínio regional, de avaliar nas urnas os nossos governantes locais, parece-me ser a altura mais pertinente e apropriada para todos nós analisarmos o estado das coisas na cidade de Leiria. Por isso, farei a minha análise e espero que mais Leirienses façam também a sua. Enquanto Leiriense com forte sentido cívico, e baseando-me na minha formação académica, não posso deixar de expressar a minha opinião sobre algumas questões ligadas ao urbanismo e infra-estruturas da nossa cidade e de todos nós.
Gostava de salientar a falta de rigor e descontrolo urbanístico que tem caracterizado o crescimento da massa edificada em Leiria. Falando de zonas de expansão mais antigas, gostaria de, a título de exemplo, referir o caso da zona habitacional que cresceu envolvendo a Avenida Marquês de Pombal. Como todos podemos confirmar, não existem espaços verdes públicos que sirvam directamente esta zona, e agora com a aprovação da urbanização da Quinta da Portela, toda esta zona perderá o seu pulmão e a oportunidade de que nele se criasse um verdadeiro espaço verde de utilidade pública (algo previsto no PDM em vigor). A zona habitacional dos Capuchos é outro exemplo de uma zona urbana sem quaisquer espaços verdes. Destaca-se também em Leiria a ausência de equipamentos desportivos públicos capazes de servir os vários bairros e zonas residenciais da cidade, assim é explicável a tão grande popularidade que as consolas e jogos de vídeo detêm em relação às práticas desportivas na vida dos nossos jovens.
Continuando analisar o misto entre zonas verdes de lazer e equipamentos desportivos em Leiria, dois casos paradigmáticos saltam à vista, o estádio Municipal e a requalificação urbana através do Programa Polis. O caso do estádio é o melhor exemplo do mau investimento, pois as inúmeras derrapagens e aumento de custos associados à construção consumiram muitos dos recursos económicos do município, os existentes e os inexistentes, e para quê? Ficámos com um estádio inacabado que não serve a população e sem um pavilhão gimnodesportivo. Quanto ao programa polis, este efectivamente apresentou resultados satisfatórios, apesar de nele constarem vários projectos e obras controversas que ainda têm de comprovar a sua utilidade. Falo é claro dos parques subterrâneos, construídos em zonas onde o nível freático (nível da água no subsolo) atinge praticamente a superfície, que necessitam do funcionamento diário de bombas para não inundarem, onde os preços praticados não convidam à utilização deste parqueamento. Falo também da requalificação do Jardim Luiz de Camões e Fonte Luminosa, tendo sido substituído o acolhedor verde da relva por uma dispendiosa pedra ornamental. Ou seja, sendo o programa polis uma iniciativa Europeia e nacional, concluímos que o que efectivamente se fez de positivo até nem foi da responsabilidade da Câmara Municipal*. E a dívida do Municipal* sempre a aumentar, tal como demonstra o recente relatório das finanças da autarquia.
Por fim, as vias de comunicação. Leiria continua sem uma verdadeira circular interna, capaz de retirar os fluxos de tráfego do centro da cidade, quer os de acesso quer os de atravessamento. Por enquanto não é possível ainda contornar na totalidade a cidade sem ter de atravessar zonas habitacionais e de tráfego lento. Por exemplo, a parte da circular interna construída que inteligentemente passa em túnel pela rotunda de acesso à Cruz d´Areia mais adiante estrangula na rotunda da Praça Rotária (junto ao McDonal´s), sendo este apenas um exemplo da disfuncionalidade desta via.
Muito mais haveria para analisar, mas fico-me por apresentar para já estes exemplos, tendo como objectivo despertar a consciência dos Leirienses meus conterrâneos para situações que poderiam ter sido evitadas e, espero sinceramente, que no futuro possam vir a ser colmatadas e corrigidas.

*Responsabilidade dao anterior executivo 


(Texto publicado no semanário Região de Leiria em 7 de Agosto de 2009 e no semanário Jornal de Leiria em 13 de Agosto de 2009)

O Ressurgimento da vertente social da Social-democracia em Leiria

Algo de notável aconteceu em Leiria. A Acção Social está na ordem do dia e ainda bem. Algumas forças políticas locais, que até agora aparentemente andavam distanciadas destas questões, apelam à mobilização de fundos para a acção social no Concelho de Leiria. A razão ao certo para esta nobre preocupação escapa-me, será porque nos aproximamos do Natal (onde todos somos mais solidários) ou porque estamos no Outono (vivendo de um período pós-eleitoral)? Apesar das suposições, estas questões são mais que pertinentes e não devem ser abordadas de ânimo leve, pois estamos a falar de Pessoas. Essas mesmas pessoas sabem que esta crise não teve inicio em Outubro, nem sequer no presente ano, é bem anterior a isso. Isto pressupunha que o anterior executivo já tivesse tomado medidas de acção social adequadas à escala local, o que não fez com sucesso.
Então, se a crise não é de agora nem as dificuldades que a grande maioria dos Portugueses têm vindo a ser sujeitos, incluindo os Leirienses, com que legitimidade é que algumas forças políticas pegam agora na bandeira da acção social, assumindo-se como paladinos da solidariedade social, da defesa da igualdade e da equidade? É de louvar os ressurgimentos da social-democracia na sua vertente mais social. Mas será autêntica essa preocupação? Ou apenas um aproveitamento político para justificar os votos contra a baixa do IRS proposto pelo actual executivo da Câmara Municipal de Leiria?

 Enquanto defensor da tomada de medidas, por parte do poder nacional e local, que promovam a igualdade de oportunidades e uma verdadeira equidade social, nada me tornaria mais feliz se todos os partidos, especialmente aqueles que assumem a social-democracia, se preocupassem efectivamente com as causas sociais. Lamento apenas o tempo que demorou até estas preocupações maturarem, mais de 30 anos!
Em Leiria quem verdadeiramente venceu foi a causa social, pois, a partir de agora, não será somente o PS e os restantes partidos mais à esquerda a defender a tomada de medidas de acção social, promotoras de equidade e igualdade de oportunidades.

(Texto publicado no Diário de Leiria de 10 de Dezembro de 2009)
Related Posts with Thumbnails

Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





TOP WOOK - EBOOKS

Novidades WOOK - Ciências

TOP WOOK - Economia, Contabilidade e Gestão

Novidades WOOK - Engenharia

Novidades WOOK - Guias e Roteiros