Quase sempre especialistas, técnicos, investigadores e outros tantos opinadores enchem-nos os Media com constatações pessimistas e fatalistas, retirando qualquer esperança a quem quer ver sair do léxico corrente a palavra “crise”. Aparentemente parece que não há esperança nem modo de sair desta situação tenebrosa, mesmo que pouco tangível para a maioria do comum dos cidadãos como eu.
A agravar estes estados de espírito, ou até mesmo contribuindo para os causar, estão algumas características bem particulares da sociedade Portuguesa que contribuem para a desconfiança e falta de entreajuda entre indivíduos e indivíduos e instituições. Falo dos níveis elevados de corrupção que se registam em Portugal, da desconfiança generalizada, da falta de espírito cívico e da deficiente Democracia participativa. Acabei de ser eu próprio um mensageiro da desgraça e má fortuna. Hipocrisia? Talvez, todos estamos sujeitos a ela, especialmente se não optarmos em primeira instância pela auto-critica. Mas refiro estes estados de espírito colectivos para poder tentar, humildemente, descortinar uma possível solução que os minimize. Não sou sociólogo, antropólogo ou sequer versado academicamente em ciências sociais, o que provavelmente até transparece pela minha atabalhoada escrita, mas vou fazendo de tudo para estar atento e recolher informações sobre o meio humano que me envolve – a sociedade.
A agravar estes estados de espírito, ou até mesmo contribuindo para os causar, estão algumas características bem particulares da sociedade Portuguesa que contribuem para a desconfiança e falta de entreajuda entre indivíduos e indivíduos e instituições. Falo dos níveis elevados de corrupção que se registam em Portugal, da desconfiança generalizada, da falta de espírito cívico e da deficiente Democracia participativa. Acabei de ser eu próprio um mensageiro da desgraça e má fortuna. Hipocrisia? Talvez, todos estamos sujeitos a ela, especialmente se não optarmos em primeira instância pela auto-critica. Mas refiro estes estados de espírito colectivos para poder tentar, humildemente, descortinar uma possível solução que os minimize. Não sou sociólogo, antropólogo ou sequer versado academicamente em ciências sociais, o que provavelmente até transparece pela minha atabalhoada escrita, mas vou fazendo de tudo para estar atento e recolher informações sobre o meio humano que me envolve – a sociedade.
Nos últimos anos reparei que alguns comportamentos e hábitos mudaram. Hoje em dia uma grande percentagem dos cidadãos faz a separação dos resíduos que produz, alguns fazem até compostagem. Cuspir para o chão, um hábito muito comum há uns anos atrás, é agora socialmente condenável, tal como deitar lixo para o chão.
Estas mudanças ocorreram não pela imposição, não foram coimas nem repressões que as provocaram. Parece-me que aconteceram simplesmente pela consciencialização e educação dos actores sociais. Muitos esforços foram canalizados para as escolas no sentido de educar as novas gerações para as causas ambientais, estando os resultados à vista. São hoje as crianças e jovens os principais agentes responsáveis pela separação de resíduos nos lares Portugueses, directa e indirectamente, quer pela separação efectiva, quer pela divulgação da sua importância. Até no recente Projecto Limpar Portugal foram, na sua maioria, os jovens a divulgar, mobilizar e arrastar a sociedade civil e o próprio poder público para as limpezas.
Se isto foi possível de conseguir em prol da causa ambiental porque não adoptar a mesma metodologia de consciencialização para a cidadania, para o sentimento de repulsa perante a corrupção e para o reforço dos valores da democracia participativa? Vamos educar e formar os nossos jovens, e através deles toda a sociedade, para a cidadania, para a rectidão de carácter, para a liberdade com responsabilidade, para o respeito mútuo e para a defesa do bem comum através do civismo e de atitudes pró-activas. Vamos planear uma sociedade melhor para o futuro, sendo o acto de planear também ele verdadeiramente revolucionário para a mentalidade Portuguesa, não pela repressão e obrigação, mas pela informação e filantropia. Estas, quanto a mim, são formas exequíveis e válidas de atacar alguns dos problemas de base contemporâneos da nossa sociedade e que nos fazem estar sempre em crise ou crises.
(Texto publicado no Diário de Leiria em 22 de Junho de 2010 e no Jornal de Leiria em 8 de Julho de 2010)
Excelente post!
ResponderEliminarComo dizes e muito bem, se funcionou para melhorar em muito o ambiente, porque não vamos todos, nós que somos a sociedade, fazer jus à corrupção, um cancro terrível, fazer jus para que a Democracia seja mais participativa, fazer jus para deixar de haver desconfiança generalizada.
Mas, o que mais me decepciona é que fala-se tanto em combater a corrupção, e continua tudo na mesma. A crise sempre existiu, sempre existirá, se não combatermos a corrupção, outro cancro que nos leva a todos, cidadãos e Nação ao abismo.
Falta vontade política para combater a corrupção, pois, a corrupção e a democraria são assuntos muito importantes para serem debatidos. Principalmente a corrupção, porque é causada pela falta de democracia.
Mas será que alguém me saiba dizer o que é democracia? Pela forma como está a ser feita, é tudo menos democracia.
Democracia para mim é um conjunto de princípios e práticas que protegem a libertdade humana.
A corrupção só existe porque todos nós negamos que a democracia seja bem realizada, e só acaba quando formos cidadãos mais participativos. Aguns dizem que a democracia é uma utopia, sim e que assim seja, porque através do processo da utopia chegamos à realidade perfeita, onde todos nós possamos ter direitos iguais e um padrão de vida digno, como cidadãos humanos.
Ponhamos todos a mão na consciência, principalmente quem nos governa e reflitam sobre todos os actos que têm sido cometidos.
Sonhar só como se tem sonhado, só é um simples sonho, mas sonhar em conjunto é um sonho para a realidade de todos.
Lumena
Urge a educação para a cidadania e civismo. Essa ausência real e prática resulta num défice que torna o nosso país "atrasado" face aos restantes países da UE. Os PINs são importantes mas não são tudo, muitas vezes são apenas os sintomas de outros problemas estruturais.
ResponderEliminarTerá de ser o Estado ou associações e ONGs a fomentar acções de consciencialização ou iniciativas formativas nesse sentido, no fortalecimento da cidadania. Especialmente eles porque muita da educação em casa é hoje inexistente pelos ritmos e práticas familiares actuais...
Este é um dos melhores textos que já li Micael.
ResponderEliminarE o comentário LUmeNA completa-o na perfeição.
Formidável
Abraço
Muito obrigado. Tenho tentado expressar estes sentimentos o melhor que posso, mas nem sempre é fácil. Espero ter conseguido transmitir a ideia sendo que este texto se revestia de alguma intervenção social. O que realmente gostava é que tivesse algum efeito...
ResponderEliminar