segunda-feira, 9 de abril de 2018

Dar continuidade, renovando o associativismo pelo património

O tempo do património não será o tempo dos homens e das mulheres. As nossas vidas são curtas e finitas, esperando-se que os patrimónios, propriedades de todas e de todos, persistam para além de nós mesmos.

A minha participação na direção do CEPAE coincide com o nascimento desta coluna de opinião, por isso faz sentido deixar um texto de despedida. Digo participação porque sempre encarei a presidência como um mero formalismo. Ou o trabalho voluntário em defesa e valorização do nosso património regional era feito em equipa ou nada se poderia fazer. Nunca me senti presidente do CEPAE no sentido de mandar. Estava simplesmente entre pares, quase sempre melhores que eu. Obrigado Diana, Adélio, Helena, Ana, Miguel e Sergio pela vossa paciência.

Irei deixar de ser presidente do CEPAE mas não me desvinculo da associação. Volto à condição de associado de base, como mais um voluntário que irá colaborar com a próxima direção. Aliás, se não for assim, com base no associativismo e paixão voluntária pelo património, o CEPAE não funciona. Para além disso, se os municípios não se envolverem, pois são eles os associados fundadores da instituição - de um tempo em que se queria promover o património da região em rede e cooperação -, dificilmente também se poderá cumprir a missão do CEPAE.

É de importância maior para o CEPAE saber definir qual a sua área territorial de intervenção. Hoje em dia o conceito de Alta Estremadura pode parecer estranho à maioria das pessoas. Estando os distritos esvaziados de muitas das suas razões de ser, as regiões foram miragens não concretizadas. Organizamo-nos politicamente e administrativamente numa multiplicidade de delimitações, quase sempre confusas. Em que ficamos? Será que nos devemos cingir às comunidades intermunicipais que nos ligam regionalmente aos municípios?

No CEPAE fazemos um voluntariado responsável, contando cada cêntimo para poder investir na próxima iniciativa dedicada ao património. Mas isto só é sustentável enquanto as pessoas sentirem que vale a pena o esforço. Tal como o próprio património, o associativismo por causas, só pode ser preservado se as pessoas o valorizarem, reconhecendo o seu valor diferenciador e potencial coletivo.

Texto publicado no Jornal de Leiria em 29 de março

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