terça-feira, 29 de abril de 2014

Os meus preconceitos e Porque “Bem-vindos a Beirais” só pode ser ficção

Este promete ser um dos textos mais redundantes deste blogue, mas não resisti a falar de uma das séries me acompanha quando estupidamente ligo a televisão da cozinha para cozinhar ou jantar. Tenho esse hábito estupido de ligar a tv, e como nos restantes canais a programação é ainda pior lá vai o canal 1 reinando. Refiro-me à série “Bem-vindos a Beirais”. Não é a primeira série do género, mas nesta até depositava algumas esperanças. Umas que se cumpriram, outras que nem por isso.

Espero que ninguém leve "Beirais" muito a sério, pois qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Provavelmente estou a ser apenas exagerado. De qualquer dos modos certas coisas na série são caricatas.
Então vejamos. Só mesmo em beirais é que acontece isto e em mais nenhuma aldeia do país:
  • Ninguém vê televisão;
  • Todas as pessoas ouvem a emissão local de rádio;
  • Existem imensos serviços públicos;
  • O(a) presidente de junta de freguesia tem poder político de fazer lei;
  • O(a) presidente de junta de freguesia tem meios para fazer projetos e pode trabalhar a tempo inteiro na sua junta.
  • A GNR tem imensos poderes de intervenção e ação;
  • A GNR fiscaliza tudo e prende pessoas a seu bel-prazer;
  • Existe um médico que faz tudo, mesmo sem apoio de enfermagem e pessoal administrativo;
  • As mulheres andam sempre de saltos altos, mesmo em casa, e sempre maquiadas;
  • Os habitantes exprimem-se num português imaculado, mesmo sem qualquer calão, quanto mais brejeirices - este tipo de linguagem nem na literatura se encontra;
  • Cada um fala na sua vez sem interrupções;
  • Apesar de poderem estar muitas pessoas no café ninguém fala alto;
  • Estão constantemente pessoas em circulação pelas ruas;
  • Quase não existem carros;
  • Os padres são todos moderníssimos;
  • Ninguém pergunta o preço de nada;
  • É sempre primavera;
  • Existem mais adultos em idade ativa que idosos;
  • Todos têm imensa consideração pelos idosos;
  • A escola primária tem crianças;
  • As crianças adoram a sua professora e não qualquer problema ou questão com os pais;
  • Os jovens adultos, nem os seus pais, não demonstram qualquer interesse por frequentar o ensino superior, por serem doutores ou engenheiros;
  • Os negócios não abrem falência apesar de quase nunca existirem clientes;
  • Praticamente ninguém trabalha, ou necessitam de trabalhar apenas algumas poucas horas por dia para sobreviver - lembrado as tribos da amazónia que vivem isoladas;
  • Poucos se dedicam à agricultura, mesmo a de quintal;
  • Não existem conflitos nem pessoas desavindas;
  • Praticamente não existem mexericos;
  • Os homens não falam de futebol e clubismos;
  • Não há um rancho folclórico na aldeia nem um clube de futebol associado ao clube recreativo;
  • As famílias alargadas são uma exceção, e as personagens poucos laços de família têm entre si - parece que não existem primos;
  • O genérico mostra imagens rurais do norte e interior de Portugal, quando depois o espaço edificado da aldeia é da Extremadura/Zona Centro;
Havia muito mais com certeza, mas isso obrigava-me a ver a série com um bloco de notas, coisa que não irei fazer com certeza.
Beirais é assim, uma ficção redundante, mas está muito longe de ser das piores, ainda que possa fazer alguma desinformação. É uma série ligeira e que entretém porém. Espero que ninguém retire dali fontes de ensinamento para descrever e compreender o mundo rural, nem para saber quais as responsabilidades e funções de certas instituições públicas. Mas pronto, lá estou eu a exagerar outra vez. Ninguém vai fazer isso é claro.
Bem, em jeito de resumo, a principal conclusão deste texto é que tenho muitos preconceitos e até alguma sobranceria. Pronto, ai está uma coisa útil identificada. Vou fazer por melhorar. Obrigado Beirais.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Um desafio do P3 sobre o 25 de Abril

Enquanto cronista do P3 - pelo menos assim me foi dito -, de tempos a tempos, para além dos nossos textos sobre as temáticas que mais me agradam e parecem adequadas ao tipo de publicação, surgem alguns outros desafios.
Desta vez o P3 desafiou-me a escrever algo sobre aquilo que familiares amigos me tinham contado sobre o 25 de Abril, sobre as suas histórias e vivências.



Aqui está o resultado: 25 de Abril: as vidas que nasceram da revolução

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Livros de bolso em Paris

Volto de novo a falar de Paris, cidade que, quanto mais conheço, mais inesgotável me parece ser nas suas várias vertentes. Desta vez falo, indirectamente, do metro, também ele imenso e composto de estações surpreendentes. Mas não é obviamente a dimensão e a própria estrutura e funcionamento do metro que pretendo identificar como algo que se pudesse aplicar à nossa terra. O que me parece relevante a aprender com o modo como os parisienses usam o seu metro passa pela gestão pessoal dos “tempos mortos”.
É muito comum, quando viajamos nas composições ou enquanto esperamos pelo comboio, assistirmos ao sacar de livros de bolso por parte dos passageiros. Parece que a grande maioria das pessoas leva, num dos seus bolsos, um livro, independentemente do crescente uso dos smartphones, com acesso contínuo à internet e quem sabe a e-books.
Tentei perceber então porque era tão comum aquele fenómeno. Curiosamente até parecem ser mais os leitores de livros que de jornais. Curioso, especialmente porque se compra e lê um jornal com mais leveza e facilidade – no bom sentido dos termos, é claro. Já um livro exige, no mínimo, uma pequena vontade planeada de iniciar e continuar uma determinada leitura.
Então descobri que existem praticamente versões de todos os livros em formato bolso, e a preços muito interessantes - cerca de metade ou menos do valor do livro em formato padrão. Assim, não é só a vontade natural e o gosto de querer ler dos parisienses, mas também a própria indústria editorial e cultural que está preparada e direccionada para oferecer livros aos consumidores, que lhes permite aproveitar os “momentos mortos”, lendo em qualquer local.
Por cá, sempre que estivéssemos numa sala de espera ou num transporte público, se tivéssemos os mesmos hábitos e opções, talvez fosse mais fácil suportar os tempos de espera, aproveitando para nos enriquecermos com o que é mais valioso – a cultura.
 
Nota: Texto criado para a rúbrica "Viagens (fora) da minha terra", do Jornal de Leiria
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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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