segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Ó Ronaldo, ajuda-nos a fazer um museu para os Mirós...

No país sem ministro da cultura vale tudo culturalmente. Esperaríamos que, mesmo não sendo ministro, existisse um secretário para defender a cultura e património de Portugal, independentemente de ser recente ao não. Um homem (ou mulher) da cultura tem, supostamente, visão do potencial que a cultura tem como motor de desenvolvimento. Seria suposto ter ainda mais visão por ser o único membro do governo a quem se permite usar óculos arrojados, daqueles especialmente calibrados para a visão cultural e envergados só por verdadeiros intelectuais – não resisti à brincadeira. Então aqueles “óculos” não deveriam ajudar o senhor secretário a ver todo o potencial gerador de riqueza e dinheiro através da cultura? Será que nunca informou o primeiro-ministro disso? Bem, se calhar fez, mas, como o seu chefe se alistou numa cruzada radical com a demanda de reduzir toda a intervenção do Estado – mesmo a positiva -, somente o sector privado pode gerar dinheiro com a cultura e seu património. Falo em gerar dinheiro porque se falasse em gerar impacto social e cultural positivos, e na importância disso, dificilmente compreenderiam. Será então um problema de comunicação, mas de quem é a culpa desta incompreensão mútua?
Não havendo quem nos salve, só nos resta uma medida extrema. Penso que se justifica chamar às suas responsabilidades, em defesa do interesse nacional, alguém especialista em museus e que por acaso agora é comendador! Pois é Ronaldo, está na hora de fazeres mais um serviço ao teu país. Não podemos recorrer a mais ninguém. Agora como comendador, convence lá o nosso primeiro-ministro que abrir um museu é boa ideia, que até pode dar dinheiro e, de certeza, potenciar indirectamente o turismo e toda a economia a ele ligada. Tu, mais que ninguém, sabes o que fazer para um museu ter sucesso. Imagine-se aquilo que conseguias fazer com uns “Mirós” para expor? Seria de certeza o mais visitado do mundo!
Como patriota que és não nos deixarás na mão! Aproveito também para te retribuir antecipadamente a gentileza, avisando-te do risco que corre o fruto dos teus pés – esse tesouro natural em carne viva. Nunca te lembres de doar as tuas botas de ouro ao Estado português porque, qualquer dia, vem por ai um governo neoliberal capaz de as vender, em vez de as expor e potenciar o turismo de desporto. Sabemos bem que isto de fazer dinheiro com aquilo que é nosso, multiplicando-o, é coisa para os outros. O mais certo seria venderem-te os trofeus e o mundo passar a confundir-te com o Ronaldo brasileiro, tal é o nosso jeito nacional de desperdiçarmos os nossos valores.
Resta-nos recorrer aos ídolos dos nossos tempos, pois naqueles que habitam no panteão governativo da nação a fé está por um fio.

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Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





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