sábado, 21 de julho de 2012

O Estado somos nós, mas só quando dá jeito!

Os políticos podem-nos ser – ainda que não seja suposto – indiferentes, mas quando esses “atores” assumem papéis de governação, nem que seja por respeito institucional, devemos-lhe dar a devida atenção (ao que fazem e dizem).
Bem sérias são as implicações e significados do que disse recentemente um dos nossos ministros. Segundo ele, agora que não serão, supostamente, apenas os funcionários públicos a perder subsídios,  levantam-se problemas de vária ordem: problemas sociais e da própria economia nacional. Agora até juízos de valor, e ajuizamos de justiça informal com conotações claramente subjetivas, aparecem dos discursos dos homens do governo.
O tal ministro, na sua carreira política de verdadeiro sobrevivente com grandes e impressionantes capacidades adaptativas, vem dar mais uma prova dos seus dotes. A sua forma de utilização da palavra, o modo profissional como comunica,  é magistral - ninguém lhe poderá criticar ou diminuir essas capacidades. Como bom comunicador que é, o nosso ministro adapta o discurso ao público-alvo. Esse público em causa exigia que se dissesse que o setor privado não deve ser tão responsabilizado pelo défice do Estado como o setor público. De um modo abstrato até concordo com o nosso ministro, mas aqui o caso é mesmo concreto. Na prática, neste caso, não se está a falar de sectores mas sim de trabalhadores. Segundo sei só os trabalhadores auferem subsídios de férias e natal, para as empresas e instituições os subsídios são outros. Segundo a posição pública do nosso ministro, sou levado a colocar a seguinte questão: Então agora os cortes já são injustos se forem para todos?! Vem-me logo à memória uma expressão muito utilizada: “com os males alheios posso eu bem”. Faltará empatia e inteligência social quando estas expressões conduzem a nossa vida? Não é preciso ser-se um génio do social para saber que os males alheios, mais tarde ou mais cedo, direta ou indiretamente, acabam por nos bater à porta. Pobre Estado este que se baseia no “tu” e no “eu” em oposição ao “nós” - é no mínimo um Estado de contrassenso.
Então não somos todos nós o próprio Estado? Não usufruímos e contribuímos todos para a sua existência? São só os funcionários públicos que utilizam os sistemas púbicos de justiça, educação, saúde e todos os demais existentes?
Infelizmente temos tendência a assumir o coletivo somente quando isso nos traz vantagens, já nos outros casos não é bem assim... Isto demonstra bem a sociedade que temos e fazemos por perpetuar. Falta a empatia que nos permitiria pensar e fazer diferente.

Texto publicado em Julho de 2012 no Diário de Leiria e no Jornal Tinta Fresca

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