sexta-feira, 22 de junho de 2012

Consensos sem Encenações Políticas


Se “todo o mundo é um palco, e todos os Homens e Mulheres meros atores, com vários papéis ao longo da sua vida”, pelo menos atendendo às palavras de Shakespeare, existem muitos papéis sociais, em constante mutação, para todos nós ao longo da nossa vida.
Na política, porque depende do modo como comunica, recorre-se às metodologias e prescrições da expressão dramática. As técnicas dramáticas e cómicas conseguem passar todo o tipo de mensagens, incluindo as políticas. Quando se monta um bom espetáculo é possível levar o público à reflexão e à emoção. Mas será legítimo transformar a política numa atuação?
Que dizer daqueles políticos, com papéis tão diferentes e distintos ao longo da sua carreira, para quem o certo e o errado dependem do papel que encarnam no momento? A coerência nem sempre é seguida, e a ética e integridade, por vezes, vão perdendo significado nas práticas do dia-a-dia.
Quando os papéis políticos são assumidos sem coerência e sem a devida preparação, a atuação tende a ser desempenhada ao jeito das artes circenses. Essas falhas costumam ser disfarçadas com malabarismos e ilusionismo políticos, baseados na desinformação.
Por outro lado, a influência das várias culturas/ideologias políticas poderia dar a necessária base e estrutura ao exercício da política, no entanto essa é uma escolha trabalhosa, que exige estudo e saber, e de difícil exequibilidade. 
Há então que ultrapassar o “sim ou não” perentório. Urgem medidas e métodos de fomento do trabalho em equipa, criando compromissos e consensos a longo prazo. Falta-nos a estratégia de fundo que nos poderia levar a novos estágios de desenvolvimento.
Na primeira democracia – a de Atenas - encontrou-se um modo de evitar as intervenções políticas vazias e inúteis: os cidadãos/políticos que apresentassem propostas sem reunir uma percentagem mínima de apoiantes, independentemente das fações, pagavam multa!
Não precisamos de mais leis nem multas, precisamos simplesmente de mais ética e espírito cívico para optar racionalmente, sem coerção e fazendo concessões, pelo que for mais útil para o coletivo. A concordância total entre todos é uma utopia, mas a responsabilidade cívica obriga a que tentemos chegar a alguns consensos.

Texto de opinião publicado no Jornal de Leiria em 7 de Junho de 2012

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