sábado, 31 de dezembro de 2011

Vai uma prendinha de cidadania para garantir a providência?

A austeridade está ai, mas para o ano será ainda maior. Como responder a isso, especialmente quando o Estado, por via do Governo, deixar de garantir algumas funções que poderiam amenizar ou suavizar esse choque? O atual Governo, devido à crise e pela ideologia em que assentam as suas políticas, tenderá a acabar com a construção de um Estado Providência. 

Como nestas épocas de instabilidade a providência será cada vez mais necessária, provavelmente terá de ser a própria sociedade a encontrar as soluções para as atuais e novas privações. Com a redução do papel de intervenção e garante do bem-estar às populações por parte dos Estados, para garantirmos alguma providência teremos, especialmente em Portugal, de reinventar a Sociedade Providência. Deveremos então voltar ao passado e trabalhar em comunidade, para a comunidade, de modo a garantir um certo nível de providência? No passado isso era possível, por exemplo na construção de habitações, onde toda a comunidade ajudava na construção das casas dos vizinhos. Hoje, regulamentos e leis, que fazem todo o sentido em nome da segurança, qualidade e da redução dos impactes ambientais, patrimoniais e afins, dificultam muita da ajuda do coletivo. Hoje será praticamente impossível fazer uma habitação sem recurso a crédito, pois os prazos de obra não permitem “ir construindo”. Mas, mesmo assim, ainda muito se pode contribuir para uma dita Sociedade Providência, existem muitas maneiras de garantir a imperativa providência e compensar a não resposta Estatal. Não defendo que o Estado e a Administração Local Autárquica devam ser diminuídos nas suas responsabilidades, mas como os financiamentos, por todas as razões e mais algumas, tenderão a ser reduzidos, temos de encontrar alternativas para responder as dificuldades que vão passar muitos portugueses.
Para falar de cidadania, e de a relacionar com a Sociedade Providência, nada como alguns casos práticos para a exemplificar. Um exemplo simples e tangível pode ser: se tivermos um “buraco” na nossa rua, se formos reclamar a quem de direito e não houver dinheiro para reparar, uma solução será, com autorização das entidades responsáveis, fazer uma intervenção em jeito de trabalho voluntário e coletivo entre todos os moradores. Com esta opção dá-se uma lição de cidadania e um exemplo que poderá aproximar os cidadãos dos problemas da gestão pública e contribuir para um maior envolvimento na própria comunidade; dá-se um exemplo de “ir para além das obrigações” em prol de todos. Lembro outro caso recente de demonstração cívica na causa ambiental que poupou fundos públicos e foi para além das obrigações cívicas dos envolvidos: a iniciativa limpar Portugal. Muitos mais exemplos existem, tais como as recolhas de alimentos e outros bens para posterior distribuição. Assim, se seguirmos estes e outros exemplos, quando as coisas melhorarem – temos de esperar e fazer para que melhorem pois insustentável é viver sem esperança – os cidadãos poderão contribuir ainda mais e melhor para uma sociedade mais responsável - esperando que o Estado o seja também -, com mais empatia e capacidade de entreajuda. Nada como fazer para depois poder exigir!
Em jeito de conclusão e alusão à quadra festiva que vivemos: darmos uns aos outros outra atitude cívica e uma cidadania mais ativa será a melhor prenda para este Natal e para um ano novo que se avizinha difícil!

Texto publicado no Diário de Leiria em 22 de Dezembro de 2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Voluntariados e entorses nas pré-festividades de 2011

A época que antecedeu o Natal de 2011 aqui por Leiria merece um registo aqui nas "Redundâncias", por muitas e variadas razões redundantes, mesmo que alguns dos casos até sejam de grande importância e marcos a recordar.
Primeiro, os cortes orçamentais a que o Natal de Leiria esteve sujeito, sem grandes investimentos públicos, devido à difícil situação financeira do Município, levaram a que a cor do nosso Natal local vivesse muito do voluntariado e uma atitude cívica de salutar e elogiar - o que até foi positivo! Este ano não houve a habitual "Aldeia do Pai Natal" no nosso Rossio à beira Lis. Mas em contrapartida criou-se uma "Oficina" - do mesmo proprieário fictício, o Pai Natal - no conhecido edifício do Banco de Portugal. Nesse local de nome ficcional, mas bem real, construiu-se e produziu-se uma exposição alusiva ao Natal e dedicada as mais novos. "Fábrica" construida à custa dos meios internos da Câmara Municipal e de vários voluntários que expuseram alguns bens e objetos de brincadeiras, que são verdadeiras coleções de afetos e afetividades. Tive a possibilidade em ajudar a que nessa fábrica houvesse uma "Linha de Montagem" de Lego, de contribuir para que alguns dos melhores construtores/colecionadores de Lego de Leiria pudessem expor as suas coleções e criações para delícia de visitantes de todas as idades. Obviamente não podia deixar de colocar lá umas quantas criações também, mas a falta de tempo crónica, por excesso de vontades de fazer e criar, têm-me desviado de novas construções. Ficou lá um barco e uma torre medieval inteiramente fruto da minha imaginação. Espero que de futuro se possam organizar mais exposições e alargar a quantidade e qualidade das criações Lego para mostra, este foi sem dúvida um bom princípio. Mas mesmo com pouco tempo, foi a perseverança do Alex e do António, e apoio da Orlanda, que permitiu que tudo se tivesse montado e  que o resultado final fosse bem simpático. Aliás, o resultado só pode ter sido bom, pois até foi dado bastante destaque ao evento, até pelo próprio semanário Região de Leiria que fez uma excelente reportagem acompanhada de vídeo e entrevista ao Alex - o principal autor da exposição Lego. Ficou o exemplo de cidadania e voluntariado destes construtores Lego de Leiria, o primeiro que queria dar e referir neste texto.
Vista panorâmica do tema cidade na exposição 2011 do Banco de Portugal
Outro caso é o o "Leiria Iluminada", como de uma necessidade se fará e concretizará uma ato de voluntariado que seguramente fará história na cidade e no seu centro histórico. Como não haviam verbas para grandes iluminações para o Natal de 2011, devido novamente à dificuldade financeira que passa a CML, alguns cidadão e utentes do centro histórico de Leiria tiverem a excelente ideia de eles próprios, recorrendo a copos e velas, iluminar a noite de 23 de Dezembro. O resultado só poderá ser bom! Seguramente que o efeito visual será muito particular, mas mais importante será a união  e mobilização dos leirienses - num ato de pura cidadania ativa -por uma causa e objetivo coletivo da sua própria cidade. Imagine-se o que mais poderá ser conseguido de futuro com o aproveitar destas sinergias!
Para mal dos meus pecados - que devem ser muitos, pois enquanto ateu devo até ser culpado dos mais simples - tive uma grande entrose ontem... Hoje estou de muletas e com o pé ao alto, inchado com quase o dobro do volume que normalmente tem. Ontem, no meu habitual dia a que me dedico à prática do mau futebol - aquele que sou capaz de praticar - fiz a proeza de marcar um golo de belo efeito - mesmo ao canto depois de uma finta - enquanto torcia o pé direito sobre o meu próprio peso. Por isso, essa mini fatalidade, não poderei sair nesta noite em que Leiria se ilumina especialmente. Só me resta imaginar como será e esperar por ver as fotografias!
Copos e velas depositados nos pontos de recolha para o "Ilumina Leiria"
Acho que vou recordar este pré-Natal de 2011. Só espero que as luzes desta nova Leiria não brilhem só hoje. De futuro gostaria de poder contemplar a sua cívica luz,  o seu exemplo de claridade a seguir!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Intervenção na Assembleia Municipal de Leiria sobre conflitos de tráfego rodoviário

Para a cidade de Leiria já muitos foram os estudos viários, de tráfego e transportes elaborados. Muitos deles – se não mesmo todos – referem casos preocupantes ao nível da mobilidade, défices e incapacidade para escoar tráfego, pelos vários modos de transporte, em várias zonas da cidade. Para além de barreiras à mobilidade, é a própria segurança de peões e veículos que está em causa. As razões para isso são várias e a origem é tanto de hoje como do passado.
A malha viária urbana da cidade sofre, ainda, de algumas incoerências, ao nível: da hierarquia viária, das ligações, das políticas de estacionamento e até do controlo policial. Por outras palavras: as principais vias arteriais – aquelas que têm como função, acima de tudo, escoar tráfego de passagem - nem sempre formam uma rede conexa, o que diminui a capacidade de escoamento de tráfego; nem sempre as vias de acesso local – aquelas que têm como principal função a acessibilidade e não a velocidade e quantidade de tráfego que canalizam – nem sempre têm as infraestruturas adequadas construídas, e nem sempre estão organizadas e sinalizadas para o efeito, criando barreiras que geram congestionamentos, estacionamento intrusivo que leva à invasão de passeios, e outras zonas pedonais, que colocam a segurança de peões em risco; ainda de salientar também a existência de zonas heterogéneas sem política coerente de estacionamento, que criam bolsas de estacionamento gratuito rodeadas de outras pagas, formando-se assim acréscimos de tráfego e congestionamentos em busca de estacionamento gratuito. 
De notar os veículos estacionados em 2ª fila na Rua da Restauração
Um exemplo de tudo isso, um entre tantos outros, é o da Rua da restauração – uma das vias transversais à Avenida Marquês de Pombal – onde o estacionamento é gratuito, e que serve de escape aos veículos que evitam o parqueamento pago da avenida adjacente. Com essa pressão de procura, e porque falta ainda a reabilitação de muitas ruas semelhante a essa, é corrente existirem veículos estacionados em 2ª e 3ª fila, entupindo o escoamento da grande quantidade de tráfego que flui pela zona, aprisionando os veículos devidamente estacionados e colocando em risco a segurança de peões; de salientar que nessa zona, por haver várias escolas nas proximidades, há todos os dias crianças em risco. Assim, sugiro que, este e todos os casos semelhantes, possam ser intervencionados o mais rapidamente possível, sendo que muitas vezes, à falta de civismo ao volante, falta também controlo policial preventivo. Provavelmente, se nessas zonas o estacionamento fosse pago, a presença da polícia e da multa seria mais notória. A opção de cobrar estacionamento em ruas deste tipo, onde importa assegurar elevados níveis de serviço de tráfego e acessibilidade, seria uma opção defensável e apropriada, podendo ser disponibilizado sempre o devido estacionamento gratuito para moradores, mediante comprovativo.
Estes problemas de tráfego, e muitos outros, como temos constatado têm estado na mira do Município, pois, pela concretização de várias obras recentes, já muitas ruas foram intervencionadas, garantindo o ordenamento do tráfego e do estacionamento, evitando os conflitos modais – conflito entre automóveis e peões. Casos disso são, a título de exemplo, entre muitas outras, a Rua Tenente Valadim e a Avenida Ernesto Korrodi. Esperamos que de futuro mais ruas e avenidas possam ser intervencionadas, tentando diminuir também os efeitos das próprias obras. Esperamos que se possam promover mais os modos suaves – o andar a pé, de bicicleta e outros -, reduzir os efeitos nefastos do excesso de veículos nos centros urbanos e, sendo ainda mais esperançosos, almejar o reforço do transporte público, cómodo e de reduzidos impactes ambientais.
Aproveito para questionar a Câmara Municipal sobre o decorrer dos trabalhos de reabilitação viária da Avenida Marquês de Pombal
Uma vez que faço uma intervenção sobre transportes e rodovias, não posso ignorar as recentes obras e intervenções que tem sofrido o IC2 e respetivas ligações. Mesmo sabendo da complexidade dos trabalhos em causa – especialmente difíceis pois a via em causa continuou sempre em funcionamento, à exceção de pequenos períodos de tempo – há que exigir mais e melhor sinalização e preocupação para com os utentes do IC2. São vários os casos de automobilistas que se têm enganado nos nós rodoviários improvisados e novas ligações definitivas. Por isso, fica também o meu apelo a que as Estradas de Portugal, enquanto Dono de Obra, exija e garanta mais e melhor sinalização nos nós rodoviários associados ao alargamento e ligações do IC2.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma conversa sobre cidadania, política e redes sociais na Escola Dr. Correia Mateus

Dia 15 de Dezembro foi um dia de mais uma nova experiência, desta vez numa escola básica do 2º e 3º Ciclo. Já não é a primeira vez que participo numa conferência, debate ou tertúlia como orador, mas desta vez o público era muito mais jovem. Foi a primeira que vez que tive a oportunidade de falar e partilhar alguns supostos saberes e experiências com jovens estudantes, maioritariamente do 8ºano, com idades que devem andar compreendidas entre os 13 e os 15. Quando recebi o convite pela professora Fátima Fortunato fiquei  simultâneo preocupado e motivado. Fiquei um pouco desconfortável pois não era o meu ambiente normal, mas, por outro lado, fiquei cheio de vontade de participar pois seria uma nova experiência ainda mais interessante pelo tema a abordar e tratar.

O objetivo era falar e partilhar experiências sobre cidadania, participação cívica e política, a propósito do Projeto Parlamento Jovem e do tema deste ano: A descriminação nas redes sociais. Com este tema as possibilidades eram imensas, ainda que condicionadas pela necessidade de adaptar a linguagem ao público – um tipo de público com o qual estava longe de estar à-vontade.
O evento, intitulado de “Uma conversa sobre cidadania, política e redes sociais” começou com as boas vindas dadas pelo professor António Oliveira - o atual Diretor do Agrupamento de Escola Dr. Correia Mateus - tendo depois sido a professora Fátima Fortunato a fazer a minha apresentação.
Tendo sido apresentado comecei a “orar” – um termo curioso para um ateu. Comecei um pouco atrapalhado mas depois entrei no ambiente, que era bem agradável, pois deu-se na biblioteca da escola, com os alunos sentados numa espécie de hemiciclo construído com uma disposição propositada das cadeiras para o efeito. Comecei então por sugerir algumas dicas para participar num debate: ouvir enquanto alguém fala, tirando notas para depois, quando surgir a oportunidade do próprio intervir, ter o fundamento e registo para refutar, apoiar ou lançar novas ideias no debate. De seguida explorei o conceito e importância da cidadania: uma relação de direitos e deveres em que uns não existem uns sem os outros, e que uma sociedade com mais cidadania ativa é sempre uma melhor sociedade. Da cidadania passei à política, lembrando a ideia de Platão, de que “se não participarmos na vida política corremos o risco de ser governados pelos nossos inferiores”, servindo esta citação para reforçar que todos devemos estar disponíveis para fazer o nosso papel político como ato de cidadania, e quando nós próprios não nos sentimos preparados para desafios maiores devemos fazer de tudo o possível para escolher quem melhor nos representará politicamente. Nesta altura, o Sr. Diretor aproveitou para fazer uma referência que enquadrou estes princípios na realidade de turma dos estudantes do grau de ensino em causa. Referiu que nas eleições dos delegados de turma todos se devem disponibilizar, e que depois devem escolher conscientemente os melhores, não por relações amizade ou outras semelhantes, mas pelo mérito e capacidades de cada um. Terminada esta importante e relevante referência, salientei e tentei que os estudantes percebessem que: a partir do momento que vivem em sociedade, que conseguem comunicar, fazem, mesmo sem saber, política. Até usei o exemplo da origem da palavra Idiota para os fazer “acordar” – literalmente -, que significava na altura da democracia ateniense “homem privado”, ou seja aquele que não tinha interesse e vontade em participar na vida pública da sua sociedade.
A próxima etapa consistiu em falar da Democracia como forma de governo, referindo que apesar de, por vezes, falhar é a melhor forma de governo que conhecemos, e que é nosso dever enquanto cidadãos torna-la participativa de modo à sua melhoria contínua. Por fim cheguei ao tema das redes sociais, para dizer que são uma possibilidade imensa e revolucionária de comunicarmos, algo que nunca se viu no passado, mas que apesar disso existem perigos. Foram as redes sociais que permitiram fazer a “Primavera Árabe”, e razão pela qual em países não democráticos a sua utilização é restrita. No meu caso pessoal, referi como exemplo pessoal o “Movimento ANTI-Corrupção”, movimento informal que criei e que só pode acontecer e desenvolver-se devido às redes sociais; sem elas nunca teria conseguido passar a mensagem a dezenas de milhares de pessoas e ouvir os seus contributos para a construção do movimento, participado no Ignite Portugal, ter sido entrevistado e escrito textos de opinião para alguns meios de comunicação nacionais e locais (DN, Público, Região de Leiria), sido coautor de um livro (ver excerto aqui), e o blogue do movimento ter sido nomeado para o concurso internacional de blogues na Alemanha The BOBs – sendo o único representante português. Apesar de tudo isso – aspetos positivos das redes sociais e da WEB2.0 -, tinha de referir os aspetos negativos das redes sociais. Fi-lo aproveitando para sugerir algumas soluções: o modo como pode servir para maltratar a linguagem escrita, caso resolvido com a utilização de corretores ortográficos; a falta de privacidade, devidamente resolvida com consciência e correta utilização de filtros; o perigo do isolamento social, que se dissipa se as redes sociais servirem para organizar eventos e reuniões de amigos presencialmente. Aqui, pegando no exemplo dos SMS, dei o meu exemplo pessoal, de com ao utilização do dicionário de escrita automática me permitiu melhorar o modo como escrevia depois em papel. Assim, as redes sociais, apesar de perigos, quando bem utilizadas têm um potencial imenso. Por isso não há que ter medo da tecnologia. Para ilustrar isso relembrei o filósofo Sócrates, e do seu medo para com a escrita, temendo que ela tornasse as pessoas esquecidas. O resultado de não se ter ouvido os medos face à tecnologia que é a escrita, por parte do célebre filósofo ( e até escrever o que ele próprio dizia oralmente), permitiu acumular durante mais de 2000 anos muito do conhecimento humano atual – imagine-se o que seria que ninguém tivesse escrito o que acontecia e o que descobria. O medo das redes sociais pode ser, em parte, semelhante ao medo infundado de Sócrates. Com este exemplo, os estudantes ficaram a princípio espantados com este exemplo, tendo depois ficado a biblioteca em alvoroço – acho que com esta história acordaram! Estava assim concluída a primeira parte. De seguida vinha o debate.
Os alunos, a princípio, como é habitual nestas coisas, não demonstraram vontade de colocar dúvidas, questões ou intervirem. Mas claro, lá estávamos nós [eu e a professora Fátima] para “puxar” por eles. Perguntei-lhes se, depois desta sessão, achavam que a política era aquela coisa chata, aborrecida e que não tinham interesse? Responderam logo que não!, que o problema muitas vezes é dos próprios políticos e não da política. Perguntei-lhes também o que deveriam fazer, por exemplo, se tivessem um buraco na rua deles. Responderam que se iriam queixar. Completei-lhes a resposta, dizendo-lhes que deveriam ir à junta de freguesia, e para o caso de a junta não ter fundos para isso poderiam dar um exemplo de cidadania ativa: adquirirem, por todos os moradores, os materiais necessários e trabalharem em voluntariado conjunto para melhorar a sua rua. Ocorreu também outro caso curioso. Assim que algum dos jovens falava, caso tivesse alguma atrapalhação, logo todos os outros tentavam troçar e brincar com o sucedido. Este exemplo fez-me fazer mais uma pequena intervenção, onde referi que é preciso ter coragem para falar em público, partilhar o que sabemos e não sabemos, que só assim podemos aprender e melhorar, que ficar calado com receio das nossas ignorâncias de nada serve ou contribui; dei os parabéns e reforcei a coragem de todos e todas os que falaram.
Tentei rematar o debate com mais duas citações para que os jovens do hemiciclo improvisado pudessem refletir: “Todos o Homem é culpado pelo bem que não faz” – Voltaire; e, “se tiver 8 horas para cortar uma árvore, prefiro passar 6 delas a afiar o machado” – Abraham Lincoln.

Em jeito de resumo: cidadania e partilhar e receber. Nesse dia entre os jovens da Escola Dr. Correia Mateus senti que recebi muito!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Lições do dia dos 3s

O último dos dias do mês de Novembro foi um dia em que o número três assumiu e influenciou a redundância de uma via - a minha. O mês, que acabava com 10 vezes 3 dias, tinha-me deixado a 3 votos de uma vitória política e a 3 do 20 de nota na tese de mestrado.
Ainda que o 3 se tenha manifestado de um modo curioso, ainda que alguns mais supersticiosos possam ter outras leituras - eu por principio, e porque dá azar, não sou supersticioso -, vou tentar tirar três lições desse triásico dia:  
  • a perfeição é inalcançável;  
  • nem sempre uma vitória é uma derrota e vice-versa; 
  • em conjunto aprende-se muito (e ganha-se) mais.  

Ah, uma quarta lição: a vida pode dar-nos muito mais do que três lições num só dia.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A ascensão da Popota e o fim do subsidio de Natal

Quase todos os dias um pouco por todo o lado, assim que surge a oportunidade para uma conversa informal, daquelas e café, vem à baila a Popota. Ainda bem que assim é, pois o assunto parece ser inofensivo e ajuda a desviar a atenção do filão de ouro que alimenta os nossos noticiários - a crise!!! Nessas conversas todos dizem: "a Popota está com uma (ou numa) forma!!!" 
Parece que a estratégia de marketing do grupo Sonae funcionou, pois como dizia Oscar Wild "falar bem ou mal pouco importa, interessa é que falem". Então e a questão dos subsídios, aquela que pode ter despertado o interesse para estas palavras? Respondo a isso com outra coisa que me saltou logo à vista nestas novas versões 2011 dos anúncios de Natal com a estrela que já é a Popota. Se analisarmos as imagens e os sons, o facto de ser uma campanha de Natal é pouco evidente. Não existe qualquer nostalgia natalícia, ambiente, roupas, adereços ou afins que tragam a memória do Natal!
Será que já começou o processo de habituação para os cortes do subsídio de Natal? Bem, se nos levarem a esquecer esta quadra pode ser que não sintamos a falta dos subsídios! Pois interessa é diversão, mesmo sem tradição ou um tostão! Será que o Governo está por de trás disto? Só falta dizerem que o Pai Natal foi despedido pela Coca-Cola...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Experiências académicas: procurar as alegrias vividas no IPL agora na UA

No passado dia 30 de Novembro, apesar de hoje o meu médico me dizer que estava pesado, senti um alívio e sair de peso de cima imenso: o mestrado estava concluído. Com a conclusão dessa etapa terminou um longo período de estudos no Instituto Politécnico de Leiria (IPL), ao todo 8 anos a estudar nessa instituição. Longe vai o tempo do Bacharelato em Engenharia Informática, depois o Bacharelato e Licenciatura em Engenharia Civil que agora culminaram no Mestrado em Energia e Ambiente. Depois de 8 anos no IPL e mais um de pós graduação em Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho, chega de estudar na dita área tecnológica. 
Anseio agora pelas letras e pela muito desejada aventura académica pela História. Felizmente, para mim e para muitos outros, existe uma universidade que nos permite estudar à distância sem que isso afecte a nossa vida profissional. A minha alegria foi imensa quando descobri que podia fazer os meus estudo em História na Universidade Aberta (UA), sem ter de perder tempo de trabalho e sem fazer deslocações. Melhor ainda, é possível fazer cadeiras ao nosso ritmo e segundo a nossa disponibilidade do dia-a-dia. Faço esta publicidade gratuita por ter a certeza que mais pessoas gostariam de ter também realizações pessoais académicas e desconhecem esta possibilidade.
 Agora, para mim IPL será mesmo somente o local de trabalho, mas digo somente sem qualquer menosprezo pois infelizmente hoje ter um emprego é quase um privilégio... As saudades só não ficam da instituição, onde tanta alegrias académicas tive, porque todos os dias ter o privilégio de a ver e sentir. Posso pelo menos tentar que outros possam ter as mesmas frutíferas experiências.

Digam-me lá que não acabei de comprovar o nome deste blogue com esta minha verdadeira e pessoal redundância?!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Recordar e registar um derrota onde venceram os valores

Não posso deixar de guardar a memória do dia das últimas eleições da JS da concelhia de Leiria. Não posso deixar de citar e relembrar algumas palavras escritas e transmitidas. Não posso deixar de agradecer novamente a todos os que fizeram parte desta verdadeira equipa de mérito que foi a candidatura "A União das Ideias"!
"No dia depois das eleições, a equipa do projeto “A União das Ideias” não podia estar de consciência mais tranquila pelo trabalho feito em prol do socialismo democrático e dos jovens do concelho de Leiria. O nosso projeto era sem dúvida composto por uma equipa com provas dadas – militantes ativos dentro e fora do partido, jovens cidadãos e cidadãs com C grande. Para além da qualidade dos membros que compunham as nossas listas candidatas, eram as nossas próprias ideias, os projetos concretos que defendíamos e nos propúnhamos a concretizar, que nos distinguiam!
Apesar de tudo, perdemos. Mesmo que na nossa lista constassem cerca de 90% dos e das militantes ativos/as da concelhia de Leiria, perdemos. As razões da derrota, ainda que por uma magra margem de 3 votos, estão longe de se relacionar com a qualidade do nosso projeto, elas prendem-se com alguns hábitos e estratégias que tentámos evitar a todo o custo nesta campanha. Preferimos a transparência e o reforço do papel da militância ativa participativa, direcionada para projetos coletivos de defesa do bem comum. Provamos que se pode fazer uma candidatura coerente e ética! Contribuímos com um bom exemplo de militância!
Apesar da derrota estamos de parabéns! Fomos coerentes, defendemos com todas as nossas forças, respeitando a ética republicada e o próprio socialismo democrático, um projeto inovador e uma nova maneira de estar em política!
O futuro está em constante transformação. Por vezes uma derrota ou contratempo transforma-se numa oportunidade. A situação que vivemos no país obriga-nos a continuar a lutar! Desistir está fora de questão!
Muito obrigado a todos e todas os/as que nos apoiaram. Mesmo na derrota, ainda que resultando numa vitória moral e da própria ética, não abandonaremos os jovens socialistas de Leiria. Novos projetos e ideias já se começam a esboçar!"
Related Posts with Thumbnails

Redundâncias da Actualidade - criado em Novembro de 2009 por Micael Sousa





TOP WOOK - EBOOKS

Novidades WOOK - Ciências

TOP WOOK - Economia, Contabilidade e Gestão

Novidades WOOK - Engenharia

Novidades WOOK - Guias e Roteiros