quarta-feira, 27 de julho de 2011

As novas Novas Oportunidades

Vai se provando que as ideologias não morreram, muito pelo contrário – e ainda bem. O que lamento é serem encapuçadas e não admitidas quando utilizadas para atacar determinadas coisas. Falo do programa Novas Oportunidades (NO), como exemplo mais actual disso.

Mas vamos à coisa em si. Primeiro há que identificar exactamente o que é o programa Novas Oportunidades. O acrónimo RVCC , que é apenas uma das modalidades das NO,  significa Reconhecimento e Validação de Certificação de Competências, ou seja, foi algo criado especificamente para um público-alvo bem definido, com experiência de vida cumulativa capaz de ser equiparada aos saberes garantidos por determinados níveis do ensino formal. Obviamente o RVCC não é para todos, apesar de muitos portugueses se adequarem a esta validação. Mas para quem não tem por si só as tais competências, ou mesmo tendo pretende aprender mais, existem as restantes metodologias e opções formativas tais como: EFA, CEF, RVCC profissional, CET, e muitas mais.
Agora a perspectiva ideológica do programa NO. Estas oportunidades são um modo de fazer justiça face ao passado, construindo o futuro. Somente os meios mais elitistas e privilegiados, que pretendem ignorar a História, podem negar que até ao final da década de 70 o prosseguimento de estudos, directa ou indirectamente, era vedado à maioria. Quem pode dizer àqueles que no passado foram forçados apenas à 4ª classe ou 6ªano que hoje não podem, nem merecem, ter Novas Oportunidades? Trata-se, no mínimo, de uma questão de Justiça, e, ideologicamente falando, de um modo de garantir hoje a igualdade de oportunidades que nunca aconteceu no passo. É a igualdade de oportunidades que promove a evolução e desenvolvimento social, com benefícios para os indivíduos e sociedade em geral. Só o negarão as perspectivas mais conservadoras que temem a perda de estatuto social, pois o saber e o acesso à informação privilegia quem os detém.
Mas claro, o programa das NO não é perfeito, e mesmo sendo uma boa medida – conceptualmente – tem falhas. Pois, nem sempre, pela pressão de metas e objectivos, se consegue exigir tanto quanto serial ideal, mas também porque por vezes faltam os meios materiais e humanos para tais exigências. No entanto, mesmo com todas estas lacunas, ninguém, depois de passar por um processo destes, fica igual. As mudanças e evoluções são evidentes. Temos de pensar na valorização e reforço da pessoa que tem a sua nova oportunidade, de como fica esperta para o uso das TIC, de como a partir dai valorizará a importância do saber e da formação, e de como poderá apoiar e acompanhar e incentivar ainda melhor a educação e formação dos seus filhos! No fundo é a própria cidadania que se enriquece também! Só por isso vale a pena! Vale a pena continuar a melhorar o programa!
Chegou a altura de dar Novas Oportunidades àqueles que, desperdiçando a primeira, formaram juízos de valor, e com isso preconceitos infundados, sem saber ou compreenderem a complexidade destes e outros casos!


Não precisará a empatia social de uma Nova Oportunidade?

(Texto publicado parcialmente no Região de Leiria em 3 de Junho de 2011)

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