sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sim as Greves, mas contra quem?

Lembrando a greve de dia 6 de Maio, funcionários públicos, e todos os trabalhadores em geral, têm mais que razões para fazerem greves. Só quem não começa a sentir os efeitos das dificuldades na pele é que não compreende isso! Mas, a fazer greve, - se é que o acto de fazer greve obriga a ter um alvo contra - contra quem se deve fazer? Contra o país e a nacionalidade? Contra o governo que até já nem está em funções? Contra a oposição? Contra a cidadania ou falta dela?

Que dizer dos populismos mais populares – não que o povo tenha que ser popular no sentido pejorativo - tais como: “Prendam todos esses bandidos que nos levaram a esta situação”. Então e se levássemos isto à letra sem ter um “espelho” pela frente? Será que não acabaríamos todos presos, todos os portugueses? Não temos todos – uns mais que outros -, pela nossa acção ou inacção, uma certa dose de responsabilidade pela actual situação? Mas não estaremos já presos a hábitos de consumo insustentáveis e difíceis de desabituar?
Já que falo em consumo, falo também em capitalismo, enquanto acepção relacionada. Volto também aos motivos para fazer greves. Qual deverá ser a posição do cidadão comum face ao desaprovar de um PEC – que já era penoso – somente para serem agora aplicadas medidas ainda mais restritivas? Há que reflectir agora um pouco sobre os responsáveis deste caso específico. Que partidos e facções políticas de direita, assumidamente ou tendencialmente mais defensores de políticas económicas liberais, de estado mínimo e do fim do Estado Social, tenham chumbado o tal 4 º PEC até se percebe. Podemos concordar ou não, mas percebe-se a sua posição, pois é minimamente coerente. Mas no caso dos partidos que se dizem seguir mais pela esquerda - os defensores de um estado forte e interventivo - torna-se difícil de perceber como permitiram e compactuaram com o espectro ideológico oposto, com a direita. O resultado foi evidente, o Estado fica ainda mais fragilizado e impedido de ter, na sua plenitude, o papel de garante da equidade social. São estas faltas de coerência que tornam, nos dias que correm, difícil defender a importância das ideologias.

Novamente a Greve. Contra quem então a faremos? Contra um governo que já não existe e que, apesar de poder ter cometido erros inegáveis – ou não fosse um governo de pessoas -, tentou claramente evitar tudo o que de mau virá após a acção obrigacional da Troika?

Bem, penso que só nos resta inovar: fazer greves futuras aos actos infrutíferos e que pouco ou nada acrescentam ou produzem.

Vamos lá fazer greves como oposição contra algumas contradições, trabalhando por algo diferente!

(texto publicado no Diário de Leiria em 15 de Maio de 2011)

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