sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Presidente da República - o árbitro da politica nacional

Se um árbitro é de fraca qualidade, seja em que desporto for, uma partida pode ficar logo condicionada. Independentemente da prática desportiva, não é o árbitro que marca golos, faz ensaios ou que concretiza os objectivos desportivos em causa, mas pode ser o árbitro a impedir que isso aconteça ou a dificultar esse tipo de concretizações. Mesmo o mais competente dos árbitros, dependendo da interpretação pessoal que tiver das "regras do jogo", pode tornar uma prática desportiva, independentemente da qualidade dos desportistas,  num péssimo espectáculo e levar à irritação o mais calmo dos adeptos. Não são os árbitros que jogam mas são eles que podem, através do seu ajuizamento, influenciar a qualidade do desporto enquanto prática.
Política não é o mesmo que desporto, mas se simplificarmos funções e lhes atribuirmos a mesma importância, no fundo, um Presidente da República é o árbitro supremo da política nacional, pois tem como funções ajuizar sobre os políticos e as políticas. Para que o nosso sistema semi-presidencialista funcione bem e produza frutos (positivos) - o bem-estar colectivo por exemplo - o governo tem de governar e o presidente moderar e ajuizar. Tal como os árbitros se regem pelas regras das várias modalidade desportiva  para justificarem as suas decisões em campo, os presidentes da república têm de respeitar e se reger pela Constituição da República Portuguesa - lei fundamental da nossa democracia. Um Presidente da República em Portugal não deve querer governar, tal como no desporto não é função do árbitro jogar ou marcar golos. Um Presidente deve moderar e arbitrar, segundo as prescrições constitucionais e a sua interpretação delas. Tem de criar todas as condições para que os governos efectivamente desempenhem a sua função que é  governar. Tem também que promover a conciliação e cooperação com os governos, sem os atrapalhar e/ou condicionar.
Não tenhamos dúvidas, não estamos a votar num segundo Governo nem num segundo Primeiro-Ministro, estamos a votar num árbitro que, como todos os seus congéneres, deve ser isento. No entanto a sua prestação será sempre dependente da interpretação que fizer da Constituição, daí a importância de se atender aos valores e características pessoais dos candidatos na hora da escolha. Mas o Presidente da República, enquanto Juiz da nossa politica, não pode ser apenas passivo. Nos momentos de crise  tem de ser capaz de "colocar em ordem" a dita politica e os actores políticos, em nome do supremo interesse nacional!

Por isso, no próximo dia 23 devemos ir votar porque precisamos do nosso árbitro! Precisamos que cada cidadão faça a sua escolha e se reveja nos valores da personalidade em que vai votar, pois no fundo é a isso que se resumem estas eleições: uma questão de valores, dos valores em que acreditamos e que queremos ver patentes no nosso árbitro.

(Texto publicado no Diário de Leiria em 19 de Janeiro de 2011)

1 comentário:

  1. Os valores estão à vista de todos, com sentimentalismos voltados para o "mar". Sabemos que o estado mete água por todos os lados, e o Presidente da República nos chama a atenção para o mar. Terá tudo a ver? Esta forma de arbitrar é insuficiente.
    Arbitrar um bom jogo de futebol e "arbitrar" a nação, são duas formas que se podem comparar, os dois têm um papel fundamental para o respeito, para a democracia, e principalmente estarem na liderança, sem entrar em "campo".

    Lumena Oliveira

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