domingo, 17 de outubro de 2010

Mineiros no Chile – o poder (útil) dos Media

Sabemos que os Media detêm actualmente um imenso poder, ou não vivêssemos na "Era da informação". Poder esse que, quando é imparcial e objectivo, é um dos bens mais preciosos que se desenvolve e emana das sociedades democráticas.
O recente caso dos Mineiros Chilenos, com todos os infortúnios do acidente e vicissitudes dramáticas que dai advieram, é mais um exemplo do poder que pode ter o mediatismo da informação e como isso pode fazer “mover montanhas” – neste caso “escavar túneis”. De todos os acidentes, desgraças e calamidades infelizmente só aquelas mais divulgadas obtém resposta no momento. Claro que é compreensível que assim seja, pois só se pode actuar perante eventos que desconhecem. Ou seja, no meio do azar e das privações a que foram sujeitos os mineiros chilenos – dificuldades que só eles podem saber - até tiveram alguma sorte, pois a peculiaridade e singularidade do seu infortúnio fez com que o caso se mediatizasse a nível global e assim todos os meios possíveis e imaginários fossem mobilizados para os salvar da sua prisão subterrânea. Aqui a acção dos Media foram preponderantes e, através de um misto de solidariedade e pressão da opinião pública, todos os meios – os existentes e alguns ainda por inventar especialmente para o efeito – se concretizaram sem olhar a custos.
 No entanto, fazendo de "advogado do diabo", que aconteceria a estes mineiros se os Media não tivessem mediatizado o acidente? O que acontece a todas os acidentes, infortúnios e calamidades que ocorrem por todo o mundo onde nem sequer existem estatísticas fidedignas para contabilizar as vítimas? Com que moral se ignora ou recusa ajuda a outra pessoas que sofre por esse mundo fora quando para isso seriam necessários parcos meios?
Todas as atenções estão agora voltadas para o Chile. Povos e nações atendem a esta causa, tal como atenderam a muitas outras que ocorreram longe das suas fronteiras, em outras partes do mundo onde as suas percepções do dia-a-dia dificilmente chegam. Este exemplo demonstra como o acto de informar pode mobilizar a humanidade dos nossos seres para as grandes causas globais. Mas como o mundo é vasto e as nossas forças e capacidade de atenção limitadas temos de ser pragmáticos. Não podemos resolver todos os problemas do mundo, mas pelo menos podemos tentar resolver alguns. Para isso, na nossa aldeia global: contamos com os Media para que nos informem das mais importantes e urgentes calamidades; e que Estados, Organizações e Associações para, através do nosso contributo, possam suavizar e solucionar o melhor que for possível essas eventualidades – uma questão também de deveres e direitos – sem esquecer que essas mesmas instituições têm também o dever de informar objectivamente.

(texto publicado em 15 de Outubro de 2010 no Diário de Leiria

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